26- pai?

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Sol narrando

Minha cabeça girava, minha vista estava embaçada por causa das lágrimas que insistiam em cair.

Eu corro, pois é a única coisa que eu sou capaz de fazer no momento. Meus pensamentos estão a mil, não me deixam raciocinar direito. A conversa que eu acabara de ouvir ainda estava fresca em minha mente.

Confusa, essa seria uma ótima definição para o que estou sentindo.

Sinto meu corpo se chocar com alguém que não me deixa cair pois seguram minha cintura.

- Ei, ei - as mãos me fazem olharem para o dono da voz.

- Dylan.. - O abraço e não me importo de deixarem minhas lágrimas caírem.

- Vem comigo - ele diz me afastando.

Sua mão segura a minha me levando para fora o estacionamento, ele abre a porta de seu carro me pedindo para entrar e assim faço. Ele entra em seguida.

- Ei? O que aconteceu? - ele segura meu rosto com as duas mãos.

- Eu ouvi a conversa de Tom com a tia Luci - digo - Ele conhecia minha mãe

- Tom conhecia sua mãe? - anuo.

- E disse que eu sou sua filha - respiro fundo vendo Dylan me olhar confuso.

- Seu pai? - diz devagar.

- Eu não, talvez eu posso ter ouvido pela metade mas.. - coloco as mãos no rosto - E se eu tiver entendido? Eu tenho um pai?

Dylan me puxa tirando as mãos do meu rosto.

- Você tem que conversar com ele, amor - ele diz

- Não quero criar falsas esperanças.

- Mas você não pode fugir disso, e saber da verdade. É a sua vida Sol, não pode se privar de saber sobre ela. Vai lá, d converse com ele e tire tudo a limpo - anuo.

- Agora? - pergunto e ele nega.

- Você tem que se acalmar primeiro - ele faz um sinal com a cabeça - Vem cá.

Me aproximo dele, descansando minha cabeça em seu peito enquanto ele me rodeia com seus braços me abraçando.

- Obrigada pelo que fez hoje - diz.

- Não deixaria você por nada.

Não estou o vendo, mas tenho certeza que ele sorriu.

[...]

Depois de um tempo dentro do carro, resolvi tomar coragem e encarar meus desafios, não poderia simplismente fingir que não escutei aquela conversa. Tenho que admitir eu estou com medo, medo de saber a verdade, de saber que minha vida foi uma ilusão em pensar que Jaden era meu pai.

De longe posso ver o loiro sentado na cantina do hospital, segurando uma xícara com as duas mãos encarando o líquido. Me aproximo recebendo sua atenção.

Tom faz um sinal para me sentar ao seu lado, e assim faço.

- Oi - digo assim que percebo que ele não falaria nada.

- Sol.. - ele sorri - Você se parece tanto com ela.

Uma lágrima cai de seu olho.

- Você a conhecia? - ele anui sorrindo.

- Eu era apaixonado por ela, nós éramos jovens. Meu maior sonho era viver o resto da vida com ela.

Já não me importo com as lágrimas que rolam minha bochecha.

- Mas ela foi forçada a se casar com Jaden, tudo para enriquecer ambas as famílias - seu olhar é desviado - Íamos fugir, mas o casamento foi adiado porque ela estava grávida..

Sem pensar no que estava fazendo seguro suas mãos que estavam por cima da mesa, ela me olha e sorri em seguida olhando nossas mãos.

- Ela estava grávida de mim - um suspiro sai de sua boca - Promete que não vai correr, ok?

Anuo.

- Parece loucura, talvez eu esteja errado Sol - ele me olha por alguns segundos - Mas, eu acho que sou seu pai.

Dessa vez, ouvindo ele falar para mim foi menos impactante do que ouvir ele dizer para tia Luci.

- Pai? - sinto meus olhos arderem.

- A gente pode fazer um teste de DNA, mas só se você quiser - ele respira fundo - Se quiser eu posso ir embora desse hospital e você nunca mais vai me ver.

- Eu vivi minha vida toda, achando que meu pai era um monstro. Eu achava que ele me odiava que eu não era bem-vinda. Foram oito anos de pura tortura, eu era apenas uma criança que viu a mãe morrer - ele passa a mãos nos cabelos - Me sentia rejeitada pelo meu próprio pai, eu nunca ouvi um "eu te amo" dele, na escola eu via todas as crianças com seus pais... Ele dizia que eu era culpada pela vida dele ser uma merda. Não me entenda mal, é que do nada você chega e diz que é meu pai? Que amava minha mãe?

- Sol, me desculpa se te assustei ou algo assim. Mas, isso é novo para mim também. Não estava nos meus planos descobrir que talvez eu sou pai - ele sorri - Mas se for, e se você aceitar. Acredite Sol, eu teria orgulho de ser seu pai, o pai que você nunca teve. Você não merecia ter vivido sobre o mesmo teto que ele, ele não tinha o direito de fazer isso com você e nem com sua mãe.

Orgulho, uma palavra que nunca saiu da boca de Jaden.

Por mais que fosse estranho, eu queria. Queria experimentar ter um pai, eu já me arrisquei me entregando ao Dylan que me mostrou que existe o amor que não dói, então eu acho que posso saber o que é o amor de pai.

- Ok, vamos fazer o exame - ele sorri mostrando os dentes.

Ele se levanta.

- Eu poderia pedir um abraço?

Que mal tem em uma abraço?

Me levantei e o abracei segurando seu tronco. Ele me apoiou o queixo em minha cabeça.

- Mesmo se você não for minha filha de sangue, tudo o que você precisar eu estarei aqui ok? Você é a filha da mulher que eu mais amei, e não me importaria de amar você também - ele ri - Não tem nem vinte quatro horas que te conheço e você já mudou minha vida, não tem como negar que você é filha de Suzana.

Continua..

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