Capítulo I

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  Em 1822, na cidade de Coventry, Inglaterra. O inverno chegava ao fim. A família O'Blac — mesmo não possuindo um título concedido pela coroa permaneciam sendo uma das mais privilegiadas em todo país. Ano após ano seguiam a tradição dos ancestrais passando a rigorosa estação no palacete herdado a gerações, situado um pouco afastado do centro da cidade.

  Era março, volta e meia o sol brilhava no céu, trazendo pequenas ondas de calor derretendo a neve, afastando o vento gelado, repousando sobre a pele que ansiava ser abraçada. Pouco depois do desjejum, Aneelize O'Blac em seus vinte e três anos, revigorava-se exposta à luz solar no jardim. Uma das serviçais aproximou-se dela e anunciou que lorde O'Blac lhe convocava com urgência. Chegando ao escritório, Edith e Josias a esperavam. Para ela, ver os pais juntos a reportar algo não era bom sinal.

— Mandou-me chamar, meu pai?

— Sente-se! — cordialmente disse — recebemos uma carta da casa Campbell! — Aneelize permaneceu indiferente, o conde de Campbell já havia mandando diversas cartas, porque dessa vez a resposta seria afirmativa.

— Não parece surpresa! — afirmou Edith com um leve sorriso — pelo que me recordo já fazem vinte anos e finalmente...

— Meu Deus, não há de ser! — disse como um sussurro. Aneelize sentiu as mãos suarem geladas.

— Na verdade, será no início da primavera — Josias se recostou na poltrona, parecia relaxar — sendo específico daqui a três semanas o primogênito Campbell vira afirmar o compromisso! — a filha olhou incrédula para ele.

— Parece descrer no que vosso pai diz! — falou Edith, percebendo que a filha empalideceu, aproximou-se dela e segurou a nas mãos — eu a criei, a preparei para este dia e agora, ele está tão próximo — orgulhosa de si fala.

— Acabei por deixar o tempo me enganar — diz Aneelize soltando-se das mãos da mãe — a cada temporada esperei pelo fim, mas ao que vejo não há como fugir — se levantando fala — preciso me retirar, com vossa licença!

  Aneelize desejava respostas, depois de tanto tempo, porque reviver algo que estava prestes a ser anulado. A última vez na qual vira o noivo fora com nove anos, em um jantar na casa dos Campbell. Apesar dos anos, se lembrava perfeitamente do olhar arrogante e prepotente no qual Thomas Campbell lhe lançava cada vez que as famílias citavam o noivado. Naquela noite, ainda criança, se sentiu sufocada, desejava correr para o quarto e se esconder de baixo das cobertas, no entanto, teve de suportar, ser gentil, até mesmo sorrir para aquele protótipo de homem, que com apenas dezessete anos se sentia um adulto completo.

  Os dias que se sucederam não havia outro assunto na boca do povo de Coventry, já que era do conhecimento deles o antigo acordo entre os O'Blac e Campbell. As más línguas estavam surpresas, já que insistiam, depois de tantos anos ele seria quebrado. Edith O'Blac não deixaria passar em branco, faria a cidade de Coventry se lembrar do memorável noivado para sempre. Aneelize não tinha tomado por escolha um único detalhe e nem fora solicitada para tal. Ela pensou que a mãe estaria mui ocupada e mesmo com tantas coisas para organizar, sempre havia tempo de polir a filha, treiná-la em como ser a noiva, a esposa, a condessa ideal. Acompanhada de tantas noites mal dormidas, vindas com pesadelos no qual era deixada no altar. Emocionalmente estava esgotada. Aneelize, não fazia ideia de como o noivo se parecia, da última vez na qual o viu teve tantos conflitos internos que não se recordava com clareza da fisionomia dele.

  No quarto, concentrada, ela escrevia uma carta para sua melhor amiga, Jane Suan, baronesa de Saymour. Ela então escuta três batidas seguidas na porta, que logo se abre.

— Richard, não lhe dei permissão para entrar! — diz finalizando a carta sem olhá-lo.

— Lize, como sempre sabes?

Nosso acordo! (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora