Epílogo

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   Pensamos que os nossos sonhos são demasiado grandes. Olhamos à nossa volta e a perceção que temos é a de que somos loucos por albergarmos tamanhas ideias.

   Somos repreendidos por demonstrarmos preocupações menos significantes, mas que causam em nós um grande desconforto. Nunca devemos menosprezar o que sentimos quando nos deparamos com um problema, independentemente do julgamento que outros fazem dele. Na sociedade em que vivo somos ensinados a esconder até ao mais ínfimo detalhe o que sentimos, acreditando nós, que é isso que nos torna fortes à visão de outros. No entanto, quando a minha vida se alterou adquiri uma nova percepção.

 Quando deixei de me restringir à visão que a minha objectiva me proporcionava e passei a ver o mundo através do filtro dos meus olhos. Percebi que o que nos torna fortes é possuir a capacidade de aceitar os nossos sentimentos, permitir-nos ser humanos.

Quando era pequena e lia romances, sonhava com o amor, mas duvidada que algum dia fosse capaz de captar o momento que se tornaria na foto com a qual iria decifrar o meu lugar no mundo.

     Poderia eu sentir um amor tão avassalador, que me ajudasse a crescer, nesta sociedade de aparências?

Com pais divorciados, um irmão que aos 30 anos vivia ainda na casa que crescera e que acredita plenamente que o amor não passa de uma ilusão construída, que aos poucos nos destrói de dentro para fora tornando-se assim numa experiência extremamente dolorosa. Sentia no meu interior que estava a fotografar durante a noite sem utilizar o flash.

O amor tornara-se aos poucos o ponto negro da minha vida, havia-me habituado à ideia de viver sem ele, fazia de tudo ao meu alcance para me manter numa zona de conforto e segura para o meu coração. Esta ideia de porto seguro só ajudou a escurecer o ponto que se formava em mim, lentamente fui-me apercebendo que este refúgio que arranjara tinha-me tornado vazia, sem me aperceber ansiava com o amor, não admitia mas a verdade é que ansiava como qualquer outra garotinha inocente e esperançosa, de que um dia encontraria o seu príncipe de armadura reluzente.

Mas a verdade é que esperava que ele aparecesse, esperava um milagre. Esperava encontrá-lo sem verdadeiramente o procurar.

Chamo-me Alma, atualmente posso sem vergonha gritar ao vento que acredito no amor e sou feliz. Não me arrependo de nada que se passou até finalmente me render à nova realidade que o amor nos proporciona.

Esta é a minha história, uma garotinha com 17 anos que acabar de perder tudo, mas apenas destruindo é que é possível adquirir novos pilares e crenças que levaram à criação do novo eu.

Esta história não é propriamente um conto de fadas em que a menina se apaixona pela armadura reluzente. É uma história de uma rapariga que conheceu alguém que a tornou mais forte e segura de si, alguém que marcara sua vida. No final acabam por ser duas pessoas com passados que as leva a fechar-se, mas que ao encontrarem-se abalam as barreiras que ambos criaram. Rapidamente se apercebem que um momento vivido plenamente é preferível a uma vida inteira sem realmente viver.  

Eclipse: Um encontro de almasOnde histórias criam vida. Descubra agora