Capítulo 1 - Mateus 5:43-44

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AVA


Um som doloroso escapou entre seus lábios ao sentir as costas colidirem contra a coluna de mármore, quebrando a mesma e enviando uma corrente de poeira para todas as direções. Foi por entre a névoa de sujeira que Ava se arrastou pelo solo, afastando as pedras da sua frente para que continuasse em frente e alcançasse a espada de divinium.

A lâmina de cor azul brilhante perfurou o estômago daquele que a tinha arremessado no instante em que ela se virou. No início, Ava sentiu alívio, ela estava segura e não seria morta por um possuído, mas, ao ver o espectro vermelho escapando pelos poros do homem, ela percebeu o que tinha feito. Os olhos do fiel estavam arregalados, confusos e, depois de segundos, imóveis em direção a ela. Aquele era o mesmo olhar que o homem do açougue em Ronda – o pequeno vilarejo o qual esteve com Mary – tinha lhe dado após ter o demônio expulso do seu corpo.

A espada escapou de suas mãos conforme o corpo caiu por cima de si. Ela o afastou, assustada, pegando a faca que possuía e atirando contra o espectro, que se dissolveu em instantes.

Um grito familiar vindo do outro lado do pátio foi o que tirou a atenção de Ava do homem morto. Camila estava ajoelhada ao lado de Beatrice, carregando sua besta e atirando em quem se aproximava. Quando Mary cobriu sua guarda e a pequena irmã abriu espaço, Ava pode ver o que realmente tinha acontecido.

- Ava! – a portadora do Halo arrastou-se para trás assim que Adriel caiu mais uma vez. Lilith, que tirava as garras do pescoço dele, agarrou o braço dela, a carregando até onde as outras estavam. – Precisamos sair daqui, as autoridades já devem estar nos arredores da cidade.

- Lilith tem razão – disse Camila com a voz trêmula, ela pressionava o ferimento da irmã Beatrice. – Adriel será obrigado a fugir também e nós não estamos nas melhores condições de continuar lutando.

- Precisamos levar Bea a um hospital – Ava quase não pode se ouvir.

- Não podemos, o Cardeal Duretti deve ter colocado nossos rostos em todos os lugares, está fora de questão irmos a lugares públicos – Lilith retrucou.

- Papa Duretti, você quer dizer – as palavras saíram raivosas por entre os lábios de Shotgun Mary.

A Freira Guerreira não conseguia tirar os olhos de Beatrice, ela parecia calma, mesmo por debaixo de toda a poeira e sangue que cobriam seu rosto. Ela sentia-se apavorada, não sabia o que fazer para ajudar. A angustia que invadia seu corpo era a mesma de quando acordou após o acidente sem conseguir se mover e sabendo que tinha perdido a pessoa mais importante da sua vida.

Num impulso, Ava se aproximou, colocando um dos braços por debaixo dos joelhos da irmã desacordada. Camila percebeu o que ela fazia e ajudou a ajustar Beatrice em seus braços.

- Para qual lado vamos? – ela perguntou.

- Devem ter varias vans no estacionamento a nordeste, logo na fronteira. Não estamos muito longe. Vamos – Lilith tomou a frente.

No meio de todo aquele tumulto, não era tão estranho avistar quatro mulheres com malhas de aço correndo pela cidade do Vaticano com uma quinta mulher sendo carregada.

Mary tomou o volante da primeira van que encontraram, destravando as portas e se agachando no banco para fazer a ligação direta. As outras se responsabilizaram em acomodar Beatrice no carpete do veículo. Camila voltou com a missão de estancar o corte profundo no estômago e Ava usava as coxas para manter a irmã confortável.

You know I do - AvatriceOnde histórias criam vida. Descubra agora