09. Proposta tendenciosa

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O dia passou rápido e quando menos esperei, já estava voltando do passeio com as meninas. Wisconsin é populoso e geralmente é no interior que encontramos as fazendas. Como Journesville não é totalmente no centro, nem totalmente no interior, eu conseguia explorar bem ambas as partes do estado.
Pronta para ir embora depois de um longo dia, sou interrompida de terminar a descida das escadas quando um sujeito branco, alto e loiro, me alcança, junto com mais dois garotos.

— E aí, ruiva? — sorri, passando pela minha frente. — O tapete combina com a cortina? — gargalha um moreno.

— Não é da sua conta, idiota — retruco, voltando a descer.

— Não esquenta a cabeça, hein — o mais baixo declara, se afastando com os amigos.

— Vão à merda! — lanço o dedo do meio no ar, pisando forte até a calçada.

— Cenourinha!

Meus olhos se fecham e minha face expressa o desgosto em reconhecer a voz que chama atrás de mim, mas de qualquer forma, me viro para encarar o indivíduo. No fundo eu sei que se não virasse, ele me seguiria.

— Ethan — forço um sorriso.

— O próprio — dá alguns passos até ficar bem perto de mim.

— O que deseja? — cruzo os braços enquanto espero qualquer coisa que venha da boca dele.

— Tenho uma proposta para te fazer.

— Proposta? — umedeço os lábios enquanto ergo uma sobrancelha. — Que tipo de proposta?

— Eu ouvi você conversando com as meninas sobre seu F.

— Uma proposta tendenciosa, eu sabia. Não é um acordo muito justo se apenas uma das partes se favorece — ergo as sobrancelhas.

— Ainda vou chegar aí, calma — gesticula com as mãos.

Aproveito sua pausa para ajeitar minha postura, passando a me interessar um pouco mais sobre o assunto em pauta.

— Terei um teste de história daqui um mês. Preciso passar nessa prova, caso contrário, estou fora do time de futebol americano. — suspira, chateado.

— Uh! Bola fora, gatinho — comprimo os lábios, debochando. — Achei que fosse o mestre da história.

— Eu não sou, só estava tentando ganhar moral com a professora Wesphal aquele dia — bufa, passando a ajeitar as alças da mochila nos ombros.

— Ok, mas ainda quero saber onde eu entro nesse acordo.

— Proponho que me ajude com a minha prova e em troca, ajudo você a melhorar suas notas em economia. Justo.

— Justo.

Penso alguns segundos antes de dar uma resposta concreta ao garoto. Não é o melhor acordo que já me ofereceram, mas pode ser útil, e muito, se eu quiser entrar numa boa faculdade futuramente.

— Ok, eu aceito.

— Ótimo, podemos começar hoje mesmo.

Confesso que me surpreendi com tal pressa, mas balancei a cabeça para confirmar o dito por Ethan anteriormente.

— Às seis, na minha casa.

— Me manda o endereço por mensagem — sugiro, acenando brevemente e com uma expressão neutra, me afastando logo depois.

Posso não ter gostado dele logo de cara, mas negar que não achei vantajosa a proposta, é o mesmo que negar o fato de que tirarei proveito da situação, o que é mentira. Não tenho muita paciência para ir à biblioteca ou marcar reforço aos sábados, sem contar que estudar com ele pode ser mais descontraído e menos formal do que numa aula comum.
Mesmo que eu quisesse ir logo embora e não ficar a mercê de mais perguntas ou seja lá qualquer outra coisa que ele quisesse dizer, tive que esperar Victor, que demorou quase uma eternidade.

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