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AVA
Por mais incrível que pareça, ela não tinha se atrasado para o treino com Mary. De fato, tinha chego até mesmo mais cedo no pátio posterior. Suspeitava que ainda estava muito agitada pelos eventos anteriores, afinal, ela quase tinha feito uma besteira. Uma grande e, possivelmente, satisfatória besteira. O martírio pesava em sua cabeça. Sabia que tinha ido longe demais, mas seu corpo agia como nunca antes. Era um tipo diferente de vontade.
As freiras que ficavam de vigia nos portões dos fundos já deviam estar taxando-a de louca por dar inúmeras voltas em torno da mesa lotadas de armas, algumas que ela nunca tinha visto na vida, nem mesmo em shows de televisão. Suas botas pararam sobre o cascalho e ela passou a mão por cima das pistolas. Não fazia ideia o nome da que tinha em mãos, mas apertou o cabo, sentindo o seu peso.
Apontou para um dos alvos, mudando a cabeça de posição e tentando achar uma mira girando o punho.
- Você não é nenhum gangster, por favor, segure a arma direito.
Ela saltou em susto, quase pressionando o gatilho. – Mary! – abaixou a pistola. – Eu quase que atiro. Porra.
- Você não ia atirar nem se quisesse – a negra arqueou a sobrancelha direita, colocando as mãos nos quadris. – A trava de segurança está ativada.
- Oh, ok – preferiu colocar a arma de volta na mesa. – Que bom que você chegou, eu estava mesmo querendo conversar com você – Ava se aproximou nervosa.
- Wow, calma – seus ombros foram segurados por Mary. – Você matou alguém e precisa de ajuda para esconder o corpo?
A cabeça dela balançou assustada e confusa. Um suspiro pesado escapou por entre seus lábios e ela piscou rápido, lembrando-se do homem que tinha matado do Vaticano. Os olhos surpresos e amedrontados apareceram em seus pensamentos e ela abaixou a cabeça envergonhada, preocupando a mulher a sua frente.
- O que você fez?
- Não era sobre isso que eu queria falar, mas eu só estava me protegendo, ok? Ele veio para cima de mim e eu não soube o que fazer. Quando eu percebi, eu... eu...
- Ava, respire – Mary continuava a segurar seus ombros.
Ela puxou uma grande quantidade de ar. – Eu o matei, mas eu não queria que tivesse sido daquela forma.
- Escute, naquele dia todas nós chegamos ao nosso limite. Algo como aquilo nunca tinha acontecido e não estávamos preparadas para lidar com tudo. Pelo amor de Deus, Beatrice morreu e você a trouxe de volta. Tenho certeza que isso não estava nos seus planos, hum? – Ava negou com a cabeça. – Todas nós fizemos coisas horríveis naquele dia, coisas que não nos orgulhamos. Adriel vai vir com tudo da próxima vez e eu espero que estejamos preparadas, mas no momento você só deve saber que nada disso é culpa sua, tudo bem?
- Eu só não consigo esquecer a os olhos dele. Depois que o espectro saiu ele me olhou tão assustado... – soou chorosa.
- Isso é normal, é algo com que aprendemos a viver – Mary não sorriu, mas Ava sabia que ela estava tentando ajuda-la de alguma forma. – O que acha de se distrair um pouco com esses alvos?
- Eu acho uma ótima ideia – deu risada ao se separar da guerreira.
- Aliás, você não escapou do verdadeiro assunto que queria conversar – disse, preparando uma sequência de armas na mesa. – Falamos sobre no jantar, tudo bem?
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You know I do - Avatrice
FanfictionApós o desastre no Vaticano, as irmãs guerreiras são aterrorizadas pelas consequências. Adriel e o Padre Vincent fugiram, e a Ordem da Espada Cruciforme suspeita que eles demorarão a realizar um outro ataque devido a situação atual da Igreja. É o mo...