Bom dia lindezas! Ontem o WattPad tava meio fora do ar, então não deu pra saber muito o que vocês acharam do capítulo anterior. Mas tudo bem, vocês me contam aqui, que tal
Deixa eu explicar umas coisas aqui: a história vai se passar agora, mas vai ter bastante flashback pra vocês entenderem como chegamos onde estamos hoje. Sempre vai estar tudo bem sinalizadinho com o ano em que as coisas estão se passando (e tudo que não for atual vai estar em itálico). Ah, e tudo vai se construir em fases, não vou colocar um nome por capítulo mais, o nome que vai na capa e no título se referem à fase da história que estamos!
Ok, parei de tagarelar, mas tava com saudade de falar com vocês! Venham dar um oi pra mim nos comentários e não esqueçam de votar ❤
2018
Gizelly
Já fazia algum tempo que eu sentia Marcela distante e eu culpava bastante os nossos trabalhos. Eu tinha muitos casos importantes e ela era médica, então também tinha uma vida agitada. Quando eu não estava trabalhando minha prioridade era estar em casa, com ela e Alessia, mas talvez ela precisasse de mais atenção individual. Eu vinha repetindo isso bastante ultimamente e estava tentando surpreendê-la com alguns gestos, presentes, carinhos. Nada tirava aquela sensação de que algo tinha mudado. Cheguei até a pensar que talvez ela não quisesse essa vida em família que tínhamos agora - o sonho de ser mãe sempre foi meu - mas ela garantia que não era isso sempre que eu perguntava. E bom, nós passamos um bom tempo planejando a vinda da nossa Lelê.
Eu e Marcela estávamos juntas desde 2009, meu primeiro ano na faculdade. Nos casamos assim que nos formamos, seis anos depois. Desde pequena eu sonhava com aquele dia e eu não posso reclamar: todos os detalhes se alinhavam com as minhas expectativas, meus amigos e família estavam ali e minha noiva estava linda no altar. Um ano depois usamos o meu material genético e um doador que se assemelhasse fisicamente com Marcela e foi ela mesma que criou nosso embrião em laboratório - e o carregou pelos oito meses que se seguiram. Alessia não quis esperar muito para nascer. No momento em que eu olhei para os olhinhos da nossa filha eu acreditei que tudo dali pra frente seria ainda mais perfeito. E era, aquela criança carregava a mágica com ela e encantava todo canto da casa.
Mas nem toda a mágica do mundo conseguiu esconder por muito tempo que as coisas não iam muito bem. Os plantões da Marcela ficavam cada vez mais demorados e eu nunca vi tantos bebês nascerem nos finais de semana. Demorou um pouco para que eu desconfiasse que algo estava errado, mas quando eu desconfiei as coisas se encaixaram bem facilmente. Marcela trabalhava com horários marcados 80% do tempo, não fazia sentido todo o tempo extra na clínica. Durante todos os anos que estávamos juntas, nunca tinha acontecido dela passar tanto tempo fora assim. E quando ela chegava de plantões antes ela chegava cansada, não com um sorriso no rosto como vinha acontecendo. Ela mal dava atenção pra mim ou para nossa filha. Os sábados ficaram solitários e os dias de semana também, mesmo quando ela estava ali.
A confirmação que eu precisava (mas não queria) veio em uma quinta à noite. Eu já estava na cama lendo um processo, o monitor que me mostrava Alessia dormindo no seu quarto estava ao meu lado e meu celular começou a tocar freneticamente. Atendi sem nem olhar o número na tela e antes que eu pudesse dizer alô as palavras foram despejadas em meu ouvido.
- Marcela onde você está? Não vai me dizer que esqueceu, eu juro que se você esqueceu nosso aniversário eu vou...
- Quem fala? - perguntei já com minhas mãos tremendo, ouvi do outro lado da linha um silêncio mortal e assisti minha mulher sair do banheiro do nosso quarto com a toalha enrolada no cabelo. Minhas desconfianças se encaixaram rápido e eu tirei o aparelho do ouvido, sabendo que eu não iria obter mais respostas. Assim que o fiz vi que tinha pegado o da Marcela por engano e "Bia Coelho" havia encerrado a ligação. Joguei ele em sua direção, ainda em cima da cama e a olhei por alguns segundos - Acho que você esqueceu o aniversário de alguém.
- Eu... - ela olhou para o telefone por um tempo antes de olhar pra mim - Gi, eu posso explicar.
- Quando as coisas começam assim, geralmente não acabam bem.
- Meu amor, não é o que você tá pensando. - ela sentou na cama, se livrando da toalha no cabelo e buscando meu rosto com suas mãos, eu não conseguia olhar pra ela.
- O que é então Marcela? - me encostei na cabeceira da cama, tentando impedir as lágrimas que se formavam no meu olho de escorrerem pela minha bochecha. Ouvi o silêncio antes do choro dela.
- Me desculpa, meu amor, me desculpa. - ela se debruçou sobre a cama, abraçando minhas pernas enquanto eu permanecia imóvel.
- Quanto tempo? Qual era o aniversário que você esqueceu?
- Seis meses.
- Seis meses... a Alessia ainda nem tinha completado 2 anos... - todo o meu conceito de tempo girava em torno da minha filha, da minha família. Talvez esse fosse o problema afinal. Suspirei e conferi seu sono através do monitor - Eu e ela merecemos mais que isso.
- Eu sei amor, foi sem querer, eu...
- Como você trai sem querer por seis meses Marcela? - me levantei da cama sem deixar que ela respondesse, não tinha nada a ser falado - Eu vou dormir no quarto de hóspedes.
- A gente pode conversar amanhã?
- Sim.
2020
Pisquei com dificuldade tentando espantar algumas lágrimas que insistiram em alcançar meus olhos. Quase dois anos atrás, na noite daquela ligação, eu tinha procurado saber quem era a mulher com quem Marcela passou seis meses sem que eu percebesse. E agora aquela mulher estava ali, descendo os degraus da casa da minha melhor amiga, sorrindo de algo que as outras mulheres diziam. E eu estava estática.
- Mamãe! - Alessia me chamou em um tom irritado, me fazendo olhar para baixo.
- Oi meu amor.
- Tá pronta a bóia?
- Sim, mas...
- Venham aqui! - a voz da B2 me interrompeu antes que eu pudesse pedir para Alessia não entrar na piscina e ela já estava perto demais junto com as outras três mulheres para que eu saísse dali - Gi, essas são a Thaylise, a Bárbara e a Beatriz, elas trabalham comigo.
- Beatriz, então. - estendi minha mão para a mulher que também me encarava quase sem piscar e consegui colocar um sorriso no rosto - Prazer te conhecer pessoalmente.
- Você sabe quem é a Bia?
- Só por nome B2. Prazer conhecer vocês também meninas. - cumprimentei as outras duas e sai de lá tentando andar calmamente em direção à Bianca - Eu preciso ir embora.
- Que ir embora mulher, a gente mal começou. A pirralha tá jogada lá na piscina super tranquila, você tá louca?
- Não, Bia. - me apoiei no balcão ao lado dela, sentindo meu corpo inteiro tremer - É sério.
- O que tá acontecendo? - seu sorriso se fechou ao perceber que eu não estava brincando, por alguns segundos eu não consegui fazer as palavras saírem - Gi, pelo amor de deus, o que foi?
- A mulher com quem a Marcela me traiu, tá aqui. Ela é amiga da B2, Beatriz Coelho.
- Aquela Beatriz? - concordei tomando um gole de cerveja - Ela trabalha na mesma agência que a Bianca. Eu vou matar aquela garota.
- Bia, não. Eu só preciso sair daqui.
- Ela quem vai sair daqui Gizelly, tá doida?
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Impulsos
FanfictionA advogada Gizelly começa a encarar de frente a nova vida de solteira após o fim de um relacionamento de dez anos com Marcela. A nova fase pode ser desafiadora, ainda mais quando uma das partes não facilita. E depois de tantas quedas, não é fácil en...