Eva notou que Henry estava mais quieto nos últimos dias. Se deu conta do motivo quando ele desapareceu por um dia inteiro. Exatamente um ano atrás, Louisa estava deixando esse mundo e também deixando seu irmão em pedaços. Kal estava no quarto de Henry esperando ele chegar. Ao entrar no quarto, Kal levantou a cabeça para verificar quem era. Eva olhou pra ele, ele abanou o rabo.
– Não esqueci que você quebrou meu vaso egípcio enquanto corria atrás da Lua. – Kal murchou as orelhas diante da bronca. Eva suspirou. Nem precisou se esforçar muito para imaginar onde o irmão estava. – Vou trazê-lo pra casa. Quem sabe vc ganha um passeio ainda hoje? – Ela sorriu para o animal e saiu do quarto.
Pediu ao seu motorista que a levasse até a casa de Henry e Louisa. A casa que eles compraram após o casamento, não era muito grande na sua estrutura, mas o jardim da frente era enorme. Kal era o motivo da escolha daquela casa. Eva usou sua antiga chave pra entrar lá. Tudo estava escuro, porém bastante limpo. Indicando que Henry continuava pagando pra manter a casa em perfeita ordem. Encontrou o irmão deitado no quarto do casal.
– O que faz aqui no escuro? – Ela perguntou, ligando o abajur da mesa de cabeceira. A luz iluminou seu rosto, ela notou os olhos vermelhos, indicando que ele havia chorado. Partiu seu coração ao vê-lo sofrer ainda pela perda da Louisa. Queria muito levar aquela dor embora, mas não sabia como.
– Nada. Só... Lembrando. – Eva sentou na cama ao seu lado, de frente pra ele.
– Notei que a casa está exatamente igual. – Ela pousou a mão delicadamente sobre as mãos dele que estavam unidas sobre o abdômen dele.
– Não está mais igual. As roupas da Louisa perderam o cheiro dela... Está com cheiro de mofo ou algo parecido. – Ele disse olhando pro teto.
– Já faz um ano, Henry. Essas roupas não deveriam estar aqui mais.
– Quero as roupas aqui. – Ele disse lembrando de cada peça que ele ajudou a tirar para leva-la pra cama.
– As roupas vão estragar com o tempo se você mantê-las aqui. Você não precisa de um museu para ter lembranças dela. As lembranças são mantidas aqui. – Ela deslizou a mão para o peito esquerdo dele. Ele olhou pra ela pela primeira vez.
– Eu sei que você tem razão. Mas não consigo ainda...
– Eu sei... – Ela sorriu triste pra ele. – Vamos embora? Você precisa comer alguma coisa. – Ela disse imaginando acertadamente que ele ainda não havia comido nada desde que saiu de casa nas primeiras horas do dia. Ele deu de ombros.
Eva o deixou sozinho no quarto por mais um tempo, esperando por ele na sala. Ele se juntou a ela um tempo depois, ainda com os ombros caídos como se levasse nas costas um peso muito grande para suportar. Ela o abraçou forte, depositando beijos no rosto dele. Ele sorriu diante do carinho exagerado. Às vezes Eva o tratava como uma criança, às vezes era exatamente disso que ele precisava.
Henry não teve ânimo para passear com o Kal. Depois que chegou em casa, comeu por insistência de Eva. Ela quem acabou passeando com o cachorro enquanto ele tomava banho. Após chegar em casa do passeio, Eva tomou banho, se preparou para dormir, mas antes foi conferir o irmão. Ele estava exatamente como antes, deitado olhando para o teto.
– Que tal uma dose 'cowboy', como dizem os americanos? Vai te ajudar a dormir. – Sugeriu, triste por ele.
– Não acredito que vai ser de grande ajuda... – Eva suspirou já saindo do quarto. Ele teve uma ideia – Posso dormir com você? – Ele perguntou olhando pra ela. De repente, ele era novamente o garotinho de seis anos que passou dias sem conseguir dormir depois que a mãe deles morreu. Aparecia no quarto de Eva perguntando se podia dormir com ela com olhos enormes e esperançosos, exatamente como ele fez agora. Eva sorriu.
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Nothing Lasts Forever
RomanceNada dura para sempre. Para entender o presente, devemos dar uma olhada no passado. Porém, se sua intenção é ter um futuro, o melhor que você pode fazer é enterrar o seu passado de vez. Avisos: Eu não escrevo sobre um mundo cor-de-rosa, então, estej...