Chapter 03: Home

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Nota: Alerta de gatilho para automutilação, o parágrafo ficará sinalizado com asteriscos (*****)

[...]

Quem vai te amar?

Quem vai lutar?Quem vai cair para trás?

— Skinny Love, Birdy.

O universo tem sua maneira estranha de colocar pessoas em nossa vida. Às vezes, um simples estranho que você cumprimenta no caminho para o metrô se torna o amor de sua vida. Holland nunca acreditou nessas coisas, mas ela não sabia que no momento que Noah atravessar aquela porta da cafeteria, seus destinos estariam entrelaçados por um bom tempo.

Naquela tarde em especial, Nataly termina seu expediente mais que frustrada, com toda a sua ira contida em seu corpo não tão grande. Ela mal se despede de seus colegas de trabalho no fim do dia, apenas tira suas roupas pesadas, alcança sua mochila e vai em direção ao ponto de ônibus. Dentro do transporte ela se senta isoladamente nos fundos, encosta sua cabeça no vidro gelado e dorme um pouco até que esteja no Bronx.

Há algumas pessoas assustadoras pela rua, mas novamente não é nada no qual ela já não esteja acostumada. Seus pés caminham até o prédio antigo onde mora. Ela não é do tipo de pessoa que tem uma boa relação com seus vizinhos, não que costume brigar com eles, é como se ela apenas não existisse ali. A única pessoa que sabe um pouco mais sobre ela é a dona do imóvel, que tem o que pode-se dizer que é um certo apreço pela negra.

Com o corpo cansado, ela abre a porta de seu apartamento e joga suas coisas em um canto. Começa a se despir ali mesmo e caminha em direção ao banheiro. A água do chuveiro está gelada, "maldição" ela pensa. Deve haver algo errado e terá de reclamar com a síndica assim que tiver uma oportunidade. Síndica essa que é ocasionalmente a dona do prédio. Pensando bem, talvez Nataly não fale nada, ela não gosta de reclamar qualquer coisa ou ser um incômodo.

*****

Rapidamente a garota abandona o chuveiro, vestindo uma blusa grande e gasta e uma bermuda da mesma forma. Ela procura algo para comer e decide que não vai gastar seu tempo com algo elaborado, então apenas esquenta o macarrão instantâneo e se joga no sofá velho de sua sala. Come silenciosamente fitando uma rachadura na parede graças às fortes chuvas do último inverno. Logo seu prato vazio está sobre a mesa de centro e uma lágrima solitária escorrendo por seus olhos.

É como ela se sente naquele momento. Sozinha.

As unhas não tão longas encontram rapidamente um caminho para seus pulsos, arranhando sua pele frágil até que ela esteja com sangue nos dedos. O choro intensifica e ela aperta uma das mãos sobre o peito. Seu corpo se inclina para o lado e em um minuto ela está chorando, mas no outro ela pega no sono.

*****

[...]

Merda! — Noah exclama ao se dar conta de que seu celular não está em lugar algum. Praguejando, ele apalpa os bolsos até que, como num passe de mágica, seu cérebro relembre de que a última vez que ele esteve em suas mãos foi naquele maldito café. Sua vontade era de voltar naquele mesmo momento para recuperar o que lhe pertence, mas já é tarde demais e provavelmente o estabelecimento está fechado.

Irritado, ele sobe as escadas em direção ao seu quarto sem buscar se comunicar com ninguém da casa. Logo está dentro de seu quarto e se tranca dentro do cômodo. Ele tira suas roupas, enquanto caminha em direção a suíte de seu quarto e logo sente a água morna pesar sobre seus ombros. Solta um murmúrio de contentamento, por mais que sua mente esteja a mil por hora.

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