12- Toque

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Eu estava me sentindo ridiculamente ansiosa quando abri a porta de casa para Alex. Elisa, claro, estava ao nosso lado rindo e brincando. Nada a perturbava, mas eu estava tensa quando girei a maçaneta dourada.

Marie começou a pular e latir nos nossos pés, animada. Elisa a pegou no colo e começou a arrulhar para a cadelinha como sempre.

Ergui os olhos para o teto e suspirei, dando um passo para longe dessa demonstração de amor. Talvez eu estivesse começando a gostar da bolinha de pelos, mas não iria demonstrar isso na frente de Elisa e Alex. Eu tinha uma reputação a zelar.

— Vem — chamei Alex, pegando a sua mão. —  Vou te mostrar a casa.

Primeiro o levei para a cozinha ampla, onde Augusta estava preparando o almoço e a abracei, sentindo o seu cheiro reconfortante.

— Bom dia, minha menina linda — disse baixinho dando um beijo estalado na minha bochecha — Como foi a aula hoje?

Ergui os ombros.

— O mesmo de sempre — respondi vagamente. Apontei com o polegar para trás de mim. — Esse é o Alex, ele está me ajudando com umas matérias.

— É um prazer conhecer — ele se apresentou muito formal, estendendo a mão na direção dela. — A Angel falou muito bem da senhora.

Aquilo era mentira, eu só tinha falado dela vagamente quando discutimos o fato de eu saber cozinhar. Senti meu estômago se retesar com expectativa e eu não fazia ideia do que. Que ela gostasse dele?

Os olhos claros da nossa governanta passaram de mim para Alex e dele de volta para mim rapidamente.

— É um prazer — minha segunda mãe disse seriamente. 

Ela apertou a mão dele e soltei o ar aliviada.

Não sabia muito bem com o que estava preocupada, mas Augusta era importante assim na minha vida. Ela tinha me criado, enquanto mamãe e o babaca do marido dela usavam Elisa e eu como lindos troféus cor-de-rosa para exibir. A família perfeita forjada em uma gravidez não planejada de uma adolescente de dezessete anos.

Augusta foi quem me ensinou a cozinhar, quem me explicou o que era menstruação e porque os meninos eram tão babacas quando tive o coração partido por um idiota aos treze anos.

Mudei o peso de um pé para o outro e limpei a garganta.

— A gente vai pro meu quarto — informei a mulher loura. —  Te vejo no almoço.

Augusta assentiu e mandei um beijinho antes de puxar Alex para o corredor dos quartos.

— Aquela porta é do quarto da Elisa — apontei para o quarto de frente para o meu.  — Aquele é o de Paola, a nossa caçula, e no final do corredor é o dos meus pais. Depois da curva ficam a sala de música e o ateliê da minha mãe, mas é zona proibida.

Alex concordou com a cabeça e o puxei para dentro quarto.

Encostei a porta atrás de mim e vi seu pomo-de-adão subindo e descendo rapidamente ao analisar o quarto.

Eu não considerava o meu quarto super feminino: ele era branco e a parede atrás da cabeceira cinza era vermelho sangue. Havia um mural de fotos atrás da cama e quadros em preto e branco nas paredes, pinturas da minha mãe de lugares que ela amava e lugares que ela inventava para não se sentir presa e sozinha dentro de casa.

Os olhos de Alex analisaram tudo por trás das lentes grossas, absorvendo o ambiente ao seu redor.

— Seu quarto é legal — comentou, acanhado, observando a imagem em preto e branco de uma garota de cabelos cacheados sentada elegantemente diante de um piano de cauda, apenas o vestido vermelho colorido. Ele ergueu a mão como se quisesse tocar no desenho. — E a sua cara.

Química Imperfeita [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora