14
BEATRICE
A primeira parte do plano estava completa e ela só queria poder dizer que o pior tinha passado, mas não fazia ideia do como as outras partes seguiriam. Queria sorrir e dizer que estava tão aliviada ao ponto de não sentir os hematomas e cortes latejarem pelo seu corpo. Queria, mesmo com toda a exaustão, estar sentada próximo a lareira na sala com as outras garotas, porém sabia que elas estavam cada uma em seus quartos, digerindo os acontecimentos do dia. E por fim, queria ter pensamentos mais otimistas sobre o futuro, mas algo dentro de si dizia que elas ainda não tinham passado pelo pior.
Virou a cabeça para o lado, encarando o corpo repousado de Ava ao seu lado e experimentando todo o mutirão de confusão que emanava dela. A pagã não possuía machucados algum – pelo menos não mais –, mas Beatrice podia jurar que escutou um estalo vindo do ombro alheio, assim como um movimento estranho como se os ossos tivessem se ajustando há alguns vários minutos atrás.
Ava estava deitada de forma relaxada, a cabeça descansada em um travesseiro, a mão direita posta sob a barriga e o braço esquerdo pousado por cima de seus olhos para cobri-los da luz do abajur ao seu lado.
- Você está me deixando inquieta.
Mexeu-se assustada, fazendo a pagã descobrir os olhos culpados, afinal, não tinha a intenção de lhe dar um susto. A garota se ajeitou sobre a cama, deitando-se de lado e ajeitado melhor o cobertor sob si mesma. Ela sustentava uma expressão preocupada que, de alguma forma, mascarava o cansaço visível em seu rosto.
- Por quê? – perguntou franzindo a testa e sentindo o corte em sua sobrancelha doer.
- Você está pensando demais – respondeu incomodada. -Está me dando dor de cabeça.
Beatrice abriu a boca confusa. – Por que você está com dor de cabeça sendo que sou eu que estou pensando demais?
- Eu não sei – disse frustrada, cobrindo o rosto com as mãos.
Involuntariamente, ela enrugou a testa em confusão mais uma vez, martirizando-se por isso ao sentir o corte arder. Tentou cutucar a ferida, mas Ava percebeu seu movimento e segurou seu punho com delicadeza.
- Não toque – pediu com a voz baixa, deslizando de forma superficial os dedos pela região, as pontas subindo até sua palma para juntar as mãos.
Os olhos da inglesa acompanharam a ação, observando a forma cuidadosa como Ava passava o polegar pela linha lateral de seu indicador; uma carícia simples e inocente, mas que estava fazendo seu coração bater tão rápido que ela temeu que a pagã pudesse escutá-lo se chocar contra sua caixa torácica inúmeras vezes com tamanha força.
Beatrice respirou fundo, tentando diminuir a dose de euforia que circulava por suas artérias. Desviou a atenção das mãos entrelaçadas para o rosto de Ava, mas desejou ter o poder de voltar no tempo logo que encontrou os lábios alheios esticados em um largo sorriso. A garota tinha notado o nervosismo da guerreira e sua expressão não era de zombaria. Ela estava satisfeita por saber que podia causar certos efeitos sob Beatrice.
- O que você acha que vai acontecer amanhã?
Controlou-se para não esboçar desorientação com o assunto aleatório. Entretanto, nos olhos da portadora do Halo ela leu exatamente: "Estou tentando te deixar menos nervosa, por favor converse comigo".
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You know I do - Avatrice
FanficApós o desastre no Vaticano, as irmãs guerreiras são aterrorizadas pelas consequências. Adriel e o Padre Vincent fugiram, e a Ordem da Espada Cruciforme suspeita que eles demorarão a realizar um outro ataque devido a situação atual da Igreja. É o mo...