Capítulo 38 [Perceber]

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Bom dia fazenda, safari, trouxas como eu! Acordei empolgada hoje e já tem capítulo novo. Ok, não tão "já" porque já são 10 da manhã, mas eu levantei agorinha kkkkk


2020
Rafaella

Os primeiros dias no apartamento de Gizelly foram um pouco tensos, mas olhando em volta acho que só eu estava sentindo aquela nuvem de tensão pairando em cima de mim. Rhelden não conseguiu remarcar o trabalho e seria muito dinheiro para perder, mas conseguiu adiar a viagem em dois dias. Então, durante cinco dias, eu dividi uma cama do quarto de hóspedes com ele. O que não seria problema nenhum em outras circunstâncias, mas só me fazia pensar que eu poderia estar dormindo nos braços da minha capixaba se eu não tivesse sido tão estúpida. Mas nós ainda não tínhamos conversado sobre como ficaria nossa situação agora então eu ainda tive esperanças que poderíamos nos resolver.
Ela estava ali, todos os dias - me tratando com um carinho que não era o mesmo de sempre, mas era muito para alguém que não pretendia me perdoar. Pensei que eu deveria puxar o assunto, mas as crianças estavam por perto o tempo todo, ou Rhelden. Sobre o Léo eu poderia falar junto com ele, mas sobre a gente eu queria que estivéssemos sozinhas. Então ontem ele partiu para o Rio, me deixando com uma intimação para resolver logo as coisas e dizendo que por ele o nome da Gi também entrava na certidão de nascimento. O carinho que eles tinham um pelo outro me agradava, assim como o laço que vinha se fortalecendo entre a Gi e o Léo.
"Mas vocês ainda precisam conversar!" a voz de Rhelden soou na minha cabeça com a mesma resposta que ele dava sempre que constatávamos que Gizelly não me odiava ou não estaria me tratando tão bem. Com a escola de Alessia também entrando em recesso, consegui reduzir as minhas aulas na Kalimann's e trazia ela e Sofia todos os dias comigo para que a Gi ficasse só com os cuidados do Léo. Hoje, assim que acabou minha última aula eu decidi que seria agora. Aquela conversa já estava atrasada. Deixei as meninas e um bom lanche comprado na padaria com Manu e Mari e subi para o apartamento que vinha sendo minha casa.


- Oi Rafa. - Gi me cumprimentou do sofá da sala perdida em um livro, demorou alguns segundos para ela notar que não tinha barulho em volta e levantar os olhos para mim - Ué, onde estão as meninas?

- No 1604, com um lanche reforçado. - suspirei e me aproximei dela, já com medo do que poderia vir a seguir - E o Léo?

- Dormindo.

- Eu acho que a gente precisa conversar. - ela acenou positivamente com a cabeça e abriu espaço para mim no sofá - Podemos?

- Claro. - ela sorriu levemente e olhou para o monitor que mostrava o quarto de hóspedes onde a cama tinha sido substituída por dois berços de montar - Eu não falei nada antes porque eu estava dando um tempo para você se recuperar do acidente.

- Eu tô bem Gi, mas obrigada pela preocupação. - ela fez um movimento com a cabeça que eu não consegui interpretar, mas o silêncio me dizia para seguir - Primeiro, eu queria te agradecer pela ajuda ao Léo naquela cirurgia. Se você não estivesse lá, talvez ele não conseguisse passar por isso. E eu não falo só do sangue, mas também da força que você transmite, tenho certeza que isso salvou meu menino. - me repreendi ao ver seu rosto se contrair com as minhas últimas palavras, mas não consegui pensar em como consertá-las.

- Não precisa agradecer. Eu já faria qualquer coisa para ver ele bem antes de tudo isso e agora...agora eu faria até o impossível pra ver aquele menino sorrir. Rafaella, quatro anos atrás eu nem sabia que dava pra amar alguém tanto como eu amava a Alessia e depois disso eu não achei que coubesse mais nada tão grande assim, até receber a confirmação daquele exame. Até ver o meu filho, como isso que ele é, pela primeira vez. Meu amor se dividiu, mas dividiu multiplicando.

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