Capítulo 22

3.4K 371 295
                                    

Felina

As semanas seguintes foram complicadas. A terapeuta recomendou uma psiquiatra para mim na sexta, entretanto, essa consulta seria em um consultório.

A psiquiatra diferentemente da terapeuta era uma mulher nem um pouco carismática, ela iria diagnosticar minha doença e depois passar remédios, de acordo com a mesma.

Não gostei da forma fria e indiferente que ela me tratou, os remédios também não ajudavam. Desde que eu era pequena internalizaram na minha cabeça que quem toma remédio é maluco, mesmo que eu conhecesse várias pessoas que já tomaram. A ideia de eu tomar era assustadora, era pior que admitir que eu não estava bem, era admitir que eu não era normal, que eu precisava de conserto.

Tive que voltar lá mais três vezes na última semana, de acordo com a psiquiatra era para ter um diagnóstico mais preciso da minha condição. Será que seja o que for que eu tivesse era tão complexo assim? Eu teria que conviver com o que quer que fosse para o resto da vida?

No começo do mês de junho, a psiquiatra me passou uma lista com alguns remédios e laudos médicos, pelo visto eu tinha transtorno de personalidade borderline e uma ansiedade severa.

Eu nem sabia, o que era borderline antes dessa consulta. A médica me explicou que é um transtorno caracterizado pela inconstância de emoções, os sintomas incluem ansiedade e comportamento autodestrutivo.

Parecia claro que eu tinha isso, depois que ela me explicou. Estranho por que em toda minha vida nunca me senti diferente por essas coisas, eu achava que todo mundo era igual a mim, mas só escondia melhor essas coisas. Até por que eu nunca tive impulsos de automutilação ou suicídio.

Os remédios me fizeram sentir estranha, era como se eu sempre estivesse cansada e com uma espécie de tédio apático. Faltava de algo que eu não sabia ao certo o que era.

Nesse meio tempo, eu e a Adora viramos amiga, de uma maneira saudável dessa vez. A gente tentava não projetar nossas inseguranças uma na outra, as vezes era difícil, eu só queria mandar uma mensagem dizendo que ela era uma péssima amiga, mas eu me controlava.

Adora já tinha tomado remédios para depressão, que tinha efeitos similares ao que eu estava tomando.

- Isso é tão estranho, é como se estivessem desligado minhas emoções profundas sei lá. - Reclamei com a loira do outro lado da linha, conversar com ela assim na minha cama me fazia sentir como se estivesse aqui, se eu fechasse os olhos conseguia projetar a imagem de seu corpo ao lado do meu na cama.

- É necessário, Felina, se você reagir bem ao tratamento depois de um tempo você vai poder parar. - Parou um pouco. - Pense como se fosse um câncer.

- Você não está ajudando, Adora. - Ela queria me aterrorizar só pode.

- Deixa eu terminar minha metáfora, menina. Nesse momento você está tratando o câncer diretamente, mas mesmo quando você está "curada" tem chance dele voltar. Esse processo de remédio e de doenças mentais, não é só curou, acabou, temos altos e baixos. Você entende, né? - Senti falta da Adora ao meu lado nesse momento, queria sua voz baixa no meu ouvido me dizendo essas palavras, fazendo carinho em meu cabelo.

- Eu só queria que isso passasse logo, como num passe de mágica, sabe? - Tentei disfarçar meu tom carente na voz, acho que desde os primeiros dias com a Scorpia aqui em casa eu não tinha mais sentindo um carinho físico.

- Eu te entendo, as vezes eu também desejo que a vida seja mais fácil. Mas de pouquinho em pouquinho fica melhor, entretanto você precisa se esforçar. - Sua voz me fazia sentir bem.

Mudamos o assunto para trivialidades. Eu gostava das nossas conversas, me sentia uma adolescente mandando mensagem para a crush.

Eu também voltei a falar com a Entrapta, só que ela não era de responder rápido no whats. Reativamos o grupo que tínhamos eu, Scorpia e a menina de cabelo roxos. Que consistia em reclamar do EAD, fofocar sobre celebridades e fofocar sobre nossos crushs. Defitivamente uma adolescência tardia.

Scorpia estava namorando uma menina que conheceu virtualmente chamada Perfurma, o namoro começou em maio, porém elas conversavam tinha mais tempo. E por conhecidencia essa menina era a vizinha maconheira, lésbicas se atraem só pode.

