Final Chapter: Taxi

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Eu aprendi a perder você, não posso me dar o luxo de
Rasgar minha blusa para estancar seu sangramento
Mas nada te impede de ir embora...

No silêncio, quando estou voltando pra casa e estou sozinha.

— When The Party's Over, Billie Eilish.

[...]

O caminho até o aeroporto é tão doloroso quanto sua chegada naquela cidade. Com a cabeça apoiada no vidro gelado da janela do táxi ela se recorda perfeitamente de como era apenas uma garotinha assustada, com alguns trocados no bolso de seu moletom mais grosso passando sua noite em hotéis macabros em localidades obscuras.

Ela se recorda dos empregos diários na rua, em busca de um prato de comida e de como chegar até ali. Mas a diferença entre aquele momento e agora é que ela supostamente tinha alguém para se apoiar, dividir os medos e inseguranças - bem, ela pensava assim, até Noah simplesmente não aparecer. Sem sinais de vida ou sequer uma despedida decente.

"O que eu estava pensando afinal de contas? Que ele simplesmente fosse abandonar toda a vida que tinha para viver comigo?" Pensando agora, sua proposta parecia um tanto imbecil, impulsiva e desesperada. Porém Gilbert havia lhe ensinado que a paixão era isso, era aparecer na sua porta às sete da manhã mesmo que fosse para um passeio bobo pela cidade. Mas o amor... Era tão sensível quanto uma gota d'água e tinha o incrível poder de te deixar tão exposto quanto cantar pelado em frente a uma plateia no Madison Square Garden.

E agora ela sabia disso.

Engolindo o bolo formado no topo de sua garganta ela tentava não chorar. Não pensar que tudo terminaria daquela forma. Sem ele, sem ninguém, recomeçando outra vez. Se sua vida fosse um livro, aquele seria o epílogo perfeito para um próximo volume.

Sua mente estava tão distante naquele momento que ela mal percebeu que já havia chegado ao seu destino, com um motorista confuso lhe lançando um olhar piedoso. Foi quando ela percebeu que uma gota solitária havia escapado por seus olhos.

O piloto automático tratou de fazê-la pagar a corrida e encaminhar suas bagagens em direção ao local, passando no guichê para pedir uma passagem ao próximo voo e ignorando a forma como seu peito ardia, literalmente, sentindo falta de uma pessoa ali, naquele momento. Ela já não se importava mais de parecer uma garota estranha de moletom largo e tranças soltas caminhando com lágrimas pelos olhos em direção às cadeiras de espera. Naquele momento ela apenas gostaria de não sentir nada.

A dor era sufocante, mas não saber se deveria esperar por ele era pior.

E então, como uma fênix ressurgindo das cinzas, suas expectativas voltaram a tona quando uma voz no fundo de sua cabeça começou a ecoar seu nome. E quando finalmente ela se deu conta de que não tratava apenas de sua consciência e sim de alguém a chamando, houve uma aceleração tão forte em seu peito que ela pensou que poderia morrer ali mesmo.

"Era ele. Oh deus. Ele não havia desistido de si. Estava apenas um pouco atrasado." Sua mente sussurrou a si, enquanto ela tomava coragem o suficiente para buscar em meio a multidão aquele que gritava por seu nome.

Todavia tão rápido quanto suas esperanças vieram, elas foram embora, quando ela encontrou um rosto conhecido e ofegante.

[NOITE ANTERIOR]

Com a mente enevoada e a bile em sua garganta, Noah se viu dirigindo para um lugar onde pudesse colocar sua mente no lugar, pesar todas as coisas, repassar os acontecimentos das últimas horas e pensar em qual seria sua decisão. Não era fácil, ele sinceramente nem esperava que fosse, mas às vezes escolhas importantes e fatídicas precisavam ser tomadas. Talvez aquela fosse sua chance de mostrar a vida se suas convicções eram mais importantes que suas ambições.

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