O sol baixo fazia um jogo interessante de luzes e sombras na bela avenida bem arborizada, percebi quando abri o portão eletrônico e passei para o lado de fora do condomínio.
Por um segundo parei para admirar a vista, mas logo a minha atenção se voltou para outra coisa. Ou melhor: alguém.
Zayn estava incrivelmente bonito vestido jeans e camiseta. Ele parecia muito perigoso com os braços cruzados contra o peito, encostado displicentemente em um carro preto que parecia se misturar perfeitamente com o ambiente ao redor.
Franzi as sobrancelhas ao reconhecer o escudo azul e branco da BMW.
Se ele era bolsista não deveria ter dinheiro para um carro daqueles, deveria? Até eu que não entendia muito de carros sabia que aquele ali não era muito normal.
Sacudi a cabeça. Não era problema meu. Eu ia ficar com ele, não ajudar na declaração de imposto de renda.
Assoviei daquele jeito que normalmente faz qualquer mulher ficar imediatamente na defensiva. Ele, no entanto, abriu um sorriso na minha direção.
— Bela máquina — indiquei o esportivo com o queixo.
Seus olhos castanhos correram do meu rosto para o decote profundo e dele para as minhas pernas expostas pelo vestido curto.
— Não tanto quanto você — respondeu com um sorriso cafajeste de quem conhecia aquele jogo muito bem.
Dei risada me aproximando até parar a um metro de distância.
— Cinema ou prefere ir para outro lugar? — questionou com a voz baixa e sedutora.
Mordi o lábio. Eu sabia muito bem o que aquilo queria dizer.
— Cinema — respondi firmemente. Eu nunca ia para a casa da pessoa no primeiro encontro.
Zayn deu a volta e abriu a porta do veículo para mim com um sorriso.
Ergui as sobrancelhas, desconfiada.
— Que cavalheiro — elogiei me sentando no banco de couro macio. Tudo dentro daquele carro gritava caro. Dos bancos de couro caramelo às luzes azuis do painel.
— Sou sim — replicou sentando atrás do volante, confortável, com um sorriso nos lábios.
A luz do fim do dia lançava um brilho dourado sobre a sua pele e ele parecia muito gato.
Uma música que eu não conhecia tocava nos auto-falantes com uma batida repetitiva e techno.
— Como foi o seu dia? — perguntou virando o rosto minimamente na minha direção. — Bateu em alguém hoje?
Dei risada, me ajeitando no banco macio de modo que pudesse olhar para o seu rosto.
— Só no pobre saco de pancadas — comentei com um suspiro pesaroso. — Mas que podia ser o Bruno, podia.
Um sorriso curvou seus lábios para cima.
— Quem sabe na semana que vem — brincou ao mesmo tempo em que fazia uma conversão. — Vocês, ricos, podem fazer o que quiser naquela escola que não vão ser expulsos mesmo — foi impossível não ouvir a amargura no seu tom de voz.
— Você não me parece muito pobrezinho com esse carro — observei dando um tapinha no painel cheio de luzes.
Seus ombros se arriaram, na defensiva. Inconscientemente, imitei a sua postura.
— É do filho da patroa da minha mãe — contou em voz baixa, mas eu podia sentir que havia mais alguma coisa. Um bom mentiroso reconhece outro — Ele me emprestou.
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Química Imperfeita [CONCLUÍDA]
Teen FictionElisa Bernardi é a filha perfeita: ela tem boas notas, dança ballet, ajuda em um abrigo de animais e tem um exército de pretendentes atrás de si. Mas essa não é a história de Elisa. Angélica Bernardi cresceu sendo comparada com a irmã mais nova e, d...