Capítulo 3

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Adora

A Felina era complicada, a cada passo que eu dava parecia que ela voltava dois atrás. Sempre esse lenga-lenga, a gente tinha uma interação diferente, romântica pode-se dizer. Então, ela se afastava. Esse ciclo me dava nos nervos, tudo o que eu queria era passar um tempo com a Felina.

Naquela noite, quando eu falei que já tinha namorado, ela parecia abalada, isos mexeu comigo. O que se passava na cabeça da amiga? Por que essa informação a surpreendeu tanto?

Eu namorei dois meses com Huntara, isso deve ter 1 ano, ela era mais velha que eu alguns anos. Era divertido, mas não tinha aquele sentimento grande, no fim foi mais uma paixão. Depois, continuamos sendo amigas.

Me senti mal, nem sabia ao certo o que tinha feito de errado, só queria conforta-la. Eu tinha saudade de abraca-la, de beija-la, ficar com ela já me deixava feliz, imagine poder fazer tudo o que quero.

Como sempre depois daquela noite, voltamos a estaca zero.

- Hey, Felina. - Tentei algum contato durante a manhã. Ela só me ignorou. Assim, como todas as minhas pequenas tentativas naquele dia.

- A gente pode começa a série hoje? - Perguntei depois do jantar.

- Não, tenho que estudar. - A Felina estava claramente mentindo, até parece que ela estudava.

Toda a semana foi assim, uma distância impenetrável. Não dava para conviver em um ambiente assim. Eu já estava estressada por estar dentro de casa 24 horas, mais os trabalhos da escola e ainda tinha uma colega de quarto rabugenta, por motivo algum.

No domingo resolvi confronta-la, afinal nossa situação não podia continuar desse jeito.

- Felina, a gente precisa conversar. - Ela virou quando terminar de louça, se apoiando na pia. Me aproximei dela, ficando de frente para ela, mas mantendo uma distância. - Por quê você está me evitando? A gente vive na mesma casa. - Sua expressão se fecha enquanto olha para meu rosto.

- Você achou que só porque a gente iria morar juntas, iam ser tudo flores? Que a gente podia passar três anos sem se falar e que depois seríamos melhores amigas para sempre? Se toca Adora, isso não é filme, não somos amantes que depois de anos se encontram e a paixão reacende.

- Eu nunca pedi para você transar comigo de novo, ou para namorarmos, ou para voltarmos a ser amigas. Eu sei que não somos mais as mesmas. - Suspirei. - Sabe, por que eu quis vim morar com você? Eu poderia até ir para os dormitórios, mas eu quis vir para cá, exatamente por que eu pensei que nós, como amigas, não teríamos essas brigas idiotas. Pode não ser a mesma coisa de antes, mas eu quero tentar me entender com você. - Tentei tocar sua mão, ela deu tapa e se distanciou.

- Você passou três anos sem trocar uma palavra comigo. Você sumiu, Adora. Agora você simplesmente aparece e quer que anule o fato que você me ignorou. Já parou para pensar como eu me sinto? Ou não? Por que a Adora perfeita nunca tem tempo para ninguém que não seja ela mesma. - Gritou, depois se encolheu, abraçando o proprio corpo.

- E-eu... - Deixei as palavras morrerem na minha boca. Eu achava que ela queria também, afinal tinha concordado em morar comigo. A Felina não me queria por perto, nunca me quis.

Minha colega correu até o quarto. Se não fosse o corona eu iria me mudar, mas agora estamos presa uma a outra.

A gente deveria tentar ao menos conviver uma com a outra. Sai do meu estado de topor, eu não iria deixar a gente se afastar, não de novo.

Entrei no quarto, onde a Felina estava virada para a parede enrolada em suas cobertas. Me sentei no chão.

- Felina, me desculpe. - Sussurrei, mas sabia que ela estava ouvindo. - Eu realmente achei que você queria ser minha amiga de novo. Acho que não levei em conta o que vê queria. Então, Felina o que você quer?

Tinha tirado esse peso de dentro de mim. Falei tudo o que se passou na minha mente nos últimos minutos.

- Eu não sei, Adora. - Ela se virou tirando a coberta do rosto, revelando uma rosto corado. Estava tão fofa, nem parecia a pessoa arisca e agressiva que alguns minutos atrás. - Eu preciso de tempo.

Me afastei para dar espaço para a Felina. As coisas não estavam boas agora, mas iriam melhorar, afinal as coisas não podiam ter mudado tanto em tão pouco tempo.

Tive uma noite horrível acordei várias vezes, em todas eu olhava para o lado, confirmando que a Felina dormia. Por volta de duas da manhã desisti, indo para o sofá. O clima desconfortável me impedia de dormir.

Parei na cama da morena por um segundo. Ela parecia estar tendo um pesadelo, eles eram comuns em sua adolescência. Se jogou para o lado que eu estava, reparei as lágrimas em seus olhos, descendo devagar.

Meu coração se encheu de preocupação, minha amiga estava esse tempo todo sofrendo, eu precisava ajudá-la, foda-se se ela não queria minha ajuda. Nem todos os problemas podiam ser resolvidos sozinhos, se eu aprendi isso, ela também pode aprender. Não iria deixar a mania dela de se isolar corroe-la por dentro.

Sentei na cama dela, passei a mão em seu rosto para limpar as lágrimas. Durante o sonho ela balbuciou "não me deixe."

— Nunca mais, Felina. — Respondi.

Minha amiga começou a piscar, despertando. Ela não disse nada, me encarando, suas lágrimas voltaram a descer, sem fazer nenhum barulho. Sem aviso prévio, enterrou a cabeça no meu peito.

— Fica, fica, fica, fica– Repetia esse mantra, se apoiando completamente em mim. Fiquei paralisada, de repente ela estava se abrindo, em uma torrente de sentimentos. Ela tinha tanto medo de me perder, quando eu tinha de perde-la. Segurei seu corpo forte contra o meu, queria que ela soubesse que eu ficaria.

— Vou ficar, até você me aceitar de volta, minha Felina. — Sussurrei contra seus cabelos.

Passamos alguns momentos assim, até ela cair no sono. Sua respiração pesada no meu peito e meu coração batendo alto. Me lembrei daquela noite, estar tão perto dela, de uma forma tão íntima.  Coloquei ela na cama, ajeitando sua coberta.

Não fui para sala dormir ali, onde eu poderia ficar de olho nela.

No outro dia, o humor dela parecia melhor, no possível para uma segunda de manhã. Na hora do almoço, entre uma garfada e outra de um frango mixuruca que estava na geladeira, Felina soltou:

— Eu acho que a gente poderia tentar. — Subiu os olhos até meu rosto. — Ser colegas de quarto. Sem tantas brigas. — Enfatizou a última parte.

— Vamos tentar, de verdade agora. — Sorri para ela.

Finalmente, tínhamos saído da estaca zero, de verdade agora.

•••

A música desse capítulo foi mais uma viagem minha, pq tp elas mudaram tanto, mas mesmo assim continuam as mesmas de sempre. Sei não sei explicar e tb não achei nenhuma música melhor.

Essa cena da Felina dormindo é um negócio que acontece comigo as vezes, tp acordar e fazee algo e no outro dia achar que foi um sonho. fiz isso várias vezes, tem vezes que eu nem lembro o que aconteceu.

Agora o relacionamento delas vai melhorar eeeeee, vamos começar a boilagem de verdade.

Se vocês gostaram, deem estrelinha . É isso bye.

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