"Você não está sozinho
Juntos nós permaneceremos
Eu estarei ao seu lado
Você sabe que segurarei sua mão
Quando ficar frio
E parecer o fim
Não há para onde ir, você sabe que eu não cederei
Continue aguentando firme
Por que você sabe que conseguiremos,
Apenas seja forte
Por que você sabe que eu estou aqui por você".
(Keep Holding On – Avril Lavigne.)
As últimas semanas foram marcadas por sessões com a psicóloga e o psiquiatra que atende em uma clínica no centro de Osasco, uma das cidades próximas da minha região. Ele fez o teste do DSM 5 comigo, o manual para diagnosticar transtornos mentais, e os resultados comprovaram que eu possuo traços do transtorno de humor, o tal do boderline. O que significa que tenho os chamados sintomas isolados, poucos deles, nada que eu precisasse de uma intervenção clínica, a não ser que tentasse suicídio de novo e os episódios de automutilação fossem recorrentes ao ponto de eu não conseguir mais esconder as marcas no meu corpo.
Ele avaliou toda a minha história, o senhor Marlon Guimarães me garantiu que eu ficaria bem se seguisse suas recomendações e tivesse paciência para enfrentar esse momento ao lado das pessoas que me amam. Ele me deu um documento que assegurava que eu podia retornar as aulas depois de semanas afastada desde o acontecido.
Voltar para a escola ainda me causava medo, ainda mais depois de imaginar que todo mundo sabia o que aconteceu comigo, mas não tinha saída, eu precisava continuar o curso ou desistir e me transferir de escola, a segunda opção estava me parecendo mais atrativa por que se eu fizesse isso estaria em um colégio em que ninguém iria me conhecer e talvez fosse mais fácil recomeçar.
Minha amiga fazia questão de ir comigo toda semana nas sessões que tinha que estar presente e o apoio dela e da minha mãe eram o que me mantinha de pé todos os dias.
O psiquiatra me receitou um antidepressivo e ansiolítico que segundo ele ajudaria a controlar as minhas oscilações de humor de repente e me deixaria mais tranquila, e eu aceitei pelo fato de que ao menos o remédio me faria enfim voltar a dormir uma noite inteira por que isso não acontecia mais, agora vivia lidando com pesadelos noturnos, crises de ansiedade fortes, especialmente lembranças do que houve no colégio ou de quando meu pai foi embora de casa carregando as malas sem olhar para trás, deixando uma garotinha abandonada e destruída pela sua falta de amor.
Depois da consulta rotineira com o psiquiatra decidi dar uma passada na livraria do shopping e comer um lanche com a Cat, depois de comprar a trilogia de Jogos Vorazes, a coleção de contos extraordinários de Edgar Allan Poe e o box da série Imortais da Alysson Noel, eu me dei por satisfeita carregando meus novos livros comprados na saraiva, minha mãe me deu uma grana extra para comprar livros que eu quisesse, ela sabe o quanto eu adoro ler e queria que eu me distraísse de alguma forma.
— Essas sacolas não estão pesadas, amiga? — perguntou Cat enquanto amarrava sua blusa de moletom cinza na cintura.
— Eu consigo levar, pode deixar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As coisas que eu odeio amar em você
RomanceEstela é uma adolescente prestes a completar os temidos quinze anos, é nerd, ama literatura e não vive sem música, é tímida e extremamente ansiosa, ela tem pânico de se apresentar em público, mas um dia se vê obrigada a participar de uma peça teatr...