Capítulo 21

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"Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém."
Augusto Branco

Antes de entrar em sua casa, Liz viu Davi se aproximando a passos largos. Olhou em volta, mas não avistou nenhum veículo que pudesse tê-lo levado até ali, mas no momento era o que menos importava.

Munida de uma furia que nunca havia sentido na vida, foi ao encontro dele, e, cega pela raiva, acabou lhe dando um empurrão.

— Você é um miserável! — gritou fora de si, sem se importar de ser vista pelos vizinhos. — O tipo mais baixo de homem que já tive o desprazer de conhecer!

— Pare de escândalo! Tem gente olhando — disse entrentes. — Eu é que deveria estar furioso com você! Você fodeu a minha relação com meu irmão, sua desequilibrada!

— Como se você desse a mínima para essa merda! — Passou as mãos furiosamente pelo rosto, enxugando as lágrimas que verteram.

— Miguel e minha mãe são tudo o que eu tenho, então sim, eu me importo com isso!

— Engraçado como sua consciência não pesou enquanto o enganava, não é? — Riu amargamente.

— O que está acontecendo aí, Liz? — Julinha, a fofoqueira da rua, perguntou de dentro de seu quintal. — Quem é esse homem?

— Cuida da sua vida, dona Julinha! — irritou-se com a senhora. — Que inferno! Não se pode armar um barraco decente nessa rua sem que você se meta? — A mulher entrou resmungando em sua casa, mas ficou observando tudo pela janela. — Quanto a você, espero nunca mais ter que vê-lo na minha frente. — Lhe deu as costas, mas Davi a segurou pelo pulso. — Não encoste em mim! — vociferou.

— Você vai me explicar o que está acontecendo?

— Não se faça de idiota, Davi!

— Vamos fingir que sou idiota, então você me explica tudo, detalhe por detalhe, combinado? — Soltou seu pulso. — O que deu na sua cabeça para foder minha vida, Liz? Por que fez sua irmã se afastar de mim, e pior, fez meu irmão me odiar?

— Vai continuar fingindo, Davi? Pois bem, eu fiz o que fiz porque não sou tão dissimulada quanto você para continuar escondendo a verdade dos dois.

— Que verdade? — perguntou pausadamente, como se falasse com a criança.

— Que nós transamos! — gritou, irritada.

— Misericórdia! — Ouviu a voz de dona Julinha, mas a ignorou.

— De onde sugiu esse absurdo, Liz? — perguntou perplexo. — Eu já cometi loucuras na vida, tantas que eu seria incapaz de listá-las para você. Já fiquei tão bêbado a ponto de quase — quase — perder a noção, mas nunca ultrapassei o limite da lucidez, então sei exatamente as mulheres com quem eu já transei e você não está entre elas. — disse seriamente.

Liz fez uma longa pausa, analisando tudo o que tinha acontecido e o que ele acabara de dizer. Talvez, ao contrário do que pensava, Davi também não soubesse a verdade.

— O clube, Davi — disse com um tom mais moderado.

— Liz, eu sou solteiro, o que faço para me divertir e aliviar meu corpo não diz respeito a ninguém.

— Eu também frequento o clube. Ou melhor, frequentei por algum tempo.

— E daí? Acha que nós transamos em algum momento? — Riu sem emoção. — Mesmo de máscara eu a reconheceria em algum momento.

Como em Meus Sonhos [Desejos Ardentes - Livro Um] CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora