Capítulo 16 - Romanos 16:17

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MARY


Sempre teve um apreço muito grande pelo jardim posterior do Berço do Gato. Foi um lugar onde passou mais da metade de seus dias quando estava sendo treinada, já que maioria das garotas não aceitava o fato dela apenas querer servir a causa, mas não à Deus, então gostava de se isolar em todos os cantos possíveis daquele jardim. Foi pega de surpresa quando se deparou com a grama alta em um verde apagado; as árvores tropicais – devido à região praiana – estavam com as folhas secas, algumas mudas chegavam a cair e deixar o lugar cada vez mais deprimente; os arbustos onde costumava se esconder atrás não tinham mais flores e muito menos folhas, apenas os galhos secos sobreviveram ao descuido. Apoiou-se na fonte central do jardim, ela não jorrava água, parecia estar desligada a muito tempo, já que o restante do líquido que continuava na piscina de gesso estava verde e repleta de lodo. Apenas negou vagamente com a cabeça, voltando a caminhar pelos cascalhos.

Ao sentir o vento gelado do fim da tarde, ajeitou o capuz do moletom, aproveitando para puxar as mangas do sobretudo que usava por cima do agasalho para baixo; encolheu os ombros e continuou seu percurso até chegar numa estrutura pequena, não hesitando em passar pelo arco de entrada. O local tinha somente um único corredor e, nas paredes, placas com nomes e datas. Mary avançou alguns passos, não demorando ao se deparar com a placa de Shannon, onde no suporte dourado tinham algumas flores secas. A guerreira substituiu as flores por novas antes de passar os dedos pelo relevo profundo do nome da freira falecida. Caso estar ali dependesse de si mesma, ela não teria posto os pés no lugar uma outra vez, mas no fundo ela sabia que sua presença era necessária e que somente ela estava disposta a lidar com aquele problema no momento.

O silêncio foi quebrado alguns minutos depois quando ela começou a ouvir passos ecoado pelo corredor.

- Ele já chegou – suas mãos deixaram a placa, escondendo-se nos bolsos do sobretudo. – Venha.

Mary balançou a cabeça, aceitado a passagem dada pela Madre Superiora.

- Está morando aqui sozinha? – perguntou.

- Algumas garotas como você preferiram ficar, sabe... preocupadas apenas com o treinamento – a garota assentiu, desviando seu olhar da mais velha.

- E para onde a maioria foi?

- Eu não faço ideia – pode perceber a frustração em sua voz. – Só sei que uma nova cede foi inaugurada, elas provavelmente estão lá.

Madre abriu a porta do convento, novamente deixando que a guerreira passasse à sua frente.

- Sei que ele planeja ajudar com o Adriel, mas querer abrir novos centros de treinamento e continuar com a causa mesmo depois de tudo... isso é uma completa estupidez – franziu as sobrancelhas. – As irmãs guerreiras nem possuem mais o Halo. Qual o sentido em combater algo que não se pode ver?

- Talvez ele esteja apenas empenhado em criar um exército de fiéis.

- Nesse caso, ele é apenas um idi...

Foi interrompida pelo aperto da Madre em seu braço. Quando olhou para frente mais uma vez, encontrou o Papa Duretti sentado em um dos bancos em frente ao presbitério. O religioso se levantou ao se deparar com a presença das mulheres.

- Não nos vemos a bastante tempo, hum? – ele perguntou ao juntas as mãos em frente à barriga.

- Eh... – Mary lutou para não soar como um resmungo.

You know I do - AvatriceOnde histórias criam vida. Descubra agora