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"Embora eu queira muito, não dá pra querer por dois."

P.VO LORENA

(...)

Depois que cheguei em casa, eu apaguei real, só acordei com as gritaria, típico da minha casa

—Jefferson não grita comigo!—reclamou minha mãe, super calma, preciso dessa calma, se você grita comigo eu já tinha zerado você de xingamento

—NÃO GRITA? PATRÍCIA, É NÃO GRITA? TE MANDEI O PAPO DE NÃO APARECER NA BOCA E CÊ FAZ O QUE? APARECE LÁ TODA SONSA, ACHA QUE O CRIME É O CREME?—berrou, mais alto ainda, meu pai odiava o fato da minha mãe ir na boca dele para buscá-lo, e ela ia mesmo assim. Não julgo, faria o mesmo, se abaixar muito cabeça pra macho ele monta em você e ainda manda você galopar. Não que eu também não entendesse ele, no fim de tudo, ele só queria que minha mãe tivesse menos envolvida com isso tudo.

—VAMO PARANDO QUE TA CEDO—gritei batendo palma e tascando um beijão no rosto do meu pai.

—Cedo pra você, que não faz nada da vida—resmungou meu padrasto e eu nem dei bola, reclamador demais bicho, tirar a paciência do outro.

—É domingo, não tem aula, é domingo.—expliquei sentada na mesa e vendo minha mãe terminar de assar os ovos mais cheirosos desse universo inteiro.

— é domingo DA FAMÍLIA!—minha mãe gritou a última parte em uma indireta muito direta para meu pai.

—Não enche meu saco, Patrícia—Falou meu pai sentado na mesa também.

—Vou te falar mais nada não Jefferson, você só vai me ver desaparecer da sua vida, aí você pede pra sua boca ir te visitar em presídio—explodiu de levinho e meu padrasto/Pai fingiu não ouvir e eu também, só fazia comer, como se nada estivesse acontecendo, não era como se meu pai e minha mãe brigando fosse lá a coisa mais anormal do mundo. Muito pelo contrário.

Terminando de comer fiquei descansando em meu quarto até certa hora colocar um shortinho pra descer pra casa das meninas, a verdade é que era um tédio o dia inteiro de um domingo sem ter uma cachaça pra beber.

—ABRE AQUI!—gritei encostada na porta de braços cruzados, sol do caralho na minha cara, som altão da vizinha, as mona subindo e descendo de topzinho e os meninos já esquina embrazando em um passinho. Não dava pra mentir que eu amava esse lugar.

—Iai Lorena—falou o Dadinho passando.

—Iae dadinho—respondi e a porta foi aberta, quase me derrubando no chão, segurei na Gabriela que tinha acabado de tentar me matar e quase caímos juntas.

—Puta que pariu toma cuidado—resmunguei me erguendo.

—toma cuidado você, sua burra, tá vendo que é uma porta não?—respondeu fechando a porta logo atrás de mim.

—Cadê a Gigi?—perguntei me jogando no sofá—GIOGANA EU CHEGUEI—gritei

—Não adianta gritar gata, Giovana foi na casa do Alex, segundo ela, é pra ter ajuda na atividade de química, mas eu não nasci ontem né.—abriu um risinho se deitando no meu colo.

—É né, ele nem estudar estuda—comentei rindo

—E tu? Tem casa não Lorena?—perguntou

—ih, eles já amanheceram na maior porradaria, sai antes que eles comecem a quebrar as coisa dentro de casa.

—Terminei com o João—soltou absolutamente do nada, era esperado, essas horas ela tá enfiada na casa dele e agora não tá.

—Eu não tô triste, mas se você quiser eu posso fingir?—ela abafou uma risada e as lágrimas já desceu no seu rosto. Acontece que o relacionamento de Gabriela e João sempre foi conturbado. Ninguém sabe totalmente o que acontece entre eles, mas os dois são mega ciumentos um com outro e a Gabriela está sempre desconfiando que ele está traindo ela, quando eu pergunto de onde vem essas suposições, ela simplesmente diz que sente. Bom, eu apoio a minha amiga, João não é flor que se cheire, o moleque é todo desconfiado, parece que tá sempre devendo.

—Meu amor, não fica assim pelo bosta do João, ele é um merda Gabi, um merda completo.—sussurei abraçando ela com força

—Eu amo ele, eu amo tanto ele que machuca, me sinto doente, doente longe dele...eu não queria, ele não merece, eu sei, mas eu amo.—confessou enquanto soluçava, era dolorido pra me vê-la assim, eu nunca amei ninguém além das minhas amigas e da minha família, e acreditava que seria bem difícil eu gostar de alguém mas do que eu gosto da minha liberdade, mas eu compreendia sua dor.

—Vamos superar isso ok? Vamos seguir em frente minha vida, novos ares, nova vida—sussurei

—Eu não queria nada sabe Lorena, eu não precisava nem que ele me amasse de volta, eu só queria que ele me respeitasse, não me traísse daquela forma.

—Vida, ele não te respeitou e talvez Gabriela, isso tenha sido permitido por você, a primeira vez que você pegou conversas dele, João se deseperou, correu para todos os lados atrás de você, virou um louco, mas aí você perdoou em um dia, e ele fez de novo, e você retornou a perdoar e de novo, e então, ele perdeu o respeito por você amiga.—segurei seu rosto em minhas mãos

—Porque dói tanto?—um soluço escapou de sua garganta.

—É a dor de ser traída por quem ama meu amor.—beijo seu rosto

—Ele disse que nosso amor já era, Disse que não dava mais, que era melhor acabar. Isso antes de ir pra aquele maldito morro. Tinha dois anos, como assim ele pode jogar dois anos no lixo?—ela chorava compulsivamente, e a trouxe pros meus braços de novo. Doía saber que se João estivesse de braços abertos, Gabriela estaria aqui por ele novamente.

—A verdade é que um relacionamento não sobrevive da luta de uma pessoa apenas, se só uma luta, é por que não é amor.

—Eu acabei com ele...acabei com ele lá, porque eu vi ele com uma garota, e ele me olhou e fingiu que não me viu, canalha, filho da puta.—falou chorando.

O sangue esquentava, pensar que João humilhou tanto minha amiga assim me dava vontade de matar ele, eu poderia destruir a vida daquele desgraçado, mas ele iria se destruir sozinho. O João era um perdido, um solitário, uma pessoa tão vazia que a única coisa que ele poderia amar era a sua própria destruição.

—Mas agora acabou, já era...como ele disse, eu juro que nunca mais deixo o João ter direito a um sorriso meu, um beijo, um afeto, um amor, nada. Nunca mais—ela prometeu, convicta como as rochas no chão, e eu sabia que ali era o fim. João nunca mais teria a Gabriela e eu agradecia a Deus por isso.

O Dono Da Maré Onde histórias criam vida. Descubra agora