19. Maldita Seja

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Henry despertou no meio da madrugada, abriu os olhos devagar e logo voltou a fecha-los. A cabeça martelava em suas têmporas, então ele suspirou e voltou a abrir os olhos lentamente. Ficou um tempo ajustando os olhos a escuridão. Aos poucos ele conseguiu visualizar o lustre pendurado no teto. Onde é que eu estou? Sentiu uma mão pequena deslizar por seu peito, seguido de um suspiro tranquilo, baixou os olhos pra ver Emília adormecida nos seus braços, ela estava tão bem encaixada, com a cabeça apoiada no peito nu dele, o braço dele estava descansando ao redor dela, como se quase dois anos de dor, sofrimento e mentiras não tivesse se passado. Quis fugir dela como se ela fosse brasa e tivesse queimando o peito dele, mas não conseguiu. Se odiou por aquilo, saiu de baixo dela o mais delicado que pôde, deitando ela sobre o colchão. Ao se sentar e colocar os pés no chão, ele coçou os olhos. O que diabos ele estava fazendo ali? Como permitiu que isso acontecesse? Lita! Ele olhou em volta procurando o celular. Calçou os sapatos e se levantou, encontrou sua camisa, paletó, gravata e calça dobradas sobre a poltrona. Vestiu a calça primeiro, em seguida a camisa e começou a fechar os botões.

– Senti tanta falta disso... – Henry congelou quando fechava o penúltimo botão. Se virou pra Emília, ela havia levantado o tronco e se apoiava com o cotovelo no colchão. A voz rouca e sonolenta que ele amava, bem parecida com a voz manhosa dela após o sexo entre eles. Deus... Como ele sentiu falta.

– Onde está meu celular? – Ele continuou procurando pelo cômodo, sentindo a cabeça latejar a cada passo que ele dava. Emília ignorou a pergunta.

– Não quer voltar pra cama?

– Não! Quero a droga do meu celular. Onde você o colocou? – Emília se levantou e se aproximou dele.

– Eu sei que você sentiu minha falta, Henry. Mas quero que você admita, para que você mesmo entenda, como nós...

– Não existe "nós"! Você garantiu isso com suas mentiras!

– O que eu sinto não é mentira. Nunca foi. – Emília foi até a própria bolsa e pegou o celular de Henry de dentro. Voltou pra perto dele e entregou o aparelho. Henry conferiu a hora. 3hs da madrugada. Ele bufou. – Agora é sua vez de não construir uma vida em cima de mentiras, Henry.

– Eu não menti pra ninguém. – Ele disse confuso com as palavras dela.

– Agora você vai começar a mentir. Se continuar ao lado dela, sabendo que é a mim que você ama. – Emília esticou os pés beijou ele na boca. 

Henry cambaleou pra trás e saiu apressado daquele quarto. Tomou um táxi e foi direto pra seu hotel. Sentiu uma pressão enorme no peito quando viu a quantidade de ligações rejeitadas. Emília havia rejeitado cada uma das ligações de Lita. O que mais ela fez? Conferiu o celular enquanto o táxi avançava. Viu que ela mandou todas as fotos deles para o número dela. Bufou de ódio e foi até a galeria pra apagar todas as fotos de Louisa. Selecionou tudo e por fim deletou. Segundos depois foi na lixeira e recuperou os arquivos. Fechou os olhos sentindo ser o homem mais tolo do universo. Jogou a cabeça no encosto do táxi e fechou os olhos.

Henry encontrou Lita dormindo na cama, ao seu lado uma garrafa de vinho vazia sobre o criado mudo. Se sentiu fisicamente mal por deixa-la só numa noite tão importante pra ela. Ficou ainda pior quando pensou no motivo disto. Emília... Louisa... Tanto faz. O estrago que ela causava na sua vida, parece não ter fim. O que diabos ele ia fazer agora? Coçou a cabeça e sentou-se na beira da cama. Não dava pra seguir em frente sabendo que ela estava ali... Ao alcance de suas mãos... Não! Ela era uma mentirosa vingativa que não se importou em destruir tudo que eles tinham por nada. Seja como for, ele jamais seria o mesmo de agora em diante e lamentava profundamente por isso.

Nothing Lasts ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora