Capítulo 15 - Romanos 6:7

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AVA


Por mais que desejasse o fim de todos aqueles problemas que a envolviam, ela queria poder adiar todos eles apenas para não ter que enfrentá-los. Na sua cabeça, ela pensava em como seria do outro lado do portal. Seria vermelho, com um calor de matar, rochoso e escuro? Seria um mundo normal onde a maldade reinava? Seria um vácuo onde, se entrasse, você não voltaria mais? Não tinha certeza se queria descobrir como o outro lado era.

Quase ajoelhou-se no meio do celeiro, querendo agradecer a Deus quando a Dra. Salvius pediu mais um dia para terminar de ajustar os últimos detalhes, mas não gostou do fato de ter que passar aquele dia inteiro junto com a mais velha. Segundo Jillian, o divinium precisa estar ativo para que o portal funcione e a única coisa capaz de fazer isso é o Halo, o qual está preso a Ava.

Passou quase 18 horas – contadas pela doutora – naquele lugar. Na maior parte do tempo ela preferiu ficar deitada no sofá onde a loira dormia, brincando em alguns aplicativos que tinha baixado em um tablet da ARQ-Tech. As vezes se levantava para circular pelo local, mexendo em algumas ferramentas até ser reprendida por Jillian, que pedia para ela voltar para mais próxima do portal. Mary aparecia constantemente, perguntando como as coisas estavam indo e sempre levando algo para Ava comer, aproveitando para atualizá-la da situação de Camila; a pequena freira estava bem melhor e o dia a mais de recuperação tinha ajudado bastante, afinal ela já andava sem problemas e só começava a doer depois de quase uma hora em pé.

Mesmo com tudo que perturbava sua mente, havia algo que se sobressaia e era o fato de Beatrice estar a ignorando. Ava a tinha encontrado algumas vezes pela casa e a inglesa sempre parecia estar num estado pensativo. Pelo menos até perceber que ela a encarava, então ela ativava o estado fugitivo. Sentia-se frustrada como nunca antes. Beatrice era alguém que Ava faria o mesmo sacrifício de Mary: "Eu aprendi a amá-la de longe", lembrou-se das palavras da guerreira, porque na cabeça da pagã não existia mais uma vida onde ela se visse longe de Beatrice.

Abriu os olhos assustada ao sentir um leve empurrão em seu ombro.

- Desculpa – Jillian ajeitou sua postura curvada. – Eu só queria avisar que já terminei por aqui. Avise para suas amigas descansarem bem essa noite, sinto que as coisas estarão agitadas amanhã.

Ava não a respondeu. Não tinha a intenção de parecer mal educada, mas ainda estava perturbada com toda a situação e escutar a mulher frisar que o dia seguinte seria conturbado não ajudou. Saiu do celeiro sentindo os passos pesarem e sabia que era de preocupação.

Quando chegou à casa, encontrou todas as meninas na sala de jantar. Mary estava em pé e usando luvas térmicas enquanto colocava a panela de ferro na mesa. A guerreira percebeu sua presença, apontando com os olhos a cadeira livre ao lado de Beatrice. Ava não questionou e apenas se sentou, recebendo a atenção das outras garotas.

- Achei que a Salvius iria te prender naquele celeiro para sempre – Lilith chutou sua canela por debaixo da mesa.

- Então você sentiu minha falta? Own... – tentou brincar, mas no segundo seguinte ela teve que rezar para que ninguém notasse a estranheza em sua voz.

- Trate de acordar, Ava – a morena arqueou as sobrancelhas.

- Isso está com uma cara ótima, Mary – disse Camila assim que a negra voltou para a sala depois de deixar as luvas na cozinha.

You know I do - AvatriceOnde histórias criam vida. Descubra agora