CAPÍTULO VIII

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Dias Atuais

Kate Moraes

A mão de Alice apertou a minha fortemente e embora eu tenha sentido dor não tive coragem o suficiente para pedir que ela soltasse. Desde que eu fui transferida para outra ala minhas visitas ou visitas da Alice ficaram restritas há uma vez no mês. Após meus direitos serem lidos em voz alta eu perguntei:

_Você vem sempre aqui?

E recebi um tapa na cara. Rude e pesado. É nessa marca que os grandes olhos azuis da Moscovak se perdem e ela abaixa a cabeça, como quem perde a coragem de falar.

Alguma coisa estava errada.

_Sua matrícula ainda está aberta no colégio, foi feita uma reunião para os professores trazerem suas atividades, mas o diretor e a secretária de educação não veem o porquê dar prosseguimento. A sua mãe continua tentando. Ninguém senta na sua carteira na sala. Aliás, eu devo te dar os parabéns; se tornou uma lenda do Versalhes High School.

_Estou nitidamente emocionada. - Agradeci, sarcástica e rimos como duas putas desvairadas.

O que de fato éramos para toda a cidade. Parece que ela leu a frase no meu olhar porque riu com mais vontade. Poderia ser considerado loucura, mas era engraçado tudo estar diferente e as pessoas continuarem mesquinhamente normais.

_Kaíque ainda não consegue pronunciar frases completas, mas ele soletrou Jori ou algo parecido.

_Jorie?

_Isso.

Ainda não contei para ela que Marjorie está viva e suspeito que ela ainda não saiba. Não sei o porquê não contei. Talvez eu ainda não aceite o que verdadeiramente aconteceu e que meu pai me trancou nesse inferno. É impressionante ele não ter me visitado para manter o teatro que era a nossa família. Me pergunto o que ele disse para a mulher que me adotou como mãe.

_Podemos ser sinceras? - Disse, com as mãos para o alto prestes a perder a paciência. - Eu amava o Kaíque antes de você aparecer, queria ficar com ele, apesar dele não ser disso, mas você precisava mais dele do que eu e agora ele está lá, caído quase sem vida num leito de hospital que cheira a álcool e álcool irrita minhas narinas. Então por favor me explica o porquê você foi parar naquela fábrica e porquê precisa estar numa prisão de segurança máxima. - Sua voz ficou embargada na última frase e imaginei que ela já estava ficando desesperada com tudo isso.

Ademais, os insultos dirigidos a mim já deveriam estar pondo em dúvida sua decisão de ser minha amiga. Guardei tudo em segredo achando que estava protegendo-a, o Taylor e principalmente o Kaíque. Era irônico não querer perder mais ninguém e perder quase todos. Ela precisaria se defender e eu devia isso a ela. Devia a verdade.

_Jorie era a Marjorie Pinheiro, a mesma que eu fui acusada de matar aos quinze anos e a mesma que é enfermeira do Ka. Ela é a filha de um dos donos de fachada e minha melhor amiga, só que agora não se lembra de mim. É como se ela não fosse mais ela. Eu estava lá porque achei um código dentro da minha mochila há seis messes atrás, logo depois da festa de despedida. Ele dizia N-a-t-t 22. Depois de um tempo descobri que deveria ler ele de trás para frente e sendo assim, o nome por extenso seria avenida Atlântica 22...

_O endereço da Fred-ônix. - Ela me interrompeu. - E o N?

_Nunca descobri, mas costumávamos assistir Pretty Little Liars na infância e ela dizia que se tivesse que dizer o nome de algum psicopata ou algo parecido, usaria a letra N porque não é uma letra tão usual, e isso a conferia um certo destaque.

_Então N pode ser o nome de alguém.

_Acho que é melhor a gente ver o que pode não ser. Não pode ser o nome de alguém, não pode ser um lugar.

_Mas pode ser um esconderijo. - O olhar de Alice brilhou.

Como As Estrelas Morrem: A Caixa De PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora