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A gente chegou na costureira no pulo, ela disse que era melhor João ficar do lado de fora e assim ele fez, todo desconfiado, e até eu tava, ela tava nervosa pra caralho

–A senhora tá bem?–perguntei e entrei no quarto de provar

–Oi–falou a Adriele com uma arma apontada pra mim

–Que porra é essa?–meu corpo chegou a perder a força com o susto

–Você pode até casar com ele, mas filho? Não, você não vai dar a ele–falou ela e deu um tiro na minha barriga, eu tava tão nervosa que parecia tudo em câmera lenta. Ela recarregou pra dar outro tiro e a mulher que tinha ajudado ela, empurrou ela bem na hora que ela ia atirar de novo, tudo passava tão lento, ela atirou na cabeça da mulher e o João entrou descarregando a arma na Adriele.

A senhora ainda se batia, e tentava falar, eu não sentia uma dor se quer, tudo tava lento

–Minha...ne...ti..nha...por favor–sussurou engasgada com sangue e eu vi a netinha dela encostada na parede paralisada e chorando

Enquanto eu olhava pra garota e pra senhora no chão, João gritava e eu não escutava ele, sentando no chão sentindo o sangue sai da minha barriga e minha ficha caiu, eu tava perdendo meu filho.

João não esperou resposta minha, me pegou no braço com toda dificuldade e me colocou no carro

–A menininha...ela...tira...ela..dali–sussurei pra e ele negou entrando no carro

–João...tira–falei

–Não dar tempo porra–gritou

–Se não salvamos o Guilherme, salvaremos ela–chorei e ele saiu puto correndo e voltou com a menininha que chorava desesperada e quando me viu se acalmar quase que no mesmo instante

João saiu tão desesperado que era capaz da polícia persegui a gente

–ELA LEVOU UM TIRO PORRA–gritou desesperado

–EU TO LEVANDO, VEM PRA ESSA PORRA, OS DOCUMENTOS...–ele me olhava no retrovisor a cada segundo

–Pressiona–falou e eu já tava, a menina do meu lado tinha parado de chorar, ela tava alisando minha barriga o que me fez chorar com medo

–Ele é lindo–falou me olhando tão sincera que me fez chorar ainda mais, ela parecia um anjo, eu devo tá alucinando de nervosa

–Como...como você...se chama...–sussurei e o João ficava verificando

–Valentina–Sorriu com lágrimas nos olhos, ela parecia tentar me tranquilizar, ela aparentava ter menos que 7 anos, e agora ela parecia ser o único pontinho de esperança de meu filho tá vivo

–Não sente medo...ele tá bem–falou tocando no meu rosto e eu chorei ainda mais, colocando minha mão sobre a dela

Chegamos no hospital e como era particular e de plano pago, entrei rápido demais, foi tudo rápido demais, a última coisa que eu lembrava é da Valentina em pé ao lado do João desesperado, e ela sorriu pra mim, mesmo depois de tudo que ela viu, ela sorriu pra mim. Nada paga a pureza de uma criança, só transborda amor deles.

–Meu amor, não faz isso comigo–abri os olhos vendo Daniel chorando perto de mim, todo vestido de hospital.

–Preciso que me escute senhorita Lorena, é um parto emergencial, e existe um grande risco de seu bebê ou você não resista, preciso que seja forte–falou e eu concordei

–Não dar um cesária?–perguntou nervoso

–Se fizer uma cesária ela morre e o bebê também–falou e eu concordei

–Eu consigo...eu consigo...eu sou a Braba–sorri em em meio as lágrimas e ele sorriu chorando também

O Dono Da Maré Onde histórias criam vida. Descubra agora