Chapter 07: Couch

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Nota: Esse capítulo inspirou a história, então é o um dos meus favoritos, espero que gostem.

[...]

Seja meu amigo
Me segure, me envolva
Me descubra
Eu sou pequena
Estou carente
Me aqueça
E me respire.
— Breathe Me, Sia.

Gilbert se pega exclamando irado e adentrando o apartamento. No entanto, tudo o que Nataly Holland faz é se encolher encostada a porta e chorar. Há esse clima pesado pairando pelo ar, entrelaçado a respiração ofegante dos dois. O maior observa tudo ao seu redor, o cômodo destruído, os livros jogados, o vidro estilhaçado e finalmente se dá conta. Olhos escuros e avermelhados se erguem até ele quando suavemente ele se agacha em frente a Holland.

— Não há ninguém não é?

Noah indaga finalmente compreendendo o que acontece ali. Nataly não está sendo atacada por ninguém menos que sua mente. Ele observa o caos ao seu redor e o rosto sôfrego da garota e antes que perceba seu corpo se arrasta até ela, envolvendo o torso frágil dentro de seu abraço. Uma vez Noah havia lido que "abraços eram como cobertores de alma"¹ e de fato, naquele momento seu corpo tentava transmitir um certo tipo de paz ao ser humano quebrado a sua frente. Seria eufemismo dizer que não havia percebido como Nataly aparentava ser solitária, mas naquele momento ele compreendeu que era mais do que aquilo.

— Eu sei o que você está pensando. — Nataly murmurou com a voz rouca. Sua testa encostada no peito do mais velho e o olhar fixo no chão. — Eu não sou louca...

— Eu não... — Noah tentou se explicar, mas Holland o interrompeu antes que ele o fizesse.

— Eu não era louca pelo menos. Eu nem sei mais o que eu sou. Mas eu estou completamente sozinha e às vezes, é um pouco demais. — Ela lamentou com a voz embargada. Noah praticamente sentia seu coração se partindo com aquele relato. — Não briguei com você à toa naquele dia do café. Há alguns anos eu fui diagnosticada com esse transtorno. Isso sempre me afetou em qualquer relação, então, em algum momento eu decidi que era melhor ficar sozinha do despejando esse problema em todos ao meu redor.

— Nataly eu-

— Não diga que sente muito ou qualquer uma dessas besteiras que as pessoas dizem para parecerem complacentes. Nós não temos uma relação e você ainda não me cativou. Eu não te cativei. Não temos necessidade um do outro². Tudo o que você disser será da boca pra fora, para tentar me fazer controlar, mas eu juro que estou acostumada com essa merda. Vou literalmente juntar os cacos aqui dentro. Arrumar essa bagunça.

— Com todo respeito, mas... Olha eu juro que não quero te chamar de louca. Deus sabe que não, só... — Noah murmura após ponderar por alguns minutos — Pelo menos frequenta algum psicólogo? Toma algum remédio?

— Tudo bem, eu sei como essa área da medicina é necessária. Mas você realmente acha que pessoas na minha condição social tem tempo ou dinheiro para frequentar psicólogos? Eu preciso literalmente decidir entre pagar o aluguel ou algum médico. — Ela murmura, finalmente erguendo seu rosto e o limpando com as costas da mão.

Noah se afasta para que ela tenha um pouco mais de espaço e enfia as mãos dentro dos bolsos de seu jeans. Tem de admitir a si mesmo que está um pouco envergonhado por comparar sua realidade com a daquela garota que, francamente, mal conhece. Todavia, toda essa situação apenas o instiga ainda mais a querer conhecê-la. Cativá-la. Logo seus olhos se fecham por breves segundos, enquanto ele repensa com delicadeza quais serão suas próximas palavras. Seu peito aperta e a mente implora pela sua única saída em momentos como aquele. A garganta anseia e a boca saliva quando seus dedos capturam em seu moletom o maço de cigarro.

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