O barulho de espadas se chocando rapidamente ecoavam pelo casarão todo, a garota deu uma rasteira no criado e apontou a espada para o seu pomo de Adão.
- Ótima defesa, Catherine.- Arthur diz com os braços cruzados, Catherine tirou os fios soltos do seu cabelo do rosto e ajudou o criado a se levantar. O garoto fez uma reverência e saiu da sala de treino deixando a espada no suporte.
Catherine estava nos seus vinte anos, era um mulher esperta e bem treinada. Ela tinha olhos cor de mel, os cabelos eram longos castanhos claros, pele branca, um rosto com traços delicados mas com um olhar feroz, era magra e alta.
Só tinha um problema, ela era humana.
Catherine vivia no reino de Aragon, uma reino onde todas as pessoas tinham poderes mágicos e algumas eram até feitas de magia, com pele verde, olhos de gato, orelhas pontudas...
Há vinte anos, o Rei Henry decretou que todos os humanos deveriam morrer, pois crianças humanas ou híbridos de humanos e mágicos tinham a imunidade muito baixa e morriam fácil, eram considerados frágeis. Os humanos naquela época fugiram o mais rápido do reino, mas a maior parte morreu, a mãe de Catherine foi um deles.
Catherine cresceu sob os cuidados de Arthur Greendale, o general do exército do rei. Arthur e a mãe de Catherine, Eleanor, já foram amantes um dia, mas Arthur teve que se casar por união entre famílias. Eleanor deixou o Arthur casar mesmo os dois não querendo e depois eles nunca mais se viram, até a noite que a mulher bateu na sua porta e implorou que cuidasse de Catherine.
Arthur era um homem alto, pele negra, cabelos curtos castanhos, barba curta escura e olhos de íris cinzas claro. Era forte e tinha pequenas cicatrizes nas mãos de batalhas antigas.
Catherine cresceu tomando poções e misturas de venenos para ficar forte, quase morreu ainda bebê mas, pelas preces aos deuses, sobreviveu.
Catherine não foi a escola do reino, teve sua educação dada por tutores que foram em casa, ninguém além de Arthur, sua esposa e sua filha mais velha sabiam que ela era humana, Catherine era conhecida como filha adotada do casal.
Arthur era um bom pai, rígido nos treinos mas um bom homem. Ele contava como Eleanor era para Catherine e dizia que a garota era igual a mãe.
A humana cresceu e tinha um sonho impossível.
- Já estou pronta para ser uma cavaleira não?- Catherine diz sorrindo ofegante enquanto colocava as mãos na cintura.
- De jeito nenhum e já conversamos sobre isso.- Arthur diz apoiando a mão na espada presa na e saindo da sala.
- Mas pai...- Catherine revira os olhos e segue o homem.
O problema não era ser mulher, pelo contrário, Arthur apoiava ter cavaleiras nos exércitos. O problema era que Catherine era humana e Arthur tinha medo de perdê-la, ele fez um acordo com Eleanor que protegeria Catherine.
Acordos mágicos eram comuns pelo reino e bem fáceis de fazer, mas difícil de se livrar depois.
- Sem mais Catherine, já conversamos sobre isso.- Catherine correu para alcançar o pai mas parou quando sentiu uma dor no peito e uma falta de ar. Arthur se virou e correu na direção da garota, Catherine fez um jeito com a mão para ele parar.
De dentro da blusa ela puxou um pequeno frasco de vidro com formato redondo, o abriu e derramou uma gota na língua. A gota desceu queimando sua garganta como se tivesse bebido água fervendo, mas Catherine sentiu o efeito e voltou a ficar com a postura reta.
Arthur a olhava preocupado, o olhar que Catherine odiava.
- Isso não conta.- a garota diz guardando o frasco dentro da blusa novamente.
- Nos vemos no jantar, vá para o seu quarto.- Catherine abriu a boca para falar mas Arthur se virou novamente e entrou no seu escritório.
Bufando Catherine foi para seu quarto e caiu na cama olhando para o teto. Tirou o pequeno frasco da blusa e o segurou.
O frasco que ela tinha no colar, era uma mistura de poções e venenos, uma gota já fazia Catherine ter a força normal. Seu sangue se acostumou com as doses altas de poções e venenos, então ela acabou se tornando dependente disso.
Ela não tirava o colar por nada, com medo de roubarem ou dela perder, a poção era infinita e o vidro encantado para não quebrar.
Arthur o achou pelas ruas clandestinas e pediu a ajuda de pessoas confiáveis para fazerem a poção.
- Por que eu tinha que ser humana?- Catherine resmunga, a porta do seu quarto é aberta e uma pessoa pula na sua cama ao seu lado.
- Graças aos céus você já terminou de treinar, quero te mostrar minha música nova.- Genevive, a filha biológica de Arthur e Cassandra.
Era um ano mais velha que Catherine, as duas cresceram como irmãs e mesmo sendo a mais velha, Genevive se inspirava em Catherine.
Ela tinha quase a mesma altura que Catherine, olhos cinzas igual de Arthur, pele morena escura, cabelos ondulados loiros escuros com pontas azuis, causados por uma brincadeira quando ela era criança.
Genevive nunca gostou dos treinos de luta, então nunca participava. Ela escrevia músicas e tinha o sonho de ser a cantora real.
Catherine se sentou na cama e analisou os papéis com a letra.
- Ficou boa.- a irmã deu um sorriso.
- Discutiu com o papai de novo?
- Não.- Genevive bufou sabendo que era mentira.
- Posso cantar?- Catherine assentiu e sua irmã começou a cantar.
Capítulo revisado.
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A Coroa de Sangue
FantasyEm um reino onde os seres humanos eram condenados a morte, Catherine é a única humana no meio de criaturas mágicas. A coroação estava chegando mas as coisas dentro do palácio estavam um pouco estranhas. Catherine se envolve em intrigas e reviravolta...