Eva notou a inquietação do irmão ao seu lado. Henry se mexia desconfortavelmente na cadeira, olhava para o celular a cada minuto. Ela aproximou-se dele, disse baixo em seu ouvido.
– Estou sentindo cheiro de vagabunda. – Ela sorriu para disfarçar o assunto delicado e não chamar atenção de Lita que estava conversando com a anfitriã. Henry que estava quase suando de tão nervoso achou melhor minimizar a situação.
– Não começa, Eva. – Desconversou. Olhou novamente para o celular. Louisa não tinha respondido mais nada. Isso significava que ela concordava com o encontro, certo? Ele precisava entender o que Louisa pretendia agora. Ele não descartou a possibilidade daquilo ser apenas mais um jogo dela para enlouquecê-lo de vez. Ela era capaz disso, ela era capaz de tudo. Henry estava começando a perceber que seria capaz de muita coisa também, se isso significasse mantê-la longe daquele homem. Henry mexeu na comida sem muito interesse enquanto olhava o celular de vez em quando só pra ver os minutos passarem.
A mesa começou a se esvaziar, as pessoas voltaram a circular pela festa, a pista de dança voltou a ser preenchida e a música animada começou a sobressair ao burburinho das conversas. Lita foi chamada para tirar fotos com a anfitriã e se afastou sem olhar para o marido. Eva estava conversando com um homem que tinha quase o dobro da sua idade, que estava visivelmente interessado nela. Henry achou que era o momento perfeito para sair disfarçadamente. Ao se levantar, sentiu a mão da sua irmã em seu braço impedindo-o de sair da mesa.
– Aonde você vai? – Ela estava com seus penetrantes olhos azuis avaliando os olhos angustiados do irmão. Henry bufou impaciente. Ele não era nenhuma criança! Eva às vezes exagerava na super proteção. Teve vontade de dar uma resposta debochada, mas preferiu evitar aumentar a desconfiança da irmã.
– Vou ao banheiro. – Disse baixo evitando olhar pra ela.
– Tem certeza? – Eva fuzilava-o com os olhos agora. Henry quis xingar um palavrão. Não conteve o sarcasmo dessa vez.
– Tenho. Quer ir comigo, maninha? – Disse entre dentes. Eva o estudava, soltou o braço dele. Ele suavizou a carranca, olhando pra ela como quem diz "Está tudo sob controle", beijou a cabeça dela e saiu antes que ela falasse mais alguma coisa.
Atravessou a pista de dança apenas para se misturar a multidão, para só então tomar o caminho da varanda. Conferiu a hora, exatamente meia hora depois da mensagem que ele enviou a Emília. Luzes coloridas enfeitavam o jardim, a luz da varanda estava baixa e aparentemente não tinha ninguém lá. Havia poucas pessoas na área externa e elas estavam longe espalhadas pelo jardim. Ele atravessou a varanda procurando por ela. A encontrou parada na ponta quase na lateral da casa. Ela se virou pra ele quando sentiu sua presença.
– Por que estamos aqui escondidos como dois adolescentes? – Emília quis saber levemente chateada. Atendeu ao chamado dele, pois sentia que devia a ele. Mas não gostou nenhum pouco do local escolhido. Ela não devia nada a ninguém para se esconder num canto escuro.
– Você está pensando em se envolver com aquele cara?! – Foi direto ao assunto, ignorando a pergunta dela. O tom era raivoso sim, ele não pôde evitar.
– Qual é o seu problema com ele? – Ela cruzou os braços como sempre quando ia entrar no modo combate. Henry ficou ainda mais abalado. Ele não queria acreditar que ela seria capaz de se envolver com ele. Ela não gostava dele e Henry sabia disso!
– Por que ele? – Ele não gostou do Jason. Mas a verdade, é que ele não gostaria de nenhum homem que estivesse interessado nela.
– E por que não? Jason é uma boa pessoa. Muito melhor do que eu. – Ela admitiu com sinceridade. Acreditava de verdade nisso. Depois que contou tudo a Jason e ele não lhe condenou, ela percebeu que a capacidade dele de ter empatia era bem maior do que ela esperava. Ele se manteve perto, sem pressiona-la e agora estavam experimentando uma amizade verdadeira e ela estava gostando disso. Henry fez uma careta, novamente sentiu subir a raiva que sentia por tudo que ela fez.
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Nothing Lasts Forever
RomanceNada dura para sempre. Para entender o presente, devemos dar uma olhada no passado. Porém, se sua intenção é ter um futuro, o melhor que você pode fazer é enterrar o seu passado de vez. Avisos: Eu não escrevo sobre um mundo cor-de-rosa, então, estej...