Chapter 14: Bank

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Eu preciso de alguém para curar, alguém para conhecer
Alguém para ter, alguém para segurar.
— Someone You Loved, Lewis Capaldi.

A pequena Holland tinha doze anos quando tudo recebeu um nome.

Ela sempre havia sido uma maldita criança encrenqueira no colégio, se envolvendo em brigas com garotinhos e garotinhas desde os primeiros anos de escola sem se importar se sairia machucada no final.

Às vezes essas brigas começavam por motivos bobos, como quando um garoto tomou seu lápis de cor favorito por pura provocação e ela, sem a mínima paciência, o empurrou para fora de sua carteira, o fazendo bater a cabeça no chão.

Logo depois, ela se assustava claro, suas reações pareciam sempre precipitadas e um pouco demais. Ela se culpava e sentia o remorso no minuto posterior pelo que havia feito, mas aquilo nunca impedia de acontecer novamente.

Foi quando ela acabou sendo expulsa do colégio, por ferir gravemente uma garota que havia zombado de seu cabelo. Parecia sempre uma reação exagerada, mas além de ser proibida de voltar ao colégio, ela só poderia entrar em algum outro se sua mãe a levasse em um psiquiatra ou psicólogo.

A Holland mais velha se irritou, claro, mas não deixava de se preocupar com aquilo, unindo a situação de que ela havia reencontrado seu antigo namorado do colégio e ele estava de mudanças. Ela precisava passar uma boa impressão, ninguém poderia saber que tinha uma filha doente.

A médica que diagnosticou a pequena Nataly, conseguiu notar rapidamente os traços de seu transtorno, a forma como ela se irritava e tinha uma acesso a seu surto quando coisas pequenas davam errado, para logo se arrepender eram características de TEI.

Assim, receitou uma quantidade de remédios, para que a garota pudesse se controlar nesses momentos, unindo as terapias semanais. Mas certo dia, as contas se acumularam para a família Holland e Nataly nunca mais soube o que era viver em paz.

[...]

Há um curto espaço de tempo entre um copo de vidro indo em direção ao chão e o momento em que ele se estilhaça completamente. Durante esses milésimos de segundos o copo está entre seu estado natural, inteiro, e no outro ele já está destruído para sempre, sem qualquer chance de restauração. E é claro, também existem esses momentos na vida para pessoas como Nataly, mas diferente de um copo, para ela o curto espaço de tempo é entre sua reação exagerada e a culpa agonizante por ter passado dos limites.

Mas é importante saber que os momentos como esse não começam no minuto que o copo segue a gravidade em direção ao chão, na verdade para Nataly é mais como um efeito dominó. Uma conjuntura de situações que se acumulam em sua mente para serem despejadas sobre um inocente, quando seu copo interno alcança o chão.

Então na semana posterior, seu copo se quebra.

Na segunda-feira, Nataly precisa pagar algumas contas antes do trabalho. A fila está curta e ela decide aguardar. No entanto, ela não conta com a desnecessária lentidão da atendente que resolve fazer tudo da maneira mais devagar possível. Ela aguarda, batendo a ponta de seus pés impacientemente e estalando a língua no céu de sua boca, mas nada desperta a garota que se envolve em uma entretida conversa com sua colega do lado.

— Hey, Você pode ser rápida? Eu estou atrasada para o trabalho. — Nataly indaga quando chega sua vez, implorando com os olhos para a mulher que lhe fita com um olhar debochado.

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