Capítulo 23 - Romanos 13:8

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23


AVA


A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco; porque aquele que ama ao seu próximo tem cumprido a lei. - Romanos 13:8"


Mesmo que Ava estivesse segurando a mão de Beatrice com firmeza para demonstrar certa segurança. A feição abatida da inglesa estava despedaçando seu coração. Era óbvio o dano que tinha causado na garota e tudo isso sem que tivesse intenção de fazê-lo. Quando chegaram aos corredores, Ava afrouxou os dedos e a outra não tardou em esconder as mãos no bolso do moletom que usava. Mesmo que estivesse frio, sabia que a ação de Beatrice tinha sido influenciada pelo medo. Ambas sabiam que deveriam ser discretas ali dentro. Mesmo que suas amigas soubessem sobre elas, o Berço do Gato estava cheio de pessoas novas e poderiam não ter a mesma opinião.

Beatrice tossiu quando passaram pelo quarto dela, mas Ava apenas assentiu para continuarem andando. Queria que conversassem em seu quarto, no cômodo secreto onde toda sua investigação a respeito de si mesma ainda estava colada nas paredes. Durante o percurso, a mente da pagã refletiu por um momento sobre o que sua mãe tinha dito.

Beatrice a tinha beijado, confiado a Ava seu coração, e no segundo seguinte ela a estava ignorando.

Estúpida.

Ela queria muito socar a própria cara no momento. Ava tinha agido como uma conquistadora de quinta categoria. Roubado o coração de Beatrice e fugindo como se tivesse cumprido sua missão em conquistar a inglesa.

Ela engoliu em seco e balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos.

Quando chegaram, Ava abriu a porta devagar, dando passagem para que Beatrice entrasse primeiro, trancando o quarto em seguida. A inglesa ficou parada no meio do quarto, coçando os dedos e cutucando as próprias cutículas, não sabendo o que fazer, mas Ava logo estendeu a mão, puxando-a até a parede que levava à sala secreta. O uso dos seus poderes para atravessar o concreto e ainda levar Beatrice junto fez o ferimento doer, mas ela se manteve firme.

Dentro da sala de luz azulada, Ava pediu que outra se sentasse no amontoado de colchões e lençóis que tinha levado até ali. Beatrice não a encarou uma única vez e não podia culpá-la por aquilo. Sentou-se ao seu lado, mantendo uma distância que deixasse a outra confortável, mas não com receio do rumo da conversa.

— Desculpa — a voz saiu chorosa, quebrada como se arranhasse sua garganta. — Eu realmente sinto muito, B.

A menção ao novo apelido finalmente fez com que Beatrice a olhasse.

— Pelo que você está se desculpando?

— Eu não sei... Por tudo? — respirou fundo, intercalando entre os olhos de Beatrice e as mãos suadas. — Por estar te ignorando. Por não ter sido honesta e estar magoando você.

— Então você admite? — sua feição era de incredulidade. — Admite que estava me ignorando?

Ava assentiu. — Sim, eu o fiz. Achei que era melhor te afastar de todos os meus sentimentos confusos — somente após pronunciar aquela frase que percebeu como tinha soado errado. — Você passou por muita coisa, B. Não merecia que eu te arrastasse para mais problemas.

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2022 ⏰

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