Capítulo 28

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Meses se passaram e o reino estava em paz, o povo aceitava o reinado de Christian.

A aliança com Seymour trouxe bastante lucro para ambos reinos, Christian até visitou o rei pessoalmente para um jantar comemorando a aliança depois de anos.

O conselho começou a aceitar que Christian era um bom rei e durante as reuniões, aceitavam o fato de Catherine opinar bastante.

Catherine foi elogiada pelos treinadores do palácio e até por alguns guardas, sempre ficava atenta quando havia bailes. Christian pedia para ela se divertir mas a garota não saia do seu posto.

Catherine visitou os pais e soube que Genevive estava noiva de James, as duas ficaram felizes e o casamento estava marcado para o próximo inverno.

Depois de um puxão de orelha de Catherine, Christian nomeou Genevive como cantora real, a garota quase morreu com a notícia.

Christian e Catherine não tinham muito tempo a sós, estavam ocupados com as reuniões e os treinos que Cathe fazia. A cada dia que se passava, a raiva que Catherine possuía por Christian não passava de uma memória.

Os dois, às vezes pelos corredores escuros, trocavam beijos e carícias antes de serem descobertos ou alguém sentir falta do rei.

Hoje era uma noite de baile, comemorando o solstício de verão. O salão de baile estava cheio de convidados, pelo reino todo fogueiras eram acessas e pessoas faziam ofertas aos deuses.

Genevive cantava graciosamente perto dos músicos usando um vestido azul claro. Chirstian havia dispensado Arthur então o homem agora dançava uma valsa com a esposa.

Catherine estava de pé ao lado do trono, usava um vestido longo preto com detalhes florais de alças grossas, os cabelos presos em uma trança de lado arrumada, salto preto e a espada presa no suporte da cintura.

Christian estava sentado no trono segurando uma taça de vinho, usava calças marrons, botas pretas e um casaco cor creme como entalhes dourados. Na cabeça, a coroa de sangue reluzia.

Christian até foi chamado por duas filhas de duques para dançar mas recusou o pedido das duas.  Soltou um suspiro fazendo Catherine olhar para o mesmo.

- Preciso pensar.- Christian diz levantando e descendo os degraus da plataforma.

- Você não pode...

- Eu sou o rei, posso e vou.- Christian se virou para Catherine.- Você vem comigo também.

Catherine fechou a boca e segurou a saia do vestido seguindo o rei. Pessoas o cumprimentavam ou faziam reverência enquanto passava, os dois foram até o jardim.

Uma brisa quente já começava a surgir, mas o céu estava aberto e com muitas estrelas. Todas as rosas estavam abertas.

- Está sem paciência hoje?- Catherine pergunta quando os dois ficam a sós.

- Com dor de cabeça, foi aquela reunião chata de mais cedo.

- Você quase dormiu.- Catherine diz rindo fraco.

- E você pisou no meu pé para me acordar.

- Vossa majestade ia passar vergonha dormindo no meio de uma reunião.- Christian revirou os olhos sorrindo fraco.

- Já fez sua oferenda e pedido aos deuses?

- Já, espero que dessa vez eles me escutem, nunca realizaram o que eu pedia.

- Vão realizar, o sacerdote mesmo falou, oh rei abençoado pelos deuses.- Catherine tentou fazer Christian rir, ele riu fraco e voltou a ficar calado novamente.- O que houve? Você está muito calado esses dias.

- Cathe.- Christian se virou fazendo os dois pararem, depois de segundos ele falou.- Sabe por que eu era...sou cruel com algumas pessoas?

- Não.

- Porque essa era a única coisa que chamava a atenção do meu pai, às vezes ele me batia mas outras sorria. Cresci com esse pensamento, minha mãe até me dizia para não fazer aquilo mas sabe como uma criança quer chamar atenção do pai.

- O que houve com sua mãe?

- Meu pai mandou prendê-la, igual as dos meus irmãos, obrigou elas a saírem do palácio. Nunca mais vi ela, mas lembro até hoje da canção que ela cantava antes de eu dormir.- Christian cantarolou a melodia da música e Catherine reconheceu.

- Qual era o nome de sua mãe?

- Margaret, Margaret Hills.

- Ela ficou em uma cela perto da minha, cantarolava essa música toda noite me acalmando. Quando sai da prisão, agradeci a música e ela deu um sorriso.

- Me avisaram do suicídio dela, ia liberta-lá mas não consegui a tempo. Acredito que ela está em um lugar melhor.- Catherine segurou a mão de Christian e o garoto olhou para o toque.- Cathe...toda vez que eu olho para aquela escada no salão eu lembro da primeira vez que vi você descendo dela, a curiosidade que eu tive em saber sobre a "nova" filha do Arthur.

- Eu recusando a dançar com você.

- Depois eu te obrigando a dançar comigo.- os dois riram.- Você foi a primeira pessoa depois de anos que falou daquela forma comigo, nem meus irmãos falavam daquele jeito.

- Você ameaçou a cortar minha língua.

- Que bom que eu não cortei.- Catherine virou o rosto para trás para ver se tinha alguém vendo e depois deu um soco fraco no ombro do garoto.

- A onde você quer chegar com isso?

- Apenas quero que você saiba que...eu acabei me apaixonando por você de uma forma que eu nunca pensei que pudesse.- Cathe abriu um pouco a boca e sentia seu coração bater forte no seu peito.

- Christian...

- Se for para me rejeitar, já vou pedir para os guardas prepararem sua cela na prisão...- antes que Christian terminasse, Cathe segurou o rosto do garoto e selou seus lábios. Christian aprofundou o beijo e enrolou os braços na cintura da garota.

- Uhull! Edward vai lá pegar uma taça de champanhe para mim.- os dois escutaram a voz de Anne, os amigos estavam encostados na porta de vidro vendo a cena.

Christian sem separar o beijo jogou uma pequena bola de fogo na direção dos dois, Anne deu um grito estérico e puxou Edward. Foi apenas para dar um susto, a bola atingiu os pés deles apagando.

Catherine não segurou o riso e separou o beijo rindo, olhou para trás e viu Anne batendo na saia do seu vestido xingando baixinho.

Os dois voltaram a se olhar.

- Por que fez aquilo?

- Seus amigos são muito irritantes.- Cathe levantou a mão e passou o dedo em um dos rubis de sangue da coroa, depois deixou a coroa torta na cabeça de Christian.

- Acho que eu também me apaixonei por você, Chris.- O garoto sorriu sem mostrar os dentes e depois voltou a beijar a garota ainda a abraçando pela cintura, os braços de Catherine foram para os ombros de Christian.

A coroa acabou caindo na grama e reluzia sobre a luz da lua. Christian agradecia mentalmente aos deuses por ter atendido o pedido dele esse ano.

Não foi rejeitado pela mulher que ele ama.

Capítulo revisado.

A Coroa de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora