Capítulo 8

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— Estamos sempre nos esbarrando — comentou Liz

— Parece que sim. — Ele foi até a cadeira que Viviane ocupava há pouco e se sentou de frente para a mulher. — Você não trabalha naquela loja de materiais de construção? O que faz aqui?

— Fui demitida. — Miguel arqueou uma sobrancelha. — Minha chefe era uma babaca. Bom, todos os chefes são babacas, está no currículo deles. Deve ser uma das qualificações exigidas para conseguirem seus cargos. — O homem se manteve impassível, então o olhar dela recaiu sobre o pequeno broche que adornava o blaser vinho que ele usava. — Oh, merda — murmurou ao ler a palavra "gerente." — Nem todos devem ser babacas, é claro.

— É claro — comentou, se divertindo com o desespero dela.

— Você, por exemplo, deve ser um chefe muito compreensivo, daqueles que sabem que as pessoas cometem muitos erros, mas que na maioria das vezes não é proposital, apenas porque têm um puta azar e só abrem a boca na hora errada. Merda! Eu não quis dizer puta, eu só estou nervosa. — Suspirou e fechou os olhos com força. — Quer saber, é melhor eu ir. — Se levantou para sair.

— Sente-se, Liz.

— Não é preciso continuar com isso. Quem em sã consciência contrataria uma pessoa que diz que os chefes são babacas em plena entrevista de emprego?

— Eu não contrataria, com toda certeza. — Ela assentiu. — Mas posso dar uma força para que outra pessoa a contrate. A que realmente será sua chefe. E é claro, manterei seu segredo escondido. — Liz franziu as sobrancelhas, sem entender. O homem se levantou, deu a volta na mesa e foi até ela. — Não tenho vínculo nenhum com a Lady, então não serei seu chefe.

— Aí, diz que é gerente. — Indicou o broche retangular em seu blaser.

— Sou responsável pela Lord, Viviane é quem cuida daqui.

— Mas, de forma indireta, você tem alguma influência, então por que vai...

— Quero ajudar você — interrompeu o que ela dizia. — Você precisa de um emprego, Viviane precisa de uma funcionária e Diego está louco para sair daqui. Mataremos três coelhos em uma cajadada só. — A morena mordeu as bochechas tentando conter o sorriso.

— Vai me ajudar mesmo? — Quando ele confirmou, Liz se atirou sobre ele e lhe deu um forte abraço, pegando-o completamente de surpresa.

— Isso não significa que o emprego é seu. — Ela tentou se afastar, mas os braços dele, ao redor de sua cintura, a mantiveram no lugar.

Seus olhares se prenderam e uma sensação acolhedora os envolveu, fazendo o mundo parar de girar por um instante.

Os corações batiam no mesmo ritmo, e seus corpos pareciam ter sido feitos sob medida para se encaixarem um ao outro. A atração era nítida em seus olhos e mais ainda nos sinais de seus corpos. Liz sentiu um leve arrepio percorrer sua espinha quando ele a segurou com um pouco mais de força contra si, como se quisesse se fundir a ela.

Era uma mistura louca de sentimentos, e somente o olhar não era mais o bastante. Desejavam alimentar aquela sensação desconhecida e ver até onde poderiam ir.

— É melhor você se afastar — disse ele, sem fazer qualquer movimento que indicasse que era o que realmente queria.

— Por que eu faria isso?

— Porque há uma grande chance de eu perder o controle e beijar essa sua boca se não o fizer.

— Estamos sozinhos aqui, vá em frente... Perca o controle — incitou, e teve os lábios assaltados no segundo seguinte.

Como em Meus Sonhos [Desejos Ardentes - Livro Um] CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora