Capítulo 5 - Cântico 2:6

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BEATRICE


Uma van com o logo da ARQ-Tech estava estacionada no pátio frontal do Berço do Gato quando chegaram da praia.

Desde que tivera conhecimento da empresa, antes de todos os acontecimentos que a envolveram com Adriel, não apreciava algumas de suas ações; por um lado era bom querer provar a existência de personalidades bíblicas através da ciência, mas tentar alcançar os mundos bíblicos fisicamente não parecia ser uma boa ideia.

Por muito tempo, Beatrice julgou Jillian e sua companhia. Não fazia sentido em sua cabeça que a mulher estivesse tentando abrir um portal para o céu, sendo que o logo oficial de sua empresa tivesse o tridente do Diabo. Contudo, a mulher tinha ajudado seu time inúmeras vezes e isso não era algo que ela podia esquecer.

Ao chegarem na biblioteca, ela sentiu-se aliviada e feliz ao ver todas suas amigas juntas. Depois do que passaram, era possível observar que tudo cooperou para torná-las mais unidas. Continuava parada ao lado da primeira estante de livros, com Ava atrás de si, observando a interação das garotas. Mary estava sentada na mesa com os pés no banco, onde Lilith estava; ela parecia melhor, apesar dos cabelos brancos terem mudado radicalmente seu visual. Camila se mantinha em pé e dava risada de algo que Mary tinha dito, ela se virou para esconder o sorriso e a avistou, acenando com a mão para que se aproximasse com Ava no seu encalço.

- Fico feliz em ver que você ainda não tropeçou e se matou com a espada, Ava – disse Lilith.

- Ha ha ha – ironizou. – Você até que tem um bom senso de humor – a portadora também se sentou na mesa, dando um leve chute na coxa de Lilith, que retrucou apertando um nervo na panturrilha da garota.

Camila se aproximou para dar um abraço desajeitado nela, segurando sua mão e a puxando para mais próximo das amigas. Ava tinha entrado em uma conversa particular com Mary.

- Como foram as coisas na ARQ-Tech?

- Eu quase me transformei em um rato de laboratório – satirizou. – Será que as donzelas podem prestar atenção aqui? – perguntou irritada com os cochichos.

- Desculpa – Ava pediu ainda rindo. – Continue.

- Jillian descobriu algumas coisas. O lugar onde fui atingida pelo Terask continha divinium, e aparentemente ele também corre em minhas veias – deixou as mãos caírem nas coxas.

- Isso não faz muito sentido, o divinium não tem propriedades medicinais, nunca vimos isso acontecer – pontuou.

- Não significa que não possa acontecer – Camila deu de ombros. – Eventualmente vária coisa que achávamos impossíveis aconteceram.

- Sabemos agora que os Terasks têm a armadura de divinium, e se você estiver se transformando em um? – disse Ava, fazendo com que todas arregalassem os olhos. – Não quero ser insensível, mas você esteve do outro lado e não se lembra de nada. Não podemos supor que é normal que você tenha simplesmente voltado dos mortos com poderes.

- Você voltou dos mortos com poderes.

Ava empurrou Mary pelos ombros. – Isso foi diferente, ok? O que mais a Salvius falou?

Lilith respirou fundo antes de continuar a explicar que os testes apontavam anormalidade e que seu DNA estava com mutações que nunca foram vistas pela medicina. A freira se sentia frustrada pelos resultados serem inconclusivos, afinal, estava esperando que descobrissem o que tinha de errado com ela. Beatrice reparava em seu olhar triste ao dizer que não podiam culpar Jillian por não terem uma resposta, ou até mesmo por ela ter demorado para fazer os exames.

You know I do - AvatriceOnde histórias criam vida. Descubra agora