Nothing Lasts Forever

35. Dose de Sensatez

Lita estava deitada na cama do casal, apesar do corpo está completamente relaxado ela não dormia. Ao contrário de Henry que estava deitado nu ao seu lado dormindo pesadamente. Ficou pensando na situação em que se encontrava naquele momento e percebeu que seu marido ainda era capaz de lhe proporcionar prazer, mas isso não era o bastante. Prazer nenhum lhe seguraria naquele casamento. Para fazer o casamento dar certo, Lita precisava que Henry voltasse a ser quem ele era antes de Emília voltar pra vida dele. O que parecia cada vez mais impossível, principalmente se Emília estivesse esperando um bebê. Lita levantou da cama e se vestiu. Ela precisava falar com alguém com um mínimo de sensatez. 

Minutos depois ela estava tocando na porta de Eva. Sua cunhada lhe recebeu elegante como sempre, vestida totalmente de preto como sempre, bebendo um vinho caro como sempre. Lita notou uma mala enorme no canto da sala. Eva estava servindo uma segunda taça e trouxe para Lita. As duas se sentaram no sofá. Lita bebeu um gole do vinho antes de falar.

– Você vai viajar? – Ela apontou com a cabeça para a mala.

– Sim. De volta a Londres. – Eva disse com um sorriso.

– Henry sabe disso? Ele não comentou nada. – Só depois que perguntou, que Lita percebeu que ela e o marido não haviam feito nada além de brigar e transar. A oportunidade de falar sobre Eva, não teve espaço nessas duas ocasiões.

– Ele vai acabar descobrindo. – Lita fez uma interrogação com o rosto e Eva continuou. – Eu não disse a ele e nem vou dizer.

– Vocês brigaram?

– Não... Apenas... Fiquei tempo de mais aqui. Todo esse sol... Me envelhece. – Lita fez um ar de riso.

– Não acredito que seja o único motivo.

– Meus motivos pra ir, não importam realmente. O que me intriga aqui são os seus motivos pra ficar. – Outch! Eva como sempre sabia atingir no nervo. Lita não respondeu, pois não sabia o que dizer. Eva continuou. – Você deveria conversar a sério com meu irmão. – Eva não queria ser ela a pessoa que diria a Lita que Emília está grávida de Henry. Mas Lita precisava saber.

– Você está falando da gravidez da Emília? – Lita perguntou, deixando Eva completamente surpresa.

– Então você sabe?! – Lita confirmou com a cabeça. – Agora sim eu quero muito saber. O que você faz ainda com meu irmão?!

– Sou casada com ele. Além do mais... Eu amo seu irmão.

– Mais do que a si mesma?! Não seja ridícula. – Eva não se importou de ser um pouco rude com a cunhada. Depois do que acabara de ouvir, Eva desconfiou que não poderia ferir os sentimentos de Lita, já que aparentemente ela não tinha nenhum por si mesma. Lita pareceu constrangida e desconfortável.

– Não está sendo fácil pra mim... – Disse por fim com vontade de chorar.

– Vocês dois estão levando esse casamento para o buraco. Qual motivo de insistir nisso? Você não tem problemas em se envolver com outro homem... – Lita desviou dos olhos de Eva. – É por causa dela? Da Emília? Não quer que ela consiga o que quer?

– Não é isso. Não quero essa rivalidade... Estar numa disputa com outra mulher por um homem é patético.

– Além de patético, é inútil. – Decretou com segurança. – A Emília já venceu. Ela dobra o meu irmão e o coloca no bolso com imensa facilidade. Não adianta bater de frente com ela. Eu já tentei.

– Por que ele não me dar divórcio então? Se ele a ama tanto e ela espera um filho dele, por que não ficam juntos logo de uma vez?! – Lita disse sentindo raiva novamente.

– Porque o Henry no fundo sabe que a Emília não presta. E claro... Ele gosta de você também.

– Não é o suficiente...

– Você está sendo tola e sabe disso. O que você pretende afinal de contas? Trair ele toda vez que ele trair você? Isso é desrespeitoso. – Eva falou com desdém. Apesar de levar uma vida liberal, Eva era bastante tradicional a respeito de casamentos. Por isso ela nunca havia se casado, não se imaginava transando com uma só pessoa o resto da vida.

– Eu não quero isso. Eu quero dar uma chance pra ele, para o nosso casamento... Ele garantiu que Emília só quer um bebê.

– Você acreditou? O que você acha que ela fará quando quiser um segundo filho? Eu aposto que ela vai bater na sua porta em Londres. O que você vai fazer? Oferecer uma xícara de chá enquanto esperam juntas Henry chegar do trabalho para engravida-la? – Lita se sentiu enjoada, quis pedir para Eva parar de ser cruel. – É isso que as pessoas fazem quando conseguem o que querem. Logo começam a desejar algo ainda mais difícil.

– Você acha que ele faria isso comigo? – Lita perguntou demonstrando toda tristeza e insegurança no olhar.

– Talvez. Não por ele ser um cafajeste degenerado. E sim por causa dela. Ninguém vai me tirar da cabeça que ela o manipula. Ela orquestra os sentimentos dele, molda tudo a seu próprio gosto. Eu nunca entendi o motivo dele ser assim com ela. Mas ele simplesmente é.

– É por isso que vim até aqui. Eu pensei nisso tudo... Você conhece Emília melhor do que eu... Você acredita nessa história de gravidez? Ou acha que ela está manipulando ele?

– Ela é capaz disso? Certamente é. Não duvido dos seus truques sujos. Mas tenho a impressão que é real.

– Eu sei que deveria ir embora. Mas eu quero ficar. Com ele, quero dizer.

– E quanto ao Ben? – Eva perguntou com um interesse renovado no olhar. Lita prendeu o fôlego por alguns segundos. Se ela queria dar uma chance ao seu casamento, ela não poderia alimentar o que estava florescendo por Ben. Ela precisava acabar com aquilo.

– Eu não... Não vou continuar com isso. – Eva pareceu desapontada, mas não disse nada. Apenas acenou com a cabeça. – Eu tenho que ir. Também tenho malas para arrumar. – Lita disse se levantando depois de deixar a taça na mesa de centro da cunhada. Eva a acompanhou com o olhar enquanto Lita se dirigia a porta. Eva riu e terminou de esvaziar sua taça. Ela não acreditou em Lita.

Lita atravessou a sala, quando foi chamada por Henry. Ele estava de cueca com a cara amassada sentado na sala de jantar.

– Lita? Eu pedi o jantar... – Ou era almoço? Ele se perdeu na hora, mas achou que o dia estava acabando.

– Não tenho fome. – Ela disse e subiu até o closet. Reiniciou o processo de arrumar suas malas. Ela não ia parar sua vida por causa dos erros de Henry. Ela tinha uma coleção inteira para pintar e esperava que Nova York lhe inspirasse o suficiente para isso.

Henry jantou sozinho, lavou a louça e subiu para o quarto. Tomou um susto quando viu duas malas de Lita já prontas próximas a porta. Ele foi até o closet, ela estava terminando uma terceira mala.

– O que é isso? – Ele perguntou temendo ouvir a resposta.

– Tem trabalho me esperando em Nova York. Eu não fico nenhum segundo a mais aqui na Califórnia. Se você quiser ficar, fique a vontade. Mas deixe o divórcio assinado. – Henry engoliu em seco, olhando sua esposa arrumando a mala com a tranquilidade de quem estava segura do que estava fazendo. Ele foi até o fundo do closet, puxou sua mala do fundo do armário e começou a empacotar suas roupas em silêncio.