Capítulo 33

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"Um abraço pode ser a melhor coisa do mundo por alguns segundos. 

E quem não quer a melhor coisa do mundo? ".

(Thalita Rebouças).

Enfim eu estaria de férias, entreguei os últimos trabalhos, apresentei os últimos seminários, fiz todas as provas para fechar o trimestre e estava livre da escola por um tempo, maravilha não?

Eu não tinha a menor ideia do que fazer nesse período de recesso escolar em julho, pois a minha mãe não tinha conseguido tirar uma semana para viajar comigo como ela gostaria, pois, a sua patroa estava doente e precisava dela mais do que antes no trabalho da casa, então ela lamentou o fato de que não poderia me levar a algum lugar diferente, talvez para relaxar a mente como sabia que eu precisava depois do que aconteceu nos últimos meses.

Depois que eu e Nathan nos beijamos no karaokê, saímos juntos outras vezes e também fomos vistos abraçados na escola e ele até me roubou um selinho em um dos dias que eu esperava para almoçar no colégio, fiquei surpresa com isso, mas também adorei por que significava que ele realmente queria demonstrar que gostava de mim, ainda que soubesse que o que a gente tinha não era nada sério. A única regra que pedi a ele é que me contasse caso estivesse com outra pessoa ao mesmo tempo que comigo, pois não queria ser enganada novamente como aconteceu com Caio, pelo menos se eu soubesse de antemão já estaria preparada.

Nós não éramos namorados, mas apenas ficantes. Esse negócio de ficar é simples, na verdade, é só abrir mão das convenções sociais, e deixar atração ser mais forte entre os dois. É mais como um teste para saber se a pessoa que você está a fim merece que você leve a relação adiante ou não, mas nem todo mundo concorda, e eu até pouco tempo atrás tinha um certo receio quanto a isso, mas o jeito maluquete da Cat me fez entender um pouco como isso funciona.

E agora ali estava eu inserida num novo sistema dentro do mundo dos adolescentes do mundo moderno, tentando me ajustar a um grupo e a novas pessoas, tentando achar meu lugar, tentando me encontrar na vida.

Cat ainda me evitava quando me via na escola e não respondia minhas mensagens apesar de visualizar cada uma delas, o que me deixava irritada, e então mandei a última mensagem antes de ir embora do colégio quando as aulas se encerraram.

" Oi,

Sei que você está bastante brava comigo, e pelo visto ainda vai fazer birra por um tempo, e eu detesto isso, mas tudo bem. Só queria dizer que não precisa mais se preocupar comigo, pois minha mãe vai me acompanhar na sessão com a psicóloga a partir de agora e também tenho uma pessoa que vai me ajudar com isso, um cara que tô ficando e que é muito legal comigo, o Nathan. Gosto bastante dele e tem sido muito bom esse tempo que passamos juntos. Vou sentir sua falta, espero que um dia me perdoe por qualquer grosseria que eu tenha dito ou algo que fiz que te magoou. Sinto muito por não poder voltar a ser a Estela que você conheceu, eu não a sinto mais aqui, é como se ela tivesse adormecido, e apenas um corpo segue se movimentando, se é que me entende. Talvez um dia as coisas voltem a ser como eram antigamente, eu não sei. Não entendo minhas emoções, meus ataques, meus impulsos, minhas crises, mas eu tô tentando ficar bem, sério! Obrigada por ter sido minha melhor amiga por tantos anos. Eu me sinto vazia, então eu tô tentando tapar esse buraco de alguma forma e não tenho respostas para muitas coisas sobre mim mesma. Sei que não vai fazer sentido para você que eu diga isso, mas é verdade. Seja feliz, eu te liberto de ser minha guardiã, o bastão vai ser passado para outra pessoa até que eu esteja bem o suficiente para carregar todo peso do mundo sozinha. Eu sempre vou te amar.

Com carinho e saudades, Estela".

A mensagem foi visualizada duas horas depois que eu a enviei, então eu soube que ela leu, e seja lá o que estivesse pensando, agora eu me sentia mais livre de qualquer dor na consciência que tivesse sentido em relação ao afastamento dela.

As coisas que eu odeio amar em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora