Capítulo 6

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Felina

Ficar doente é uma merda, é como tá bêbado, nunca se sabe exatamente o que a gente tá fazendo.

Quando acordei, percebi o corpo da Adora enrolado no meu, me assustei por um segundo. Depois me afundei em seus braços, eles eram tão quentes e reconfortantes, eu sentia falta.

Ela cuidou de mim, mesmo quando eu não queria, mesmo quando eu a afastei. Ela realmente se importa. Senti seu corpo de mexer um pouco enquanto abraçava o meu.

— Bom dia, Felina. — Falou para mim enquanto me segurava mais apertado. — Você tá melhor?

Tirei a cabeça de seu peito e acenei positivamente. Adora sorriu se inclinou para deixar um beijo em minha testa, entretanto antes que chegasse perto o suficiente, se afastou, levantando em seguida.

— Eu vou pegar o termetro. — Falou indo para o banheiro.

Me senti triste, achei que ela ficaria aqui comigo mais um pouco, agora me sinto idiota por sempre por minhas esperanças em algo que não existe mais, nossa relação já acabou tem muito tempo. Me retrai.

Botei a mão em minha testa, eu não estava mais quente. Adora voltou com o termômetro, medi minha temperatura, estava normal.

— Você tá com mais algum sintoma? — Ela se sentou ao meu lado.

— Tá tudo coçando e eu tô com dor nas juntas. — Falei, eu queria me jogar em seu colo, mas me segurei.

— Quer tirar sangue para ver se pode ser dengue? — Afirmei com a cabeça, eu não tinha nada a perder e ainda ganharia um café da manhã. — Vamos, então. — Ela estendeu a mão para mim, peguei, corando em seguida.

Só tínhamos minha moto como transporte, eu ainda estava dengosa, então praticamente implorei para a Adora dirigir. Me sentei na garupa segurando forte sua cintura, queria não estar de capacete para sentir seu cheiro. Porém, podia ver seus músculos proeminentes das costas, o que por si só fez tudo valer a pena. Ahh, que costas, queria toca-la, mas isso seria impossível na moto.

As ruas estavam tranquilas e laboratório estava relativamente vazio, então colhemos rápido e voltamos para casa. Adora foi fazer alguns deveres acumulados, eu fiquei de bobeira. Eu era tão solitária que nem tinha com quem conversar sobre minha doença. Nenhuma amiga para se importar, peguetes aleatórias não contam.

No insta comecei a ver vários vídeos de receita, aquelas que a gente nunca faz, mas salva dizendo que um dia vai fazer. Enviei um dos vídeos para a Adora, um bolo de chocolate de dois andares e uma calda chique.

"Faz para mim, eu preciso de doce." Escrevi.

"A gente compra os ingredientes quando sairmos hoje de tarde" Respondeu, sorri. Eu estava me apaixonando de novo, mesmo com medo.

Depois de mais um exame de Covid dessa vez, fomos no mercado comprar os ingredientes do bolo. Tinham acabado de enfiar um cotonete do tamanho da minha mão no meu nariz, por isso fiquei o trajeto todo com o rosto enterrado nas costas da Adora para não sentir o cheiro de sangue. Na verdade eu estava sentindo o cheiro de qualquer jeito, só usei essa desculpa para tocar nas suas costas e senti seu cheiro.

Voltamos para casa, onde minha colega foi fazer o bolo enquanto eu tomava banho. Demorei tanto na água quente, que quando sai a Adora já tinha terminando e comia a raspa.

— Essa toalha fica boa em você. — Brincou encarando meu corpo.

— Deixa raspa para mim, também. — Me aproximei da vasilha com chocolate.

— Venha pegar. — O desafio brilhou nos seus olhos.

Ela pegou a vasilha, girando em seguida. Corri para pega-la, Adora não deixava eu me aproximar. Passei por baixo de seu braço, estando de frente para ela puxei a vasilha da sua mão. Ela segurou firme, puxando para si. Não sei, ao certo o que aconteceu, eu ou ela tropeçamos e a vasilha voou no chão. Cai por cima dela, minha toalha quase caindo junto. A cara de pau encarou que só faltou babar em cima do meu corpo.

— Sua pervertida! — Levantei, segurando a peça que me cobria e pegando o resto da raspa. — Agora, é minha.

— Não tem nada aí que eu já tenha visto. — Gritou em resposta.

Corri para o quarto irritada, como aquela safada ainda soltava essa para cima de mim. Que porra. Por que meu coração batia tão rápido, que saco queria voltar lá e bater na Adora. Mas, defitivanente não faria isso se toalha.

Troquei de roupa e descontei minha raiva no chocolate. Depois, sai do quarto e lavei a vasilha. Me joguei no sofá com raiva e fiquei nas redes sociais.

Adora saiu do banheiro já vestida com um short branco e uma regata vermelha.

— Quando o bolo vai ficar pronto? — Perguntei.

— Daqui a pouco. Você é muito esfomeada, credo.

O bolo terminou uns vinte minutos depois, mas a Adora não me deixou comer, ela disse que iria ter que por um em cima do outro e por o doce de leite no meio. No fim, o bolo só ficou pronto de noite, então foi isso que comi de janta.

— Não é que você é boa nisso, Adora. — Sorri depois do segundo pedaço.

— Foi só seguir a receita, não foi nada demais. — Respondeu ainda na primeira fatia.

— Você tem um talento natural para isso.  — Ela me encarou e sorriu em seguida.

Os próximos dias se passaram assim, eu não tive mais febre, porém meu corpo ainda doia, o que era uma desculpa para ficar na cama um pouco mais.

Na segunda saiu o resultado do Corona e deu negativo, então ficamos mais relaxadas, provavelmente eu estava com dengue, que pelo menos não era transmissível. Adora não iria pegar, desde que se protegesse dos mosquitos malignos, para isso ela comprou repelente e só está dormindo enxarcada dele. Eu ri com muito respeito da situação.

Os dias se passaram nesse meio termo entre amigas e colegas, eu não sabia direito definir o que é a Adora para mim.

Uma semana depois, o resultado do exame de sangue saiu, positivo para Chikungunya.

— Culpa daquele mosquito do banheiro. Eu sabia que tinha que ter matado ele. — Reclamei.

— São muitos mosquitos para você matar sozinha. — Adora comentou.

— Eu acho que a gente deveria comemorar. Você percebeu que desde o começo da quarentena nenhuma de nós bebeu um gole de álcool? — Eu sentia um pouco falta de fazer merda e por a culpa na bebida.

— Eu não gosto tanto de beber. — Ela parecia constrangida. — Mas, seria bom, afinal nem tive trote da faculdade. Um trote caseiro iria ser bom.

Eu gostei da ideia, brincar de trote. Uma experiência de faculdade tinha ser minimamente normal, mesmo em tempos de Covid-19.

— Vamos fazer isso. — Eu sabia que daria merda, mas eu estava pronta para assitir de camarote.

— Só quando você melhorar, Felina. Não quero que sua doença piore.

Concordei com a cabeça, já ansiosa para esse dia.

•••

Esse capítulo atrasou, eu sei, eu tive prova hoje e ontem eu tava estudando, logo quando eu terminei a prova vim terminar se escrever.

Resolvi terminar com esse gancho para  o próximo capítulo . Se ter tempo eu posto ainda amanhã, se não eu posto depois.

Minha mãe faz um bolo parecido com esse da fanfic então eu dei um cópia e cola. Vocês gostam de raspa de bolo tb, ou eu sou a única maluca que briga com os irmãos pela raspa?

Espero que vocês tenham gostado, foi um capítulo da Felina sendo doente e carente.

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