Capítulo - 5 [Reconstruir]

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2018


Marcela chegou em casa após mais um dia de trabalho e encontrou Gizelly terminando de servir o jantar, enquanto Alessia brincava ali por perto. Sentou-se na mesa depois de buscar a filha e colocá-la na cadeira mais alta. Não trocou muitas palavras com a morena que se sentou à sua frente. Se lembrou de perguntar como foi o dia dela e elogiar a comida que sempre saía com uma perfeição que só sua esposa conseguia, mas nada disso vinha naturalmente. Todos os dias ela repassava um roteiro do que deveria falar e o que não podia deixar de fazer para tentar melhorar o clima que pairava dentro de casa. Mas nem todo dia ela tinha disposição, na verdade na maioria ela não tinha. 

Às vezes Gizelly até parecia voltar a ser a mulher com quem ela se casou, as risadas que ela soltava ou o jeito que brincava com a filha. Mas no celular as mensagens de Beatriz queimavam, assim como a vontade da médica de respondê-la, de encontrá-la de novo. De viver uma vida sem preocupações. Aquele dia, mais ainda do que os outros 102 desde que a traição foi descoberta estava levando ela ao limite.


Gizelly


Depois de um jantar quieto como todos os outros desde que Marcela me pediu pra ficar, me levantei levando os pratos para a cozinha. Ela me acompanhou em silêncio nessa tarefa e enquanto eu levava Alessia para o banho. A cada dia que se passava aquela casa estava mais fria e as tentativas para salvar aquele casamento não pareciam fazer mais sentido. Nós mal conversávamos mais e ela continuava distante de tudo, apática, dando a impressão que era forçada a ficar aqui. O que não entra na minha cabeça, pois foi ela que me pediu pra ficar. Marcela se ofereceu para preparar nossa filha para dormir e eu aceitei, tinha que ler alguns processos atrasados. Me preparei para dormir e sentei na cama com meus papéis, estava perdida no caso quando Marcela entrou no nosso quarto.


- Ela dormiu?

- Como um anjinho. - peguei o monitor que estava sendo entregue para mim e deixei na mesa de cabeceira como sempre fazia. Optamos por não deixar a Alessia dormir com a gente, mas eu não desgrudava daquela tela quando ela estava longe. Observei Marcela entrar no banheiro e sair depois de segundos, o olhar que era direcionado para mim já me dizia que vinha uma discussão  pela frente - Gi, assim não dá mais.

- O que não dá mais Marcela? - perguntei sabendo que éramos nós e que eu concordava plenamente com isso, mas queria ouvir o que ela tinha para falar. Era difícil conseguir conversar com Marcela e consequentemente entendê-la. Muitas vezes ficava claro que qualquer querer individual era mais importante que o que nosso relacionamento pedia e esse querer geralmente não incluía conversas sérias.

- Eu não aguento mais chegar em casa e viver nossos dias assim, com esse clima.

- Não? Eu tô achando super confortável. - sorri ironicamente, tentando pensar em uma coisa que ela tinha feito para melhorar esses últimos dias e falhando em achar uma atitude positiva que tenha vindo dela, além dos sorrisos e interações forçadas - Você não aguenta Marcela? Me poupe.

- Eu cometi um erro, eu sei disso, mas você não precisa me tratar assim pra sempre.

- O seu "erro" ficou três meses atrás ou ainda manda mensagens no seu celular? - seu olhar cruzou com o meu e eu vi as respostas morrerem ali - Foi o que eu pensei. Se você gosta dessa outra mulher, admite logo e faz o que você quer. Eu não pedi pra você ficar comigo, foi você quem tomou essa decisão.

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