— Deixa de ser fraca — ordenei para mim mesma sentindo o cabelo grudando na minha nuca graças ao suor que saía de cada poro do meu corpo.
Meus braços tremiam a cada golpe e a minha respiração estava descompassada enquanto eu arfava em busca do ar. Cada inspiração parecia um golpe de faca na minha garganta sensível.
Respirei fundo, controlando a minha respiração antes de dar mais um golpe no saco de pancadas, seguido por mais três jebs rápidos. Soco, soco, soco.
Visualizei o rosto do meu pai no saco de pancadas e dei mais um soco poderoso entregando tudo que eu tinha, como se ele pudesse sentir a pancada a quilômetros de onde eu estava.
Eu gostava de fazer boxe. Gostava de poder usar meus punhos pra poder extravasar todos os sentimentos negativos e aliviar toda a raiva e tensão acumulada.
Era quase tão bom quanto a terapia.
Não tinha ideia de há quanto tempo estava na academia. Meus músculos protestavam e cada respiração ardia a garganta, mas eu me via incapaz de parar enquanto descontava toda a frustração contra o saco de areia.
— Ei — uma voz familiar chamou, me tirando da minha onda de insanidade.
Me virei para encontrar Zayn, sorrindo, apoiado na parede ao meu lado.
— Ei — cumprimentei passando o pulso na testa para secar o suor. — Não sabia que você treinava aqui.
— Não treino — explicou dando um passo na minha direção com o canto dos lábios erguidos, os olhos passeando sem pressa pelo meu corpo dentro de um top esportivo e leggins. — Estava passando e te vi pelo vidro — explicou dando de ombros. — Veio descontar no saco para não acabar batendo no Bruno?
Assenti muito seriamente.
— Ou talvez treinando para a próxima vez que o vir.— respondi inclinando a cabeça fingindo pensar no assunto. — Ainda não decidi.
Ele deu uma risada baixa, se aproximando ainda mais.
Juro que seus olhos castanhos pareciam estar brilhando como se tivesse fogo dentro deles e de repente o ar-condicionado da academia não era gelado o suficiente.
— É melhor ele tomar cuidado, então — murmurou com o olhar descendo so meus olhos para a minha boca e um arrepio delicioso perpassou pela minha coluna. Seria muito errado agarrar ele? — Eu vi o que você fez com esse saco de pancadas.
Foi a minha vez de rir.
— Eu estava bem motivada — admiti.
Os olhos de Zayn perderam parte do brilho e ele desviou o olhar para as paredes brancas da academia chique.
— Foi muito nobre o que você fez, defendendo a memória do seu amigo — disse de repente.
Ergui os ombros, de repente superconsciente de quão próximos estávamos — e de que eu estava suada e provavelmente fedendo.
— Eu fiz o que tinha que ser feito — contei simplesmente. — Sei que se fosse o oposto o Rafa teria feito a mesma coisa.
Zayn assentiu e continuou ali, me olhando a um metro de distância, mas aquele fogo não retornou aos sues olhos.
— O que você vai fazer agora? — perguntei, mudando de assunto sem muita sutileza. — A gente podia ir lá em casa... fazer alguma coisa.
Zayn torceu os lábios e tive a sensação de que estava reprimindo um sorriso.
— Tenho que trabalhar. — Ele mostrou a sua camiseta com a logo de uma borracharia e mecânica. — Entro daqui dez minutos.
— Ah — respondi mudando o peso de um pé para o outro. — A gente podia sair qualquer dia desses, se conhecer melhor fora da escola.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Química Imperfeita [CONCLUÍDA]
Ficção AdolescenteElisa Bernardi é a filha perfeita: ela tem boas notas, dança ballet, ajuda em um abrigo de animais e tem um exército de pretendentes atrás de si. Mas essa não é a história de Elisa. Angélica Bernardi cresceu sendo comparada com a irmã mais nova e, d...