12. Passado

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Eva não imaginava que a nova namorada do irmão era uma garota tão reclusa. A impressão que Eva teve era que Louisa não estava sendo completamente verdadeira. Ela não poderia ignorar o seu sexto sentido que ficou em alerta quando conheceu a garota. Não tinha intenção de atrapalhar a relação dos dois, ela estava querendo genuinamente afastar essa sensação de alerta, ou confirmar de vez suas suspeitas. Eva não seria tão complacente como o irmão estava sendo. Ela queria ser objetiva e pra isso precisava se aproximar da mulher e observá-la.

Louisa gostou da própria aparência quando experimentou o vestido escolhido por Henry. Ficou perfeito nela, era elegante sem ser chamativo. O decote era generoso e ela gostou disso. Quando foi busca-la, Henry mordeu a própria boca.

– Vc está linda demais. – Ele disse falando entre dentes em tom sério. Louisa analisou melhor seu rosto.

– Por que vc não parece feliz com isso?

– Não calculei muito bem. Não imaginei que ficaria tão decotado.

– Eu gostei. – Ela sorriu. Ele não quis estragar a noite com ciúme bobo então se obrigou a sorrir também. Louisa ficou um pouco chocada ao ver que eles iriam ao jantar numa luxuosa limusine. Eva já estava esperando lá dentro, deu a Louisa um sorriso de aprovação. O figurino escolhido por Eva era extremamente extravagante, chamativo e vermelho. Quando chegou à festa, Louisa entendeu o porquê de tanta extravagância.

O jantar era na mansão de um excêntrico dono de uma tradicional galeria de artes em Londres. Louisa se sentiu emergindo num circo de horrores. As pessoas lá pareciam bonecos de ventrículos interpretando papéis circenses mal elaborados. Apenas Louisa e Henry pareciam pessoas normais ali.

– Não é divertido? – Eva disse com um sorriso enquanto os três adentravam a enorme sala. Louisa pensou que ela estivesse fazendo uma brincadeira de muito mau gosto. Quando Eva se afastou para falar com conhecidos, Louisa sussurrou pra Henry:

– Não me deixe nem por um segundo só. – Henry riu.

– Jamais deixaria minha bonequinha sozinha. – Ainda mais com esse decote. Pensou infeliz. Depois de observar como ela estava agarrada a ele, ele perguntou. – Vc está com medo? – Ele parecia achar divertido, já estava acostumado com os amigos excêntricos de Eva.

– Nunca vi tanta gente esquisita. Parecem aquelas pessoas que se juntam para uma seita de filmes de terror. – Henry gargalhou, chamando atenção de um grupo de mulheres que passaram a sussurrar fofocas nos ouvidos uma das outras. 

Louisa viu que Henry despertava olhares de interesse do público feminino, para ela sobraram os olhares de inveja, desprezo do mesmo público. Apertou ainda mais a mão no braço dele. Meu meu e meu. Se fode aí, vacas! Ela se permitiu xingar em pensamento. Eles circularam pelo local, tomando espumante. Henry acenava para os conhecidos. 

Eva de vez em quando vinha trazer alguém para apresentar ao irmão. Henry era simpático com todos e parecia interessado pela conversa frívola daquelas pessoas, enquanto Louisa se controlava para não revirar os olhos a cada menção a viagens luxuosas e todo tipo de vantagem que aquelas pessoas queriam contar. Henry como sempre muito cortês, respondia a todos com simpatia e apresentava Louisa como namorada. Logo os curiosos começavam: "Oh que casal bonito. O que vc faz, querida?"

– Sirvo café. – Ela dizia com tédio enquanto Henry a beijava e ria. "Ahh uma garçonete". As pessoas respondiam sem muito interesse.

– A garçonete mais linda do mundo. – Ele completava orgulhoso. As pessoas que ficavam um pouco desconfortáveis por não ter assunto com uma simples garçonete, mas tentavam disfarçar na frente dele. 

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