27 - Conversar Difícil

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Sábado, 15 de Agosto

Maya

Nunca pensei que ficaria chateada com o Joca como estou, eu e o Bruno queríamos conversar com nossos pais e dizer que estávamos casados e que seríamos pais, numa conversa só nos seis e não numa festa com um monte de gente. Estou muito chateada mesmo. E agora estou com ainda mais medo do que vai acontecer, conheço meus pais, tenho certeza que eles estão mais chateados por eu não ter contado para eles antes do que eu está grávida aos 21 anos. Tio Santana e tia Cat se se despediram de todos os convidados enquanto nos íamos para o sofá, as mulheres ficaram sentadas e os homens em pé espalhados pela sala.
- Bom, quem vai começar? – Pergunta tio Santana vim para a sala. Nos olhamos e eu decidir começar.
- O que o Joca disse é verdade. – Digo e abaixo a cabeça. – A gente realmente se casou em Las Vegas e realmente eu e a Mel estamos grávidas.
- Mas não fizemos isso de propósito, juramos por tudo. – Diz Mel com voz chorosa.
- Deixa adivinhar, as duas escorregaram e caíram nuas em cima dos meninos foi? – Pergunta tio Santana em deboche.
- Pai, deixa a gente contar tudo por favor. – Pede Mel quase num sussurro.
- Santana, deixa eles falaram, depois vemos o que fazermos. – Diz tia Cat.
- Tudo bem. Podem começar.
- No dia do aniversário da Maya, decidimos ir à balada como já combinado, então nós nos arrumamos cedo e pedimos uma champanhe pra brindamos e bebemos, e de lá até o dia seguinte é como se tivessem apagado as memórias. No começo achávamos que tinham drogado a nossa champanhe ou as bebidas da balada, mas agora temos certeza que só foi o porre que tomamos mesmo. – Diz Sal.
- No dia seguinte quando acordamos, eu acordei nua ao lado do Bruno e a Mel, ao lado do Sal, e quando formos investigar o que aconteceu, vimos alianças nos nossos dedos, duas certidões de casamento em cima da mesa do quarto onde eu e a Mel dormíamos e duas fotos nossa com o Elvis Presley e quando formos na capela, uma moça que trabalha lá nos deu dois álbuns com fotos nossas no nosso casamento. – Digo tentando controlar o choro.
- Deixa eu ver se entendi, vocês se casaram e não lembram de como isso aconteceu? – Pergunta tio Carlos.
- Sim. – Diz Bruno.
- Isso parece história pra boi dormir. – Diz tio Carlos um pouco irritado.
- E onde estão as coisas do casamento? – Pergunta mamãe pela primeira vez desde o início da conversa.
- Estão na minha casa. – Diz Sal. – Decidimos esconde lá pra que ninguém descobrisse antes de passar os seis meses, pois somente depois desse tempo pode se anular o casamento.
- E vocês não ia nos contar nadinha dessa história em? – Pergunta tio Vicente.
- Nós íamos contar agora sábado, já tínhamos conversado sobre isso. – Eu digo.
- E você estão grávidas de quanto tempo? – Pergunta Liz.
- Três meses. Descobrimos no dia seguinte do nascimento da Clara. – Digo.
- Vocês já sabem a quase dois meses e não nos disseram nada? – Pergunta tio Santana com raiva.
- Sim. Desculpa família, nos estávamos com medo do que vocês iam falar. Erramos muito em esconder isso, mas acreditam na gente, não fizemos por mal. – Digo chorando.

Gravidez deixa a mulher muito frágil mesmo.

- Heitor, pega uma água pras meninas. Elas estão grávidas, não podem ficar muito abaladas. – Pede Liz calmamente.
- Deixa que eu pego. – Diz Rafa com a voz triste.
- E como vai ser a partir de agora? – Pergunta o papai.
- Bom, nós vamos ser avós. Independente do que eles fizeram, duas crianças estão vindo ao mundo. – Diz tia Sol e suspira.
- Eu e o Sal já estamos namorando há um mês mais ou menos, vamos ficar junto. Conversamos e não vamos anular o casamento. Nós nos amamos e queremos ficar juntos e criar esse bebê numa casa tranquila. – Diz Mel e tenho certeza que ela está sorrindo. Há alguns dias ela finalmente contou para o Sal que o amava. Fico feliz pelos meus amigos. Agora fico pensando na minha situação que é um pouco mais complicada.
- E vocês dois? – Pergunta tia Olga. Rafa volta e nos entrega a água. 
- Bom, eu e a Maya conversamos um pouco. Não estamos juntos num relacionamento, como vocês sabem, eu amo ela, nos vamos o bebê criar juntos, mas como amigos, se caso acontecer de ficarmos juntos como um casal, vai ser ótimo, se não, vamos continuar sendo amigos pelo bem da criança. – Diz Bruno e eu suspiro. Mal ele sabe que eu estou me apaixonado por ele.
- Bom, se tá tudo resolvido, não temos muito o que fazer. – Diz papai e eu estranho ele falar isso tão calmo.
- Como assim não tem o que fazer? – Pergunta tio Santana com raiva.
- O que falta fazer? – Pergunta tio Carlos em deboche. – Todos são de maior, trabalham, pagam as suas contas. Eles podem ser nossos filhos, mas não são propriedade nossa. As meninas são casadas e estão grávidas, não se tem mais o que fazer.
- Foi errado eles esconderem isso de nos? Sim foi sim, mas é a vida deles. Se eles fizerem merda, só temos que apoiar ou ajudar, não criticar. – Diz tio Vicente. – Deixa eu refrescar tua memória, Santana, a Mel também é fruto de um erro lembra? Vocês eram comprometidos quando porre transaram e a Cat ficou grávida e os teus pais ao invés de te julgar o que fizeram? – Pergunta e há um silêncio na sala. Vou fazer um resumo rápido para vocês. O tio Santana estava noivo quando se envolveu com a tia Cat, que estava namorando. Os dois brigaram com os seus parceiros, foram para balada curtir, transaram e dois meses depois, ela descobriu está grávida. Já eram solteiros na época, ficaram amigos e depois se apaixonaram. É complicado a história deles, mas muito bonita também.
- Me ajudaram e me apoiaram quando eu disse que assumiria a criança. – Diz tio Santana um pouco mais calmo.
- Pois então. Todos nessa sala já erramos, o ser humano é feito de erros e acertos, isso que faz a gente mudar. – Tio Vicente diz e novamente o silêncio reina na sala. Levanto a cabeça para ver como está a sala e vejo: minha mãe, tia Sol e a tia Olga sentadas, tia Cat em pé consolando tio Santana, papai sentado com a Liz e o Heitor, Helô perto da porta que dá para o jardim com o Rafa e o Joca e o tio Vicente e o tio Carlos apoiados no sofá com a cabeça baixa e essa é a última imagem que eu tenho antes de tudo ficar preto e ouvir só a voz da Liz gritando:
- AJUDEM AS MENINAS!

Minutos depois...

Abro os olhos e a luz me agonia de primeira, então fecho e abro novamente, e então percebo um teto branco, as paredes com lajotas decoradas e uma dona Regina e um seu Arthur sentados num sofá creme enquanto olham o celular da mamãe.
- Mãe? Pai? – Os chamo e eles me olha.
- Oi filha. Tá sentindo alguma coisa? – Diz minha mãe se levantando.
- Eu vou chamar o médico. – Diz papai saindo do quarto.
- Não. Onde eu tô e como vim parar aqui?
- Você tá no hospital. Trouxemos você e a Mel porque as duas desmaiaram durante a nossa conversa.
- Eu lembro da Liz gritando “ajudem as meninas” e até que faz sentindo agora a frase no plural. – No momento que eu fecho a boca, o médico entra, ele não é tão jovem e nem tão velho, deve ter uns 35 anos mais ou menos.
- Boa tarde senhorita Maya. Sou o doutor Henrique, sou obstetra e vou cuidar de vocês.
- Tá tudo bem com meu bebê? – Pergunto preocupada.
- Tá tudo bem com você e com o bebê. Você só teve uma queda de pressão devido a um estresse que você teve pelo que me disseram. Você faz o pré-natal já?
- Já sim. Faço em um outro hospital, mas pedir transferência pra cá.
- Bom, então a partir de agora serei o seu médico. Quero conversar com você e o pai do bebê. Vou marcar sua consulta para segunda de manhã pode ser?
- Claro doutor.
- Ok então. Você já tá liberada pra ir. Até segunda.
- Obrigada. Até. – O cumprimento e ele sai do quarto, pouco depois, meu pai entra. – Pai, o senhor tem notícias da Mel?
- Ela tá bem, parece que também foi uma queda de pressão. Vamos? – Pergunta e concordamos com a cabeça. Saímos e encontramos a Mel com os pais dela. Durante todo o caminho para casa, eu e meu pais formos conversando sobre a minha gravidez e sobre a minha relação com o Bruno.
- Agora que tu e o Bruno vão ser pais, vocês poderiam ficar juntos ne? – Diz mamãe sorrindo e eu só falto me engasgar com ar. – O que acha de ter o Bruno como genro, amor?
- Eu ia adorar. – Disse papai sorrindo.
- Mãe, pai, parem vocês dois. – Digo rindo deles.
- Eu mal me tornei avó há dois meses e já vou ser avó de novo. – Disse mamãe com um sorriso enorme.
- Eu também não acredito nisso, mas tenho que admitir que ainda tô muito chateado com você, Maya. – Disse papai me olhando pelo retrovisor no momento em que paramos no sinal vermelho.
- Nunca tivemos segredos um com o outro, principalmente nós duas. Sabemos que você é adulta, mas ainda somos seus pais, filha. Sabe que pode nos contar tudo e eu cuido o do seu pai igual como fiz quando você tinha 17 anos e contou que perdeu a virgindade. – Mamãe disse e nos duas começamos a rir. Vou lembrar para sempre esse dia.

Flashback On

- Mãe? Pai? – Chamo os dois e nos três nos sentamos a mesa do jantar.
- Oi filha, aconteceu alguma coisa? – Papai perguntou preocupado.
- Sim, eu tenho uma coisa pra contar pra vocês, mas não sei como? – Falei com a cabeça baixa.
- Tô ficando assustado, Maya. O que foi? – Papai falou já ficando realmente com medo.
- Calma Arthur. – Disse mamãe segurando a mão dele.
- Eu... Eu... – Respirei fundo e disse: – Eu não sou mais virgem. – Falei e olhei para cima e vi minha mãe sorrindo e meu pai ficar pálido.
- Você o que? – Ele disse e desmaiou, caindo da cadeira logo em seguida.
- PAI!

Flashback Off

- Vocês queriam o que? Foi um baque pra mim saber que minha princesinha já não era mais pura. – Disse papai sério.
- Querido, você desmaiou também quando a Liz contou. – Disse mamãe rindo. Papai as vezes é muito dramático.
- Será que ele vai desmaiar também quando o Rafa disse que não é mais puro? – Perguntei rindo.
- É bem possível. Acho que vou preparar o coração dele pra isso. – Disse mamãe ainda rindo.
- Você adoram judiar de mim. – Disse papai sorrindo.
- Oh meu Deus como é dramático. – Disse a ele e me meti entre os dois bancos e dei um beijo nele.
- E eu não ganho beijo? – Perguntar mamãe fingindo está com ciúme.
- Meu Deus, como o é ciumenta. – Digo e lhe dou um beijo também.
- Agora sim. – Diz e sorri. Resumindo meu final de noite: eu enjoada, mamãe e papai super alegres, o Rafa querendo me matar por não ter dito antes e a Liz me falando sobre como é esta grávida.

Loucura em Las VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora