Capítulo 9

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Apesar de ter passado a madrugada conversando com o tal homem do clube de fetiches, Liz acordou animada para seu primeiro dia de trabalho na Lady.

Trocar as mensagem com seu amante secreto foi divertido. Não descobriu muitas coisas sobre ele, também não revelou nada sobre si mesma, preferiram relembrar a noite que tiveram juntos, e pelo que entendeu, uma noite da qual ele não se esqueceria tão cedo também.

No início da conversa, ele sanou sua dúvida, revelando que sabia que era ela quem havia ligado pois aquele número estava em desuso, e o passou apenas para ela, aguardando seu contato. Se era verdade ou não, Liz não quis saber, o que importava era que ela estava em contato outra vez com o homem que lhe proporcionou o melhor sexo de sua vida, e a melhor parte era que, assim como ela, ele queria repetir a aventura.

Quando questionou o motivo de ele não ter atendido a ligação, o homem explicou que era uma forma de manter a fantasia. Como se comunicaram pouco e apenas por sussurros, ele não conhecia sua voz e ela também não conhecia a dele.

Liz se frustrou um pouco, mas logo se convenceu de que era justamente aquele mistério que os levara ao prazer incomparável que sentiram. Não havia rostos nem vozes; podiam ser quem eles desejassem, a única coisa real era a química perfeita entre seus corpos. Para um sexo casual, não precisavam de mais nada.

Naquela noite, voltou a ter seus seus sonhos eróticos, mas como no início, o rosto de seu parceiro não passava de um borrão em suas lembranças. Era estranho. Se lembrava de seus toques, seus beijos, o calor de seu corpo, a forma como se sentia bem em sua presença, mas seu rosto, nada! Nenhum detalhezinho sequer.

Ao menos não foi o rosto de Miguel!

Por falar em Miguel, foi a primeira pessoa a ver quando chegou na Lady. Ele estava abrindo as portas da loja ao lado, e ficou levemente surpreso ao vê-la.

— Bom dia! Chegou cedo. —Olhou para o relógio em seu pulso. — Viviane não chega antes das oito.

— Fiquei com medo de me atrasar para o primeiro dia. — O homem abriu um pequeno sorriso.

— Ela não vai demorar, mas pode esperar aqui, se quiser. — Liz hesitou. — A menos que tenha medo de ficar sozinha comigo — provocou, arqueando uma sobrancelha.

— Por que eu teria medo? Você vai me morder?

— É uma dúvida ou um pedido? — Liz se limitou a sorrir enquanto caminhava até ele.

Assim que entrou na loja, Miguel baixou as portas e fez um gesto com a cabeça, pedindo que ela o seguisse.

— Toma café? — perguntou ao entrarem em uma cozinha improvisada. Era um lugar minúsculo, usada apenas para fazerem o café dos funcionários ou esquentar alguma marmita, caso alguém precisasse almoçar no serviço.

— Mais do que deveria. Por isso vou recusar. — Se escorou em um pequeno gabinete e o observou em silêncio enquanto ele preparava uma garrafa de café.

Como chegava muito antes do horário todos os dias, deixava o café pronto para que os vendedores pudessem se servir quando chegassem. Não era fã da bebida, mas gostava do aroma marcante, por isso não se importava de fazê-la todas as manhãs.

Passaram bons minutos conversando sobre nada em específico, apenas assuntos banais para passar o tempo.

Liz era mais falante, enquanto Miguel era um ótimo ouvinte. Sorria, assentia, fazia alguns comentários e respondia suas perguntas, mas era ela quem sempre tinha o que conversar, até que os assuntos acabaram e o silêncio caiu sobre eles, mas não de uma forma estranha, era um silêncio reconfortante.

Como em Meus Sonhos [Desejos Ardentes - Livro Um] CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora