Eu odiava ser o centro das atenções.
E odiava ainda mais ser o centro das atenções na escola.
Conforme eu entrava pela imensa porta principal do Colégio Maximus, todas as cabeças se viravam na nossa direção como se eu fosse uma aberração sendo exposta em um zoológico, presa pela inspetora alta e corpulenta.
— Você pode soltar o meu braço — resmunguei para a mulher agarrada ao meu antebraço com tanta força que suas unhas compridas perfuravam a pele.
Puxei o braço e ela aumentou a pressão com as suas garras vermelhas e me perguntei se seria errado acertar um golpe nela para fazer a mulher me soltar, mas eu decididamente não estava prepara para ser expulsa no meu primeiro dia de aula do terceiro ano.
— Calada, sua delinquentezinha — a mulher rosnou em voz alta para que todos os alunos ao nosso redor ouvissem.
Os sussurros me atingiam como ondas a cada passo que eu dava.
— É a irmã da Elisa? — uma garota perguntou para a sua amiga fazendo meu sangue esquentar nas veias.
— É, ouvi dizer que ela não bate muito bem — sua amiga respondeu antes de cobrir a boca para esconder uma risada quando ergui o olhar para a cara dela.
A garota era loura e bronzeada e se portava como uma angel da Victoria's Secrets. A outra a seu lado se parecia tanto com ela que poderia ser sua irmã gêmea, exceto que os cabelos era um de um ruivo intenso e provavelmente não natural.
A inspetora sorria enquanto atravessávamos a escola até a sala da psicóloga, no final do corredor principal, onde os alunos estavam arrumando seus armários para o primeiro dia de aula.
A inspetora bateu duas vezes na porta e a mulher lá dentro respondeu para entrar.
A inspetora empurrou a porta de madeira pesada.
Eu conhecia aquela sala tão bem quanto conhecia o meu próprio quarto.
As paredes brancas de dois lados da sala quadrada eram escondidas atrás de pesadas estantes com livros de psicologia em diversas línguas. Os poucos quadros nas paredes mostravam uma carreira exemplar com diplomas em várias áreas da psicologia. Uma cadeira acolchoada estava em um canto, de frente para um pufe preto que provavelmente conservava a minha forma, de tanto que eu ficava nele.
— Angélica — a psicóloga da escola suspirou quando empurrei a porta da sala dela.
A doutora Anahí era uma mulher miúda por volta dos quarenta anos e sempre tinha os cabelos perfeitamente presos em um coque severo. Ela tirou os óculos de leitura e me olhou seriamente. — O que está fazendo aqui?
Cruzei os braços e mordi o lábio inferior, me sentindo um pouco — quase nada — culpada por desapontá-la. A psicóloga era uma das poucas pessoas dentro daquela instituição da qual eu gostava.
— Eu não sei! — respondi assoprando um cacho para longe do meu olho. — Essa louca — apontei para a inspetora furiosa — me arrastou para cá.
A mulher alta como uma árvore me fuzilou com o olhar.
— Ela agrediu um aluno! — rosnou apontando um dedo roliço na minha direção. — Poderia ter quebrado o nariz dele.
Dei de ombros.
Uma pena que não quebrou de verdade, só deslocou, segundo a enfermeira da escola.
— Foi fora do perímetro da escola e nenhum dos dois estava usando uniforme — me defendi erguendo as mãos. O lado bom da primeira semana de aulas era que não era obrigatório o uso de uniformes, ou seja: eles não podiam usar isso contra mim.
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Química Imperfeita [CONCLUÍDA]
Novela JuvenilElisa Bernardi é a filha perfeita: ela tem boas notas, dança ballet, ajuda em um abrigo de animais e tem um exército de pretendentes atrás de si. Mas essa não é a história de Elisa. Angélica Bernardi cresceu sendo comparada com a irmã mais nova e, d...