2020
RafaellaSenti Gizelly distante nos últimos dias, mas não só de mim, ela parecia distante do mundo inteiro. Tinha algo acontecendo dentro da sua cabeça e ela tentava muito esconder. E conseguia, na maior parte do tempo, tanto que por alguns dias eu não soube dizer se esse sentimento era paranóia minha ou se realmente tinha algo estranho no ar. A dúvida permanecia até hoje, no meu almoço com Rhelden e Manu, quando nossa amiga falou exatamente a mesma coisa que eu vinha refletindo.
- Eu não sei o que é. - Manu tomou um gole do suco de laranja que repousava na mesa perto dos nossos pratos finalizados - Mas que é algo eu tenho certeza.
- Ela pareceu normal ontem quando eu levei os gêmeos para brincarem com a Alessia. Inclusive, a Lelê pediu pra você levar eles lá hoje Rafa.
- Tá, eu tenho que ajeitar umas coisas com a Mariana do financeiro da escola, mas eu vou. Eu não sei dizer se algo está errado com a Gi, porque eu sinto que está, mas não parece que tem nada. O jeito que ela age é normal, nossas conversas continuam as mesmas e mesmo assim ela parece...longe.
- Não tá tudo bem, escuta o que eu tô falando. Aquele dia que a Lelê ficou lá em casa a Mari me ligou enquanto eu estava na padaria, pra eu levar mais coisas e chamar a Gi, porque ela parecia ter chorado quando chegou lá.
- Pra Mariana notar deve que estava bem explícito mesmo. - comentei e rimos por um momento, mas logo fiquei séria - Será que ela não confia em mim?
- Não se precipita Rafa, tenta falar com ela. Às vezes é algo que ela não se sinta confortável, não quer dizer que não confia.
- Não sei Rhel, como confrontar ela sobre isso se ela age como se estivesse bem?
- Você tá pensando demais, só fala o que tá sentindo.
- Isso é exatamente o que ela não está fazendo Manu!
- E você vai querer seguir no mesmo erro?
- Tá, você tem um ponto. Vou passar lá mais tarde e tentar conversar. - meu celular tocou e a foto dela apareceu na tela, pedi licença pra meus amigos e me levantei para atendê-la - Oi, tudo bem?
- Oi amor, tudo sim. - ela riu do outro lado da linha e pareceu genuíno naquele momento - Só liguei para ouvir sua voz um pouquinho.
- Assim eu apaixono. Mais.
- É essa a intenção. Aproveitando pra avisar que hoje o dia vai ser bem cheio aqui no escritório então só vou poder conversar mais tarde quando voltar pra casa.
- Tudo bem linda. - eu sorri, achava fofo demais o jeito que ela sempre me falava o que estava acontecendo por lá. Não que precisasse, mas era uma atenção legal - Amor, o Rhel falou que é pra levar os gêmeos mais tarde, confere?
- Sim! Lelê quer eles sempre. E eu te falei que ontem o Léo deixou eu dar a mão pra ele ir no escorregador?
- Não falou! Que lindos vocês. Eu te falei que você ia conquistar esse mocinho ainda.
- Ainda foi um pequeno passo, mas eu chego lá.
- Eu tenho que fechar o financeiro da Kalimann's com a Mari, posso deixar eles aí enquanto fazemos isso?
- Claro, assim que chegar em casa já preparo os lanchinhos.
Gizelly
Sai do escritório e busquei Alessia na escola antes de passar em uma padaria para comprar os bolinhos favoritos da minha filha. Ela falava sem parar desde o momento em que entrara no carro e eu, mais do que nunca agradecia por isso, porque me ajudava a parar de pensar nos erros de Marcela e em como eu ainda não tinha encontrado um modo de efetivamente descobrir se esse bebê nasceu ou não. Hoje enviei os papéis do processo contra ela, pela má conduta médica e com certeza eu ganharia, mas isso não me garantia nada em relação ao que mais me importava: saber se eu tinha outra filha por aí. Mas tudo bem, um passo de cada vez, era o que eu pensava sempre que a ansiedade pensava em atacar.
Rafa chegou e trocamos palavras rapidamente antes dela descer uns andares e encontrar Mari para trabalhar. As três crianças me deram pouco trabalho para comer e os entreti com alguns teatrinhos por um tempo, mas quando os gêmeos e a Lelê sossegaram em uma brincadeira só deles eu sentei para ler alguns papéis. Estava tentando descobrir os meus direitos nessa situação toda, achar um caminho para seguir.
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Impulsos
FanfictionA advogada Gizelly começa a encarar de frente a nova vida de solteira após o fim de um relacionamento de dez anos com Marcela. A nova fase pode ser desafiadora, ainda mais quando uma das partes não facilita. E depois de tantas quedas, não é fácil en...