Capítulo 32 [Perceber]

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ACORDAAAAA SAFARI, QUE VEM CAPÍTULO POR AÍ!

2020
Rafaella

Abracei forte Gizelly tentando espantar os fantasmas que habitavam a minha cabeça agora. Respirei seu cheiro, senti sua respiração se acalmar, pensei em como eu tinha sorte. Senti em cada parte do meu corpo como ela me fazia bem, como seu corpo encaixava em mim. Mas nada disso me fez conseguir dormir. Hora ou outra eu descansava alguns minutos, mas logo acordava novamente. A questão que já me atormentava há dias voltava mesmo que eu tentasse não pensar nela e, como se não bastasse, infestou meus sonhos também. O sol nasceu e meus olhos estavam pregados no teto. Quando o relógio do meu celular mostrou que estava no horário que os gêmeos costumam acordar, fui até o quarto de Alessia. Tanto Léo quanto Sofia ainda dormiam, estranhei o meu menino que nunca foi muito bom pra dormir estar com os olhinhos ainda fechado, sem dar sinais de que acordaria. Mas me aproximei do berço e confirmei que ele estava bem, talvez tenham sido todas as brincadeiras ontem. Ou talvez ele se sentisse tão bem ali como eu me sentia. Pela primeira vez esse pensamento não me trouxe um sorriso e eu me apressei em sair do cômodo, ainda sem saber o que fazer. Não reparei de início que Alessia estava acordada, mas antes que eu terminasse de sair do quarto ela se levantou.


- Bom dia Lelê. - tentei sorrir pra ela quando ela me alcançou no corredor, ela não me respondeu com palavras, apenas levantou os braços pedindo colo e apertou eles ao redor do meu pescoço assim que a levantei - Que foi meu amor? 

- Nada, achei que você precisava de abraço.

- Ô princesa... - meus olhos se encheram de lágrimas que eu consegui controlar para não caírem enquanto a apertei, deixando um beijo na sua testa logo depois - Eu precisava mesmo, obrigada.

- O que aconteceu?

- Eu tive um pesadelo, um pesadelo muito muito ruim.

- Não fica assim, não é real.

- E se for Lelê?

- Não é não. - ela me abraçou mais forte e falou no meu ouvido - Pesadelos são só sonhos que deram errado. Mas você já acordou tá bem? Vai ficar tudo bem. 

- Bom dia! - Gizelly apareceu sorrindo e um arrepio me percorreu inteirinha. De novo pensei em como podia uma só pessoa provocar tantas sensações em mim - Ei, que foi amor? 

- Ela teve um pesadelo mamãe. Cuida dela.

- Vou cuidar bebê, obrigada. Vai lá trocando sua roupinha pra gente tomar café.

- Tia Rafa, não precisa preocupar que eu olho os bebês.

- Obrigada princesa, eu amo você. - Alessia parou na porta do quarto e me olhou com os olhinhos brilhantes, voltando correndo para abraçar as minhas pernas.

- Eu também amo você. 


Só com as palavras dela eu repassei as minhas e, assim que ela entrou no quarto de novo, deixei algumas lágrimas caírem. Tentei secar meu rosto enquanto sentia o olhar de Gizelly em mim. Ela me deu espaço antes de se aproximar, me levando para a sala e beijando todos os lugar onde as lágrimas passaram. Uma agonia latente preencheu meu coração enquanto eu sentia seu toque. Segurei firme sua cintura e colei seu corpo ao meu, prendendo minhas mãos na camiseta que ela usava como pijama. Ela se assustou de início e depois sorriu, as mãos em minha bochecha fazendo carinho ao mesmo tempo que estavam firmes no lugar, me passando uma segurança que eu não merecia agora. Capturei seus lábios nos meus sem querer olhar naqueles olhos. Quando nos soltamos, conscientes de que nossos filhos estariam com fome logo, ela me perguntou novamente o que tinha acontecido. Reassegurei que tinha sido só um pesadelo, como Alessia já tinha me ajudado a contar, quando na verdade o sono nunca tinha vindo pra mim. Enquanto arrumávamos o café falei que não poderia ficar o dia todo hoje, como eram nossos sábados, teria que levar os gêmeos para o Rhelden e daria algumas aulas extras na Kalimann's. Não era tudo mentira. Era o final de semana dos meninos com o pai. Tomamos café da manhã em um silêncio quase completo entre nós duas, o apartamento era preenchido pelos sorrisos das três crianças que interagiam entre si. 

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