Ao se acomodar no banco do motorista e bater a porta do carro, Henry pensou na chance que havia desperdiçado. A situação com Lita estava péssima, graças a sua incapacidade de ficar longe de Louisa. Agora a própria Louisa havia oferecido a oportunidade dele seguir com a vida e ele desperdiçou por não conseguir imaginar uma vida sem ela. Saber que ela estava viva e apaixonada por ele muda tudo. Mas não deveria mudar. Isso é o que mais perturba Henry. Querer uma coisa e saber que deveria querer outra. Ele não conseguiu dispensa-la olhando nos olhos dela, mas quem sabe... Ele pegou o celular do bolso e escreveu a mensagem "Desista" para o contato de Louisa, ficou um tempo com o dedo pairando em cima do botão de enviar. Ele desceu os olhos da tela do seu celular para a mão que o segurava, percorreu o olhar para o pulso e suas veias azuis desenhadas na pele branca. "Olhe para suas veias... Você tem mais de mim correndo por elas do que seu próprio sangue." Por que ela dizia coisas que o perturbava? Por que afinal de contas, o que ela dizia parecia tão certo? Louisa era determinada. Ninguém poderia dizer o contrário, quando ela colocava uma ideia na cabeça, ela ia até o fim. Se ela disse que desistiria dele, é porque ela de fato faria. Ele só precisava dar a ordem, ele só precisava apertar aquele botão e ele poderia recuperar seu casamento sem Louisa tentando destruí-lo. Henry apertou no backspace, apagou aquela palavra que o faria perder Louisa e guardou o telefone. Não, ele não estava pronto para perdê-la de novo. Ele não estava pronto pra vê-la seguindo com a própria vida sem ele. Ele só precisava de um pouco mais de tempo. Só um pouco para assimilar a ideia. Esperava de verdade que isso não custasse seu casamento. Deu uma olhada na casa de Louisa, a casa estava totalmente escura, Henry suspirou e deu partida no carro. Ao chegar em casa se desfez dos sapatos e se atirou no sofá. Prometeu a si mesmo que seria a última vez que ele dormiria ali. A exaustão o fez dormir apesar de não conseguir acomodar perfeitamente suas longas pernas no sofá.
Duas horas depois foi despertado com barulhos estridentes vindos da cozinha. Já havia amanhecido e Lita estava fazendo um café da manhã barulhento, provavelmente com a intenção de incomodá-lo. Henry levou a sério a promessa que fez a si mesmo, começou a esvaziar o quarto que ele fazia de escritório ainda usando o terno da festa. Ele alugaria uma sala comercial para trabalhar. Aquele cômodo voltaria a ser um quarto para que ele nunca mais acordasse com um leve torcicolo e com o café da manhã vingativo de Lita. Claro que ele preferia fazer as pazes com ela invés de preparar outro quarto para caso ela continuasse a fechar a porta do quarto deles para ele. Só que ele precisava pensar em todas as possibilidades. Isso inclui Lita continuar chateada com ele. Quando terminou de desinstalar seu computador, encaixotou seu material de trabalho e o deixou no corredor. Providenciou com a equipe de manutenção do prédio a montagem da cama que havia sido desmontada e finalmente foi tomar banho.
Não viu Lita na hora do almoço, então, foi para casa de Eva e almoçou com ela. Passou a tarde procurando uma sala comercial próximo de casa. No final do dia, ele já tinha conseguido um local para trabalhar e amanhã ele acertaria os detalhes do aluguel. Ele providenciou o jantar e voltou para seu apartamento para esperar a entrega do pedido. Arrumou a mesa para dois e esperou que sua mulher se juntasse a ele. Ele queria conversar com ela, embora, não soubesse ainda como abordar o assunto. Não queria dizer que sabia que ela havia visitado Louisa e nem comentar o teor da conversa entre elas. Ela saberia como ele ficou sabendo da informação e ficaria furiosa se sonhasse que ele passou uma parte da madrugada na casa da ex. Ele tentaria de outra forma, só tinha que ser paciente e esperar ela sair do estúdio. Alguma hora ela teria que comer, não é? Sentou na sala de jantar e esperou.
Lita foi convidada para fazer uma exposição exclusiva, com telas de seu acervo pessoal que ela não permitia que fossem vendidas. Ou seja, as telas que ela amava tanto que não poderia vender nunca por nenhum preço. O tipo de tela que triplicaria de valor depois que ela morresse. O pequeno e arrogante homem que estava à frente desse projeto exigia que fossem 10 telas, nenhuma a mais e nenhuma a menos. Para fazer jus ao título do evento: "Exclusive ten". Cansou Lita com um milhão de regras sobre o evento que seria apenas para um seleto grupo de pessoas muito, muito importantes. Lita gostou da ideia e aceitou na hora, mas lidar com o tal Zack estava cansando ela. Ela iria precisar de muita ajuda para atender todas as exigências impostas por Zack, que era o representante da tal galeria. Lita chamou Ben e ele como sempre se prontificou a ajuda-la. Ela ia mesmo precisar de ajuda, inclusive para trazer suas telas exclusivas que estavam em Londres. Ela havia passado o dia em conferência com o tal Zack, o homem falava tanto que por vezes ela teve que sentar no chão perto de uma tomada para que seu celular carregasse enquanto ouvia o homem contar detalhes do que era esperado do evento. Lita saiu do estúdio mentalmente exausta.
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Nothing Lasts Forever
RomantikNada dura para sempre. Para entender o presente, devemos dar uma olhada no passado. Porém, se sua intenção é ter um futuro, o melhor que você pode fazer é enterrar o seu passado de vez. Avisos: Eu não escrevo sobre um mundo cor-de-rosa, então, estej...