25. Visita na Madrugada

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A culpa estava tragando Henry como se ele fosse um cigarro. Consumindo-o, queimando-lhe a pele do corpo inteiro. Sentiu vontade de tomar banho para conter a ardência, invés disso, escorregou no chão do banheiro e ficou sentado lá achando que deveria sim sentir o que ele estava sentindo, como forma de punição. 

No que ele estava se transformando afinal de contas? Numa daquelas pessoas que não respeitam o casamento, o tipo de pessoa que ele sempre criticou, já que ele se julgava incapaz de adultério. Foi por isso que ele casou com Louisa, porque quando a conheceu, ele simplesmente soube que jamais iria querer outra mulher na vida. Com Lita não foi diferente, ele a quis. Se imaginou vivendo o resta da vida com ela. Isso não seria um sacrifício, seria o maior prazer da vida dele. Foi ela que o fez despertar do estado semi catatônico em que se encontrava. 

Quando perdeu Louisa, ele tinha certeza que jamais voltaria a querer ninguém. Nem por companhia, nem pra ter filhos ou mesmo pra ter sexo. Era como se Louisa houvesse levado consigo a luz o que fazia desejar essas coisas. Lita surgiu e o fez entender que ele não estava morto por dentro. Apenas aguardando a pessoa certa para lhe despertar de novo e fazer ele querer ter uma vida novamente. Agora lá estava ele "compensando-a" com adultério. Isso o fez se sentir triste e cansado. Ele sabia que se não fosse por Louisa... 

Louisa. Henry interrompeu seus pensamentos quando lembrou que as duas haviam se encontrado no banheiro. Após aquele encontro, Lita ficou mortalmente chateada e o tratou como se ele fosse menos que nada. Havia Louisa dito algo para Lita? Ela teria dado algum detalhe do que aconteceu entre eles? Louisa era capaz disso e ele sabia. Ele esticou o braço e alcançou um rolo de papel higiênico, enrolou a calcinha de Louisa cuidadosamente. Levantou-se do chão, se recompôs como pôde, guardando o pau dentro das calças, lavou as mãos, jogou água no rosto e saiu do banheiro. Ele pretendia resolver isso de uma vez por todas agora. Colocou a calcinha enrolada em papel no bolso, pegou as chaves do carro e seguiu para a garagem. Antes de alcançar seu carro, jogou a calcinha numa lixeira comum do prédio, não quis arriscar jogar no lixo de casa. Ele queria poupar Lita e ele mesmo desse constrangimento. 

Dirigiu pela madrugada até a casa de Emília. Estacionou um pouco distante da casa dela e observou a casa. Totalmente escura e silenciosa. Ela ainda não havia chegado da festa ou já estava dormindo? Ainda era 1 da manhã ele, Lita e Eva que saíram da festa muito cedo. Provavelmente ela ainda não havia chegado. Ele não queria perguntar nada a ela, então apagou todas as luzes do carro e ficou esperando. 

Vinte minutos mais tarde, o carro que a levou a festa se aproximou da entrada da sua casa. Emília saltou de lá com Jason logo atrás dela. Novamente Henry sentiu ferver o sangue em suas veias. Aquele homem pretendia entrar com ela em sua casa?? De madrugada?? Mas o carro conduzido por um motorista não seguiu viagem, continuou esperando na rua com as luzes acesas. Significa que ele ia embora logo, certo? Ele estava apenas acompanhando ela até a entrada, não é?? Emília abriu a porta da casa e se virou para Jason, recebeu um beijo no topo da cabeça e o homem se afastou, voltando para o carro. Henry suspirou aliviado. 

Emília acenou sorrindo na direção do carro mais uma vez e o viu se afastar, então ela entrou em casa. Henry acompanhou quando ela ligou as luzes da sala e mais luzes se acenderam no térreo. Henry ficou imaginando se era realmente uma boa ideia confrontá-la na madrugada. Enquanto decidia se deveria dar o fora dali, um outro carro se aproximou da casa de Emília, menos de 5 minutos após ela ter chegado. 

Henry franziu a testa e olhou atentamente para o veículo, um sedan bem comum. Um homem vestido numa jaqueta de couro saltou de lá. A medida que ele se aproximava da entrada, Kal começou a denunciar sua presença latindo alto sem parar. O homem não tocou a companhia, ficou próxima a soleira da porta. A luz externa se acendeu, iluminando a pequena varanda. Henry pôde ver melhor o rosto do homem por causa da claridade. Ele parecia ter passado dos cinquenta anos, pelo menos no rosto. O corpo era um tanto atlético, o que podia indicar que ele poderia ser mais novo do que aparentava. 

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