Todo aquele papo com Eva sobre ir devagar foi por água abaixo quando Lita convidou Henry para conhecer seu estúdio. Ela mandou uma foto dela mesma com muitos quadros espalhados ao fundo. Com a frase: "onde as cores ganham vida". Ele apareceu no apartamento dela uma hora depois com uma garrafa de vinho na mão. Lita o convidou para entrar e o levou ao estúdio.
– Em primeira mão... – Ela disse mostrando as telas que em breve estariam expostas na galeria.
– Estou honrado... – Ele sorriu, começou a passear pelo cômodo concentrado em avaliar cada tela. Como sempre, ficou encantado pelo talento dela. Se deteve numa tela, demorou mais tempo analisando ela do que as outras.
– Eu quero essa. – Ele disse apontando pra tela onde um homem observava o que parecia ser a própria sombra desaparecendo no horizonte. – Não importa o preço, eu pago. – Ele não quis soar arrogante, apenas quis muito aquela tela. Estava completamente fascinado por ela.
– Elas não têm preço ainda. – Lita disse sentindo uma pontada de ciúme. Ele sentiu uma conexão com o quadro, pois deve ter percebido que o homem do quadro era ele e a sombra que ele observava se perder na imensidão azul na verdade, era a sombra da sua falecida esposa.
– Não venda pra ninguém além de mim. – Ele suplicou sem tirar os olhos da tela.
– Já que gostou tanto, o quadro é seu.
– Sério? – Henry se virou pra ela, completamente surpreso.
– Sim. – Ela se obrigou a sorrir. – Você gostou e fico feliz por isso.
– Você é muito talentosa, Lita. Nunca vou cansar de repetir isso. Vc está de parabéns. Todos os quadros são... Extraordinários. Eva saberia elogiar de forma mais profunda que eu. – Ele sorriu.
– Eu gosto da forma como você elogia. Sei que é sincera. – Ela passou o braço em volta do pescoço dele. Ele a beijou. Ela ficou de ponta de pé, visto que estava descalça e a diferença de altura aumentou muito. Quando separaram as bocas, Lita disse tentando recuperar o fôlego. – Que tal aquele vinho? – Ele concordou, ela saiu e foi buscar o vinho que ele havia deixado no centro da sala. Abriu a garrafa e voltou com duas taças. Henry estava olhando as outras telas.
– Você já pensou em expor em outros países? – Henry perguntou enquanto ela enchia as taças.
– Sonho com isso. – Ela entregou uma taça a ele. – Mas tem que haver interesse das galerias.
– Vão se interessar quando conhecerem seu trabalho. Vc precisa de mais divulgação.
– Concordo. Mas não fico tão ansiosa com isso. Acredito que tudo tem seu tempo certo. – Eles beberam um gole depois de brindarem ao 'tempo certo'. Lita saboreou antes de engolir. – Excelente gosto para vinho. – Ela elogiou. Ele agradeceu. – Você percebeu? – Ela apontou para as telas. – Tem um pouco de você em cada uma delas... – Henry olhou pra ela muito surpreso.
– Não, eu... Eu gostei de todas, mas... – Ele realmente não sabia o que dizer. Não estava esperando por isso. – Nossa, eu nem imaginava.
– Não? O que te fez escolher aquela tela? – Ela apontou para a tela que ele quis comprar. Ele olhou a tela mais uma vez.
– Não sei ao certo... Parece que algo foi perdido. E é difícil deixar ir. – Lita meneou a cabeça, tomou mais um gole do vinho.
– Você está certo. – Ela se aproximou dele e parou diante dele. Pôs a mão no peito dele. – Mas está na hora de deixar ir, Henry. – Ele notou os olhos cor de mel com um brilho que ele nunca viu antes.
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Nothing Lasts Forever
RomanceNada dura para sempre. Para entender o presente, devemos dar uma olhada no passado. Porém, se sua intenção é ter um futuro, o melhor que você pode fazer é enterrar o seu passado de vez. Avisos: Eu não escrevo sobre um mundo cor-de-rosa, então, estej...