14. Familiaridade gera desprezo

255 38 167
                                    

Mesmo estando com medo, arrisquei um passeio de moto com Ethan

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Mesmo estando com medo, arrisquei um passeio de moto com Ethan. E para ser sincera, foi realmente divertido.
Paramos perto da minha casa, mas não disse que é ali que moro, algo nada relevante no momento. O guiei até a parte de trás do parque de diversões e depois de pularmos uma grade, começamos a escalar a roda gigante. Ou pelo menos eu comecei a subir.

— Vai ficar aí? — olho para baixo, percebendo que o garoto mal saiu do chão.

— Acho que agora é um bom momento para dizer que tenho medo de altura! — grita, olhando para mim.

— Vem logo, não vai se arrepender.

Continuo subindo nos ferros até alcançar um dos bondes, o único que é possível, de onde estamos. Abaixo a cabeça e observo Ethan subindo aos poucos e quando ele finalmente consegue chegar perto de mim, estendo uma mão e ajudo-o a entrar por completo.

— Nunca mais venho neste lugar — respira nervoso, sentando ao meu lado. — O que nos traz aqui?

— Bom... — suspiro. — Queria ficar um pouco longe do caos de lá — aponto para baixo.

— Achei que gostasse de ficar sozinha. — consigo sentir seus olhos sobre mim.

— Na maioria das vezes — olho para ele, sorrindo fraco.

Um toque de celular intervém nossa conversa, mas não é o meu. Ethan tira o aparelho do bolso da calça e encara o ecrã com desdém.

— Não vai atender? — desvio os olhos do garoto, para o visor do celular.

— Não — desliga e volta a fitar-me. — Estou ocupado agora.

— Ela é sua namorada?

— Quem? A Olivia?

— É.

— Não — apoia os braços nas coxas. — Quer dizer, ela já foi. Minha primeira.

— Por que não estão mais juntos? Acho vocês bem parecidos — aproveito para levantar as pernas e apoiar os pés no acolchoado de onde estamos sentados.

— Não, mais. Nos conhecemos na oitava série. — suspira. — Éramos muito novos, mas namoramos por dois anos.

— E depois? — pergunto, mesmo não estando tão interessada na história de amor trágica dele.

— Ela cresceu, mudou demais e não foi para melhor, daí acabamos terminando — bufa, virando o rosto para mim.

— Familiaridade gera desprezo — murmuro baixo, mas não muito.

— Muito — ele complementa.

Arqueio as sobrancelhas num gesto rápido e mudo o semblante quando Ethan ousa colocar uma mão em meu rosto, e afastar algumas mechas de cabelo da minha face. Aqui em cima está ventando mais que lá embaixo.
Com certeza o inverno de Journesville é mais severo, mas o clima aqui é gostoso. O céu está cinza, mas não acho que vá chover, já que é o início da estação, sendo assim, a neve e as tempestades devem se aproximar nos próximos dias.
Passo uma mão por onde Ethan passou a dele e coloco o cabelo para trás. Olho para a vista que tenho da cidade mas o flash de uma provável câmera, quase me cega, tirando minha atenção para o indivíduo ao meu lado.

Heaven Onde histórias criam vida. Descubra agora