Prólogo

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A mulher corria tentando fugir da chuva que chegava, um novo decreto foi posto no mural do reino nesta tarde e ela tinha que achar uma saída.

Ajeitou o capuz na cabeça e apertou o embrulho contra o peito para não o molhar.

Parou de correr quando viu fogo vindo das tochas que soldados do rei seguravam, se encostou em um muro e tapou sua boca para esconder o barulho de sua respiração. Seus sapatos estavam cheios de lama.

Depois de alguns minutos, os soldados foram para outra direção e a mulher respirou aliviada.

A mulher percebeu que estava no bairro nobre, olhou para o embrulho dormindo no seu braço e sabia que só tinha um lugar seguro.

Correu atenta aos lados, trovões ecoavam nos céus, os deuses estavam com raiva ou era apenas algum fenômeno natural.

A mulher chegou na frente do casarão e um calafrio subiu sua espinha, a luz estava acesa então significava que tinha gente em casa. Ela se aproximou e deu três batidas na porta, depois de minutos a mesma foi aberta.

- Você! O que está fazendo aqui?- o homem olhou para os lados.- Não viu o novo decreto, porque não pegou o navio para fugir?

- Eu perdi o navio, eu não quero te por em perigo, apenas peço uma coisa.

- O que?- um resmungo baixo é escutado, a mulher afasta a capa revelando o embrulho.

- Cuide da minha filha.- o homem arregala os olhos.

- Ela é humana, também estará em perigo.

- Você pode protegê-la, se ela ficar comigo acabará morta igual a todos os bebês humanos.- o homem segurou a porta, pensando. Sua esposa e filha estavam dormindo no andar de cima.- Por favor, Arthur. É a última coisa que eu te peço.

O homem estendeu os braços e a mulher entregou sua filha nos braços dele, o bebê resmungou novamente mas logo se calou. A mulher deu um beijo na sua pequena testa.

- Obrigada, muito obrigada Arthur.- a mulher olhou para a bebê.- Cuide bem dela, cuide e proteja minha pequena Catherine.

- Dou minha palavra.- um acordo foi feito, os dois sentiram o arrepio na espinha comprovando. A mulher deu um passo para trás.

Ia se virar para ir embora mas foi parada por quatro soldados do rei, dois desceram dos cavalos e puxaram os braços da mulher para se afastar do casarão.

- Uma humana, você conhece o decreto. General, o que ela estava fazendo na porta de sua casa?- um soldado diz.

- Veio encher minha cabeça de baboseiras.- mentiu, a mulher agradeceu mentalmente por isso.

- E esse bebê?

- É minha filha, tenham respeito.- Arthur segurou firmemente a bebê adormecida.

- Mil perdões general, tenha uma boa noite.- a mulher chorava e sorriu uma última vez para Arthur e sussurrou um "Obrigada", Arthur foi fechando a porta devagar quando escutou o barulho de espada e o som de algo caindo no chão.

Com a porta fechada, Arthur se encostou na mesma e lágrimas caíram de seus olhos. O amor de sua vida estava morta e a bebê nos seus braços dormia tranquilamente.

A Coroa de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora