— Vai hoje? — Miguel questionou o irmão mais novo. Davi era um homem de sorriso escancarado, que levava a vida da forma mais divertida e leve possível, o completo oposto do irmão. Não que Miguel fosse um amargurado, mas "leve" e "divertido" não eram os melhores adjetivos para descrevê-lo.
— Amanhã — disse tranquilamente.
— Amanhã é a festa de aniversário da Lavínia. — Sentaram-se em um banco de madeira de onde podiam observar a menina brincando em um pequeno parquinho que havia próximo ao centro da cidade.
— Durante a tarde. À noite, estarei livre. — O mais velho assentiu e ficou atento quando uma garota de cabelos castanhos se aproximou de sua filha. Aparentemente, tinham a mesma idade, e logo fizeram amizade.
Olhou ao redor, mas não viu ninguém que pudesse estar acompanhando aquela criança.
— O que foi? — perguntou Davi.
— Acho que não tem ninguém com aquela menina.
— Tessa! — Ouviu a voz de uma mulher e se virou para saber de quem se tratava, surpreendendo-se ao reconhecer a vendedora da loja de materiais para construção, que estava ao lado da mulher que conversava com a tal criança. — Hora de ir!
— Acabamos de chegar, mãe!
— Eu disse que não adiantaria correr para cá, Tessália. Tenho um trabalho daqui a algumas horas, preciso ir para casa — disse Mariana. A garota olhou para a tia com uma carinha de súplica. Sempre recorria a ela para conseguir o que queria.
— Tia... — Liz abriu a boca para interceder por ela, mas foi interrompida.
— Por que não deixa ela brincar alguns minutos? — Viraram-se ao mesmo tempo para descobrir quem era o dono daquela voz.
— Davi... — O irmão mais velho o advertiu. O rapaz não fazia por maldade, só não gostava de ver uma criança triste. O problema era que Miguel o conhecia, tolerava suas intromissões por ser seu irmão e conhecer seu jeito, mas não apoiava que ele interferisse na vida de uma desconhecida. Nenhum pai ou mãe gostaria de ter um estranho dando palpites na forma como educa e cria seus filhos.
— Uns minutos a mais ou a menos não farão diferença — insistiu, ligando o foda-se para os avisos do irmão.
— Como é? — Mariana encarou o rapaz, arqueando as sobrancelhas.
— Mari... — Liz sussurrou ao seu lado. Sabia o quanto irritava a irmã quando alguém tentava interferir no que ela dizia à filha. Liz quase sempre interferia em defesa da sobrinha, mas aguentava todos os sermões depois.
— Olha, eu sei que a filha é sua...
— Se você sabe, coloque-se no seu lugar e não se meta no que não é da sua conta!
— Jesus amado! — murmurou Liz. — Mariana, relaxa, o cara não falou por mal.
Davi sorriu e se levantou, caminhando até perto delas.
— Não foi minha intenção, me desculpe. — Estendeu a mão para Liz, que a apertou com firmeza. — Davi Dantas — apresentou-se cordialmente, recolhendo sua mão quando percebeu que Mariana não a apertaria. — Você disse que terá um trabalho daqui a algumas horas, achei que não atrapalharia se ficasse por mais alguns minutos. Só tentei ajudar.
— Não tente. — Ele voltou a sorrir.
— Não foi minha intenção desautorizá-la na frente da sua filha, senhora, só que, com o meu trabalho, é meio difícil ver crianças tristes por causa de uma bobagem.
— Senhora? — perguntou insultada. Mariana tinha um certo complexo com sua idade, mas o rapaz não tinha como saber.
— Eu falei tanta coisa e você só focou nisso? — Olhou para Liz, já perdendo a paciência. — Eu só dou bola fora ou ela é chata assim mesmo?
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Como em Meus Sonhos [Desejos Ardentes - Livro Um] CONCLUÍDA
RomanceSe encantar por um homem que sabe como tocar seu corpo e lhe proporcionar as mais fantásticas sensações, talvez seja o desejo de qualquer mulher, mas e se esse homem só existisse em sua cabeça? A jovem Liz, que sempre se orgulhou de ser uma mulher "...