Dei uma chance as pessoas da faculdade também, comecei a conversar com Double Trouble, de acordo com elu é um nome artístico. Elu quer trabalhar com atuação, mas foi parar em direito e pretende trancar o curso. Eu comecei a refletir vendo as atitudes do meu conhecide, será que esse era mesmo o caminho que eu queria para minha vida?

Eu estava gostando da nova dinâmica da minha vida, só me sentia solitária, mesmo com o Melog sempre do meu lado, a Adora fez eu perder o prazer na solidão.

Um dia depois que eu comecei a tomar os remédios, Scorpia me ligou do nada falando que iria passar um tempo na minha casa, queria ver como eu iria reagir a essa nova situação.

Fiquei realmente feliz pela primeira vez depois que comecei a tomar os medicamentos. A Scorpia em casa era bom para mudar os ares um pouco, vê gente diferente e até mesmo receber carinho. Eu sentia falta desse contato.

- Então como você está se sentindo? - Perguntou, depois que entrou pela porta.

- Estou me sentindo melhor, mas não do jeito que eu pensei que seria. - Respondi. - Vou trouxe comida? - Encarei a sacola plástica em sua mão.

- Sim, salgadinhos. - Balançou a sacola. - Agora vou tomar banho para poder te dar um abraço apertado.

Ela foi para o chuveiro, enquanto eu passava álcool nas embalagens, pãozinho, coxinha e até um bolinho. A Scorpia era um anjo, como eu nunca percebera? Era um grande mistério. Por mais que nossa amizade tivesse "começado" somente agora, eu sentia que eu não estaria aqui se não fosse ela. Eu nunca tido uma amizade verdadeira sem segundas intenções, era simplesmente demais ter alguém que você pudesse confiar e contar para tudo, mas que não fosse necessariamente algo romântico ou fosse terminar na cama.

Essas últimas semanas fizeram eu sentir muitas coisas e mudar de visão sobre diversos tópicos. Sentia que algo estava mudando dentro de mim e mesmo que eu não pudesse ver o resultado, sabia que provavelmente seria algo bom.

•••

Hello pals and gals

Primeiro, OBG DEMAIS PELOS 10K, sério eu nunca pensei que uma fanfic MINHA que eu faço na correria em uma noite cada capítulo pudesse chegar tão longe. Sério o apoio de vocês é muito importante, assim como os comentários e votos. Aaaaaaaaaa surto e lágrimas depois dessa. O pior é que eu nem tenho ideia doq fazer... Se eu copiasse umas autoras aí e fizesse um grupo de zap, vocês participariam? Foi só isos que eu consegui pensar e ainda é plágio ;-;

Alguém notou que eu postei sem querer o capítulo incompleto mais cedo? Já deve ser a quinta vez que eu faço isso sem querer vei.

Esse cap foi aquele alegrinho para explicar como estão as coisas com a Felina e a vida dela no geral. Eu nunca passei por uma situação com a da Felina, por isso eu pedi muita ajuda para meu amigo FlynnIbanes que me ajudou a entender como funciona. Se alguém que leu esse capítulo e tem borderline ou similares não se sentiu representado, me desculpa eu realmente não sabia escrever sobre isso.

Notícias boas, o próximo Cap vai ser GlimBow e vai sair domingo ou segunda ( como o capítulo vai ser maior eu espero ter mais tempo para desenvolve-lo).

Pergunta agora, vocês gostariam de um Cap Scorfurma? Só para eu não precisar abandonar tão cedo a fanfic.

Último adendo (que eu sei que a maioria dos leitores já abandonaram essas notas mesmo) o que vocês acharam no headcanon da Noelle? (Que a Catra teve seu primeiro beijo com a Scorpia na S3)
Eu particularmente acredito que a Catra teve o primeiro beijo dela com a Adora na Horda e as memórias delas foram apagadas depois e que depois a Catra beijou a Scorpia (sim eu sei que o relacionamento dela era super abusivo e que isso teria feito a Scorpia sofrer se fosse canon).

Até o próximo cap.

Se esse cap sair sabado é culpa no wtt que não quer postar.

Stuck Together Onde histórias criam vida. Descubra agora