4. Passado

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Na sua folga seguinte, Louisa levou novamente Kal para passear no mesmo parque de domingo passado. Ela disse ao cachorro que eles não estavam ali para encontrar o moreno alto, forte e metido e sim porque ela havia gostado de observar os jardins da vizinhança. Instruiu o cachorro a passar bem longe das pessoas que estavam correndo e podia jurar que ele entendeu tudo. Soltou o cachorro e se sentou num banco. Cinco minutos depois sentiu um peso afundar o banco ao seu lado. Henry estava com Kal em seu encalço.

– Foi ele. Juro. Ele me trouxe até você. – Louisa olhou para Kal mal contendo o sorriso. Observou as roupas de Henry, não muito diferente da última vez, a diferença é que ele estava totalmente vestido e menos suado.

– Não correu hoje? – Ela perguntou, observando ele brincar com o cachorro.

– Corri sim. Dei umas 10 voltas. Mas estava esperando pelo menos a uma hora. Vc atrasou muito hoje. – Ele acusou.

– Não me lembro de ter marcado um encontro com você. – Ela empinou o nariz.

– Mas eu marquei um encontro com o Kal. – Ele sorriu. – Ele não te disse? – Tirou do bolso da bermuda esportiva uma coleira e entregou pra ela. A coleira de couro tinha uma pequena placa de prata em formato de ossinho. Gravado nela 'Kal'. Ele mostrou o outro lado da placa e continuou – Se você me falar seu nome e telefone posso mandar gravar aqui na parte de trás. Assim fica mais fácil alguém localizar você, caso ele venha a se perder. – Ele falava sério e compenetrado, ela se segurou pra não rir.

– É só pra isso que você precisa do meu nome e telefone?

– Claro que não. – Ele abriu seu sorriso mais sem-vergonha. – Pra te chamar pra sair também. – Louisa desviou os olhos, não era pra isso que ela tinha fugido da América. Mas Kal parecia gostar bastante dele. Sempre se pode confiar no julgamento de um cachorro, não é? Ela só rezava para que não tivesse o dedo podre para homens como a mãe tinha.

– Louisa. – Ela disse quando voltou a encara-lo. Henry estendeu a mão quando notou que para ter seu sobrenome, ele teria que tentar de outra forma. Se deu por satisfeito por enquanto.

– Henry Brandon. – Louisa apertou sua mão e lhe deu um sorriso tímido. O sorriso dela acertou seu coração em cheio. Um lindo sorriso escondido atrás de uma carranca mal humorada era como um raio de sol num dia cinza. – Que acha de um café agora, Louisa? – Ele não queria perdê-la de vista e arriscar encontra-la só no domingo que vem.

– Eu acho que está quase na hora do almoço.

– Que tal um almoço então? Não importa a refeição. Só quero ficar mais tempo com você. – Disse sincero. Louisa suspirou. Estava insegura, mas teve que admitir pelo menos pra ela mesma que estava ali só para vê-lo de novo e de verdade? Não queria ir embora agora.

– Tudo bem. – Eles se levantaram, Louisa assobiou e Kal que não estava muito distante voltou para seus pés. Ela colocou nele a nova coleira, perguntando se o cachorro havia gostado. – Agradeça ao Henry, Kal. – O cachorro olhou de um para o outro um tanto confuso. – Obrigada. Eu sei que ele gostou. – Henry sorriu. 

Juntos foram saindo do parque. Henry convenceu a Louisa a passar na casa dele antes para que ele trocasse a roupa esportiva e suada depois de uma ducha rápida. Louisa não ficou muito a vontade quando pensou em ir a casa dele, mas acabou concordando já que Kal estava ao seu lado e ela se sentia segura ao lado do Akita. 

Tentou não parecer muito impressionada com a casa que Henry morava. Chamar de casa era até um insulto, era uma verdadeira mansão. O que ela já desconfiava, já que ele parecia ser um típico ricaço inglês. Por saber que seria difícil encontrar um lugar que aceitava a presença de animais, Henry convenceu Louisa a deixar Kal em seu jardim e pediu que um dos seus empregados providenciasse água e comida pra ele. Só após o cachorro estar bem acomodado, com água e ração ao seu dispor que Louisa saiu com Henry. Kal protestou quando ela se afastou, mas Henry conversou com ele dizendo que traria ela de volta e o cachorro pareceu ter entendido. Apenas observou eles se afastarem em silêncio. 

